ANGÉLICA
REIS
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Londrina, Paraná
(Brasil)
|
Socialismo e Espiritismo
Léon Denis
(Parte
4)
Continuamos a apresentar o
estudo do clássico
Socialismo e Espiritismo,
de Léon Denis, com base
na tradução
de
Wallace Leal V.
Rodrigues, publicada
pela Casa Editora O
Clarim.
Questões preliminares
A. Qual é a finalidade
da vida? |
A finalidade da vida não
é a procura da
felicidade, como muitos
pensam, mas o
aperfeiçoamento e a
depuração do ser, que
deve sair da existência
melhor do que nela
entrou. E os meios de
realização disso são o
trabalho, o estudo, o
esforço constante para o
bem.
(Socialismo e
Espiritismo, pp. 64 e
65.)
B. A partir de que ponto
deve começar a reforma
social?
Para ser mais segura e
mais prática, a reforma
social deve começar pela
reforma do homem em si
mesmo. Se cada um se
impusesse uma disciplina
intelectual, uma regra
capaz de asfixiar, de
destruir um fundo de
egoísmo e brutalidade
que nos foram legados
pelas idades, e toda a
bagagem mórbida que
trazemos ao nascer, e
que é a herança de
nossas vidas passadas, a
evolução do meio social
seria mais rápida.
(Obra citada, pp. 65 e
66.)
C. É certo dizer que
somos construtores do
nosso próprio destino?
Sim. Segundo Léon Denis,
construímos nós mesmos o
nosso destino; e nossos
atos, bons e maus,
recaem sobre nós através
dos tempos, com as suas
consequências.
(Obra citada, pág. 70.)
Texto para leitura
37. O ensino moral deve
mostrar a todos a
finalidade da vida, que
não é a procura da
felicidade, como muitos
pensam, mas o
aperfeiçoamento e a
depuração do ser, que
deve sair da existência
melhor do que nela
entrou. Os meios de
realização são o
trabalho, o estudo, o
esforço constante para o
bem. (Págs. 64 e 65)
38. A reforma social
deveria, pois, para ser
mais segura e mais
prática, começar pela
reforma do homem em si
mesmo. Se cada um se
impusesse uma disciplina
intelectual, uma regra
capaz de asfixiar, de
destruir um fundo de
egoísmo e brutalidade
que nos foram legados
pelas idades, e toda a
bagagem mórbida que
trazemos ao nascer, e
que é a herança de
nossas vidas passadas, a
evolução do meio social
seria mais rápida.
(Págs. 65 e 66)
39. A felicidade não
está fora de nós, mas
antes em nossa maneira
de julgar as coisas. A
tarefa mais urgente,
mais necessária para
cada um de nós, seria a
de trabalhar na cultura
do “Eu”, na reforma do
caráter, de maneira a
servir de exemplo
àqueles que nos cercam e
à sociedade inteira.
(Pág. 66)
40. Não sendo o estado
social, em seu conjunto,
senão o resultado dos
valores individuais,
importa antes de tudo
obstinar-nos nessa luta
contra nossos defeitos,
nossas paixões, nossos
interesses egoístas.
Enquanto não tivermos
vencido o ódio, a
inveja, a ignorância,
não se poderá
estabelecer a paz, a
fraternidade, a justiça
entre os homens, e a
solução dos problemas
sociais permanecerá
incerta e precária.
(Págs. 66 e 67)
41. As leis de um povo
são a reprodução, a
imagem fiel de seu
estado de espírito e de
consciência e demonstram
o grau de civilização ao
qual chegou. Em todas as
tentativas de reforma
social, é preciso falar
ao coração do povo ao
mesmo tempo que à sua
inteligência e razão. A
sociedade é um
agrupamento de almas;
para melhorar o todo, é
preciso melhorar cada
célula social, isto é,
cada indivíduo. (Pág.
67)
42. Para isso, o mais
essencial seria dar ao
povo uma nova educação,
baseada sobre uma
doutrina espiritualista
vasta e racional. Cabe à
escola inculcar na
juventude os princípios
regeneradores, pois não
se forma uma sociedade
sem todas as suas peças,
e é preciso começar na
infância a preparar a
obra do século. Faz-se
necessário uma concepção
simples, nítida, clara
da vida e do destino.
Para coroar a educação
popular é necessário uma
alta moral desprendida
de preconceitos, de
seitas e de castas,
impregnada de piedade
humana, de piedade para
com tudo e com todos,
homens e animais.
(Pág. 68)
43. A inveja, o ciúme
engendraram o ódio entre
as classes pobres. É
preciso anular o ódio do
coração humano, pois com
ele não há paz,
harmonia, felicidade
possíveis. O ódio não
pode ser vencido pelo
ódio, mas sim pela
bondade, pela
benevolência, pela
tolerância. A nova
educação deverá insistir
também sobre a noção das
vidas sucessivas, porque
enquanto essa grande
doutrina não vier
esclarecer o caminho do
homem na Terra a
incerteza persistirá,
gerando os tateamentos,
os erros e todos os
males que decorrem da
ignorância. (Págs. 68
e 69)
44. Compreenderemos
então que construímos,
nós mesmos, o nosso
destino e que nossos
atos, bons e maus,
recaem sobre nós através
dos tempos, com as suas
consequências. Nossa
maneira de agir e de
viver seria desta forma,
sem qualquer dúvida,
profundamente
modificada. (Pág. 70)
45. Não será, assim,
difícil compreender que
nossas necessidades
intelectuais desbordam
dos limites de nossa
vida e que nossas
aspirações e tendências
ultrapassam o quadro
estreito da existência
atual. Compreendamos que
tudo no Universo:
justiça, verdade, moral,
se combina e se funde em
um princípio único que é
a lei viva do Universo
identificada em Deus.
Apenas quando o homem
gravou essa lei em sua
consciência e dela fez o
móvel de suas ações é
que entra ele em
comunhão divina e goza
as alegrias espirituais
que dela decorrem. Esse
fim, esse resultado é
certamente longínquo e
difícil de ser realizado
plenamente na Terra.
Entretanto, todas as
grandes obras nele se
inspiram. Os socialistas
devem, pois, adotá-la
acima de tudo e fazer
dela a regra de seu
trabalho, a base de suas
organizações. (Pág.
71)
46. Com efeito, como se
poderia vencer o mal, o
erro, a injustiça no
mundo se não se começar
a vencê-los em cada ser
em particular? Esta
luta, entre todas, é
meritória e fecunda,
porquanto a cada passo à
frente, a cada conquista
sobre suas paixões, o
homem sente se
acrescerem suas forças
radiantes e a influência
benévola que ela exerce
em seus semelhantes. Ele
aprenderá então, pouco a
pouco, a unir seus
esforços aos do mundo
invisível para a
realização da obra
comum: o aperfeiçoamento
social. (Págs. 71 e
72)
47. O Socialismo teria
assim, deste ponto
vista, um grande papel a
desempenhar, que seria o
de fazer penetrar na
alma do povo o culto da
beleza intelectual e
moral, sob formas
simples, porém capazes
de reagir contra esses
prazeres malsãos em que
o espírito se corrompe,
em que o gosto se
perverte. Elevar o
pensamento para o ideal
onde converge toda a
evolução universal, para
as alturas onde irradiam
a luz, a verdade, a
bondade – eis o seu
papel, pois não basta
assegurar o bem-estar
material, é preciso
também dar ao homem a
força moral que o
sustente nas provas, nos
reveses, nas moléstias,
como diante da morte
daquele que ele amou.
(Pág. 72)
(Continua no próximo
número.)