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Crônicas e Artigos

Ano 4 - N° 190 - 2 de Janeiro de 2011

WELLINGTON BALBO
wellington_balbo@hotmail.com
Bauru, São Paulo (Brasil)


Assalto aos cofres públicos


 
Mêncio (371 a . C – 289 a . C) , grande filósofo chinês, considerado o segundo sábio (o primeiro fora Confúcio que vivera 200 anos antes), afirmava que um governante deve comandar seu povo pelo exemplo moral.

Apregoava em alto e bom som que o governo deve oferecer ao povo orientação moral e condições básicas para uma vida com dignidade.

Cuidar dos recursos naturais, prover os incapazes, auxiliar os idosos, preocupar-se com o cidadão...

Para Mêncio, verdadeiro  líder é aquele que se preciso for sacrifica seus desejos individuais em prol do bem coletivo.

As palavras de Mêncio são atualíssimas e podemos aplicá-las ao nosso país. Vejamos, pois, alguns questionamentos:

Será que nossos governantes oferecem orientação moral ao povo? Será que proporcionam uma vida digna ao cidadão? O Bolsa Família é o melhor caminho para promover o indivíduo? Será que nossos deputados e senadores auxiliam os idosos? Será que cuidam dos recursos naturais? Será que nossos governantes preocupam-se com o cidadão? Ou será que o único cidadão que eles se preocupam são seus aliados políticos e familiares? Será que eles são líderes capazes de sacrificar seus desejos em benefício do interesse coletivo?

São muitas indagações que já sabemos as respostas. Provavelmente nenhum de nossos deputados e senadores observaram as frases do sábio chinês, porquanto nos derradeiros dias deste 2010, como é da ciência de todos, eles literalmente assaltaram os cofres públicos ao concederem um aumento de 60% aos próprios salários.

E em face do quadro desolador que se apresenta à sociedade torna-se ociosa qualquer discussão sobre reforma política, tributária ou qualquer outra reforma enquanto não fizermos a mais urgente delas, a única capaz de colocar nosso país de fato no trilho do desenvolvimento: a reforma moral.

Dirão os especialistas no assunto que este é um raciocínio simplista, sem qualquer base científica. Porém, se mergulharmos fundo nessa questão, veremos que por trás de todos  os problemas que enfrentamos há o agente causador chamado egoísmo,  e que só será extirpado com a reforma moral.

É muito simples: tire o egoísmo das ações humanas e veremos o progresso não apenas de uma minoria, mas de todos. Sim, é o egoísmo que faz com que o homem público preocupe-se com o aumento abusivo de seu salário; é o egoísmo que faz os deputados e senadores assaltarem legalmente os cofres públicos; é o egoísmo que não oferece orientação adequada ao próximo; é o egoísmo que desdenha da saúde e ceifa a vida de milhões de brasileiros que viveriam mais e melhor se tivessem acesso a um tratamento adequado e digno.

A reforma moral é, pois, a mãe de todas as outras reformas; sem a reforma moral qualquer tentativa de modificar os padrões vigentes não obterá sucesso. Sem reforma moral todos agirão em causa própria aumentando abusivamente os salários, desviando verbas, prejudicando o outro, desdenhando da educação.  É um panorama que só será mudado com a mais eficaz de todas as reformas: a reforma moral! Urge então realizá-la ou corremos o risco de vermos outros países avançar enquanto nos tornamos motivo de chacota para o mundo, que gargalhará de nossas lamentáveis mazelas morais.



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita