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Joias da poesia contemporânea
Ano 4 - N° 186 - 28 de Novembro de 2010
 
 

A crucificação 

Olavo Bilac

 

Fita o Mestre, da cruz, a multidão fremente,

A negra multidão de seres que ainda ama.

Sobre tudo se estende o raio dessa chama,

Que lhe mana da luz do olhar clarividente.

 

Gritos e altercações! Jesus, amargamente,

Contempla a vastidão celeste que o reclama;

Sob os gládios da dor aspérrima, derrama

As lágrimas de fel do pranto mais ardente.

 

Soluça no silêncio. Alma doce e submissa,

E, em vez de suplicar a Deus para a injustiça

O fogo destruidor em tormentos que arrasem,

 

Lança os marcos da luz na noite primitiva,

E clama para os Céus em prece compassiva:

“Perdoai-lhes, meu Pai, não sabem o que fazem!...“

 

 
 

O poeta Olavo Bilac, natural do Rio de Janeiro, nasceu em 16 de dezembro de 1865 e aí faleceu em 1918. Con­siderado, ao seu tempo, o Príncipe dos Poetas Brasileiros, foi sócio fundador da Academia Brasileira de Letras. O soneto acima integra o Parnaso de Além-Túmulo, obra psicografada pelo médium Chico Xavier.
 


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita