ANGÉLICA
REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
|
Socialismo e Espiritismo
Léon Denis
(Parte
6)
Continuamos a apresentar o
estudo do clássico
Socialismo e Espiritismo,
de Léon Denis, com base
na tradução
de
Wallace Leal V.
Rodrigues, publicada
pela Casa Editora O
Clarim.
Questões preliminares
A. Qual foi a crítica de
Lucien Desliniéres ao
marxismo? |
Conhecido por seus
antecedentes
socialistas, ele
escreveu um livro
intitulado
“Livrai-nos do marxismo”,
em que afirma que antes
de Karl Marx o
Socialismo era
profundamente simpático,
mas, graças a ele, era
agora execrado. “A luta
de classes é uma tática
perniciosa que desviava
do Socialismo aqueles
que seriam seus melhores
elementos, sem lhe
conceder a mínima
força”, disse o
mencionado escritor. “A
classe operária sozinha
é incapaz de transformar
a sociedade e dirigir o
mundo novo. É o marxismo
o responsável pelo
malogro econômico da
Revolução Russa.” A
crítica recebeu o apoio
de Léon Denis, que
lembrou que, ao invés de
atiçar as más paixões e
impelir as pessoas à
luta de classes, devemos
todos aprender a grande
lei que regula o destino
dos indivíduos e dos
povos e faz tombar sobre
eles as consequências
das ações cometidas.
Temos todos necessidade
uns dos outros. Toda
demarcação entre os
diferentes meios sociais
é arbitrária. Entre os
burgueses muitos
trabalham tanto quanto
os operários. O homem
que possui um capital e
o faz produzir, pode
parecer desocupado, mas
presta serviço ao seu
país, porque seu
capital, frutificando,
permite-lhe empreender
obras novas.
(Socialismo e
Espiritismo, pp. 90 a
94.)
B. Como devemos entender
o trabalho?
O trabalho é um dever
social para todos os
seres em vista da
evolução, que não se
acomoda na beatitude
ociosa nem na
passividade, porquanto a
atividade do ser se
acresce na medida de sua
elevação. Todos devem
participar da obra
social, seja intelectual
seja materialmente. Em
nosso planeta inferior,
tudo tem necessidade de
esforço. As pretensões
do Socialismo de dar a
supremacia ao trabalho
manual sobre a
inteligência leva
fatalmente ao
enfraquecimento desta.
Disto resulta uma
regressão geral, uma
contradição das leis e
das finalidades do
Universo, que, ao
contrário, concedem a
supremacia ao espírito
sobre a matéria. É por
isso que o verdadeiro
ponto de partida dos
socialistas deveria ser
a educação, o ensino.
Realizando-se o
progresso intelectual e
moral, o progresso
material seria
inelutável consequência.
(Obra citada, pp. 94 e
95.)
C. Que é preciso fazer
se quisermos um futuro
melhor?
Em primeiro lugar, diz
Léon Denis, é preciso
entender que no
Socialismo, como na
política, os homens têm
o que merecem; suas
obras sociais estão
sempre relacionadas com
o estado de
aperfeiçoamento que
puderam atingir. Se
quisermos preparar um
futuro melhor, comecemos
por instruir o homem,
para torná-lo mais
sábio, mais esclarecido,
mais senhor de si e de
suas paixões. O ódio não
pode fundar nada de
fecundo, de duradouro.
(Obra citada, pp. 97 e
98.)
Texto para leitura
59. O que caracterizava
o movimento socialista
oriental era a absoluta
ausência de uma
filosofia
verdadeiramente
humanitária e
conciliatória, e as
consequências funestas
desse despojamento
surgia a todos os olhos
não preconcebidos. A
Rússia oferecia, deste
ponto de vista, uma
lição dolorosa. Quanto à
Alemanha, nada havia a
elogiar quanto às ideias
que dali há mais de um
século vinham. O
Socialismo de Karl Marx
– homem ácido e odioso –
tinha por objetivo
principal a luta de
classes e era
desprovido, como o
materialismo grosseiro
de Buchner e Moleschott,
de generosidade e de
grandeza. (Págs. 89 e
90)
60. Lucien Desliniéres,
conhecido por seus
antecedentes
socialistas, escreveu um
livro intitulado
“Livrai-nos do marxismo”,
em que afirma que antes
de Karl Marx o
Socialismo era
profundamente simpático,
mas, graças a ele, era
agora execrado. “A luta
de classes é uma tática
perniciosa que desviava
do Socialismo aqueles
que seriam seus melhores
elementos, sem lhe
conceder a mínima
força”, disse o
mencionado escritor. “A
classe operária sozinha
é incapaz de transformar
a sociedade e dirigir o
mundo novo. É o marxismo
o responsável pelo
malogro econômico da
Revolução Russa.”
(Págs. 90 e 91)
61. Examinando o
assunto, Léon Denis é
muito claro: ao invés de
atiçar as más paixões e
impelir as pessoas à
luta de classes, devemos
todos aprender a grande
lei que regula o destino
dos indivíduos e dos
povos e faz tombar sobre
eles as consequências
das ações cometidas.
Temos todos necessidade
uns dos outros. Toda
demarcação entre os
diferentes meios sociais
é arbitrária. Entre os
“burgueses” muitos
trabalham tanto quanto
os operários. O homem
que possui um capital e
o faz produzir, pode
parecer desocupado, mas
presta serviço ao seu
país, porque seu
capital, frutificando,
permite-lhe empreender
obras novas. (Págs.
93 e 94)
62. O trabalho é um
dever social para todos
os seres em vista da
evolução, que não se
acomoda na beatitude
ociosa nem na
passividade, porquanto a
atividade do ser se
acresce na medida de sua
elevação. Todos devem
participar da obra
social, seja intelectual
seja materialmente. Em
nosso planeta inferior,
tudo tem necessidade de
esforço. As pretensões
recentes do Socialismo
de dar a supremacia ao
trabalho manual sobre a
inteligência leva
fatalmente ao
enfraquecimento desta.
Disto resulta uma
regressão geral, uma
contradição das leis e
das finalidades do
Universo, que, ao
contrário, concedem a
supremacia ao espírito
sobre a matéria. É por
isso que o verdadeiro
ponto de partida dos
socialistas deveria ser
a educação, o ensino.
Realizando-se o
progresso intelectual e
moral, o progresso
material seria
inelutável consequência.
(Págs. 94 e 95)
63. Para resolver o
problema social os
teóricos, como já vimos,
propõem diversos
sistemas: coletivismo,
estatismo, comunismo
etc. Mas, acima de todos
os sistemas surge uma
questão: para melhorar a
sorte das pessoas, para
pôr fim aos abusos, para
deter a exploração do
homem pelo homem será
preciso recorrer a
instituições, a
regulamentos, a leis?
(Pág. 97)
64. Em primeiro lugar é
preciso entender que no
Socialismo, como na
política, os homens têm
o que merecem; suas
obras sociais estão
sempre relacionadas com
o estado de
aperfeiçoamento que
puderam atingir. Se
quisermos preparar um
futuro melhor, comecemos
por instruir o homem,
para torná-lo mais
sábio, mais esclarecido,
mais senhor de si e de
suas paixões. O ódio não
pode fundar nada de
fecundo, de duradouro. O
que todas as vantagens
materiais, a
participação nos
benefícios, os altos
salários não puderam
realizar, uma grande
doutrina, simples,
consoladora e
pacificadora, poderá
fazê-lo. (Págs. 97 e
98)
65. As reivindicações
socialistas falaram
abundantemente ao
operário quanto aos seus
direitos, mas nunca
quanto aos seus deveres.
Negligenciaram o cultivo
das suas qualidades
morais e o
desenvolvimento nele do
espírito da ordem, da
sabedoria, da
previdência, e qual foi
o resultado? O povo viu
aumentar seu bem-estar
físico, mas não é mais
feliz: tornou-se mais
exigente, mais
descontente, menos
consciencioso. E, no
entanto, para mudar tudo
isto, bastaria inculcar
em todos o amor pelo
trabalho e a confiança
na vida, que não são
mais, em realidade, que
a elevação lenta e
gradual para a luz, para
a perfeição. (Págs.
98 e 99)
66. Não se pode ignorar
que não há outro direito
senão aquele que resulta
dos méritos adquiridos,
dos serviços prestados,
de uma participação
eficaz na obra de
civilização e de
progresso. Todo direito
adquirido comporta uma
série de deveres
correspondentes. A
liberdade é proporcional
ao grau evolutivo do ser
e cresce na medida de
sua ascensão na escala
infinita das existências
e dos mundos. Não há
nada maior ou mais nobre
na destinação humana: a
conquista da liberdade
por esforços constantes
para o bem, o
franqueamento gradual
das baixas servidões, a
educação, o
aperfeiçoamento da alma
através das vidas
sucessivas. (Pág. 99)
67. Para que reine a
ordem social, o
Socialismo, o
Espiritismo e o
Cristianismo devem,
portanto, dar-se a mão.
Há um interesse capital
em congraçar essas três
ordens de ideias. Do
Espiritismo pode nascer
o Socialismo idealista.
O ser deve se
aperfeiçoar
desenvolvendo suas
qualidades inatas e
apagando os estigmas de
suas vidas anteriores. O
Socialismo não é, em
realidade, senão a
aproximação dos fluidos
de uma mesma natureza,
sua fusão e sua harmonia
na vida humana, segundo
o grau atingido no curso
das existências
percorridas. O
conhecimento das leis
espirituais é, pois,
indispensável para
estabelecer a verdadeira
natureza do ser e sua
possível adaptação aos
diferentes meios
sociais. É preciso que
cada ser, possuindo uma
força irradiante, um
poder atrativo, o
transfira, por via de
vibrações, àqueles em
que o mesmo fluido
circula mais fracamente.
Isto seria o verdadeiro
comunismo. “O objetivo
essencial – diz Denis –
é obter uma correlação
direta entre os pontos
de vista moral, fluídico
e material.” (Pág.
100)
68. Os grandes
missionários espirituais
foram, a títulos
diversos, grandes
socialistas. O
Socialismo é a elevação
da coletividade na ordem
física e moral, e esta
melhoria deve ser
regulamentada pela
justiça e a razão. Eis
por que é preciso chegar
a uma fusão integral,
por mudanças de força
suscetíveis de paralisar
as paixões e os
caprichos que subsistem
em nós. Não sendo a vida
atual mais que um estado
transitório, nenhum dos
problemas que a ela se
relacionam pode ser
logicamente resolvido,
se negligenciamos levar
em conta tudo o que a
condiciona ao passado e
o objetivo a atingir no
futuro. (Págs. 100 e
101)
69. Antes de tudo,
convém desenvolver o
sentido moral, ou seja,
o sentido elevado da
vida, seus deveres e
suas responsabilidades,
na criança e no adulto,
gravando profundamente
no pensamento e no
coração do ser humano a
lei que rege as
consequências dos atos
que praticamos ao longo
de nossas existências.
(Pág. 101)
(Continua no próximo
número.)