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1860–2010:
Sesquicentenário
da Revue
Spirite de
1860
Oportunamente
escrevemos que
no período
2008-2019
teríamos a
bênção de
comemorar, em
todos esses anos
(1), os
Sesquicentenários
de lançamento de
cada um dos 12
extraordinários
volumes da
Revue Spirite
– Journal d’Études
Psychologiques,
publicados e
dirigidos com
muita sabedoria
por Allan Kardec
(de 1858 a
1869), levando
em conta que os
contextos
históricos de
cada um desses
anos são
diferentes.
Conforme nossas
pesquisas, que
foram resumidas
no presente
artigo e
extraídas da
nossa tradução
(2), do francês
ao espanhol, da
Revista
Espírita de 1860,
abordamos desta
vez o contexto
geral do
referido Ano de
1860, assim como
já o fizemos com
a Revista de
1858 (3) e
com a Revista
de 1859 (1).
Com a publicação
da Revue
Spirite de 1860
começa o 3º ano
de sucesso
espiritual de
circulação
nacional e
internacional
desta pérola da
literatura e do
jornalismo
espiritistas,
onde o seu
insigne Autor
continua
registrando para
os Anais do
Espiritismo, com
a sua lucidez,
critério e
sensatez
habituais, os
diversos fatos
acontecidos por
então e o estado
geral do
Espiritismo no
citado ano (ver
RE jan.
1860–I:
O Espiritismo em
1860,
páginas 1 a 6).
O Magnetismo
entra na
Academia
Um dos grandes
fatos ocorridos
em 1860 foi a
entrada do
Magnetismo na
Academia de
Ciências com o
nome de
Hipnotismo (RE
jan. 1860–II:
O Magnetismo
perante a
Academia,
pp. 6-11),
graças, entre
outros, ao
doutor francês
Pierre-Paul
Broca
(1824-1880), que
experimentou e
popularizou na
Universidade tal
descoberta do
Dr. James Braid
(1795-1860) para
fins
terapêuticos,
sendo este o
neurocirurgião
escocês que
cunhou os termos
hipnose,
Hipnotismo,
hipnotizador
e hipnotizar.
Segundo Kardec,
o Espiritismo e
o Magnetismo
possuem
estreitas
relações.
Artigos da
Revista na
Codificação
Pela sua
relevância
histórica
citamos, a
seguir, alguns
dos artigos da
Revista
que têm servido
de base a
diversos
capítulos e
evocações de
O Céu e o
Inferno
(lançado em
01/08/1865),
matérias que
anos antes foram
preparadas,
primeiramente,
no grande
laboratório
doutrinário da
Revista
Espírita
– RE
(Edições CEI).
Alguns desses
artigos são os
seguintes:
RE fev. 1860–V:
História de um
condenado,
pp. 51-60 (são
nada menos que
126 perguntas e
respostas
desenvolvidas
durante 10
sessões),
matéria muito
emotiva,
publicada bem
resumidamente no
livro acima
mencionado
(capítulo VI:
Criminosos
arrependidos)
com o nome de
O Espírito de
Castelnaudary;
RE mar. 1860–V a:
Estudos sobre o
Espírito de
pessoas vivas –
O Dr. Vignal,
pp. 81-88,
estudos
importantíssimos
que foram
posteriormente
desdobrados na
RE mai.
1865–III:
Conversas de
Além-Túmulo – O
Dr. Vignal (Sociedade
de Paris, 31
de março de 1865
– Médium: Sr.
Desliens),
pp. 137-140, e
depois novamente
publicados no
referido livro,
com o nome: O
Dr. Vignal
(cap. II:
Espíritos
felizes);
RE ago. 1860–V:
O suicida da Rua
Quincampoix
(Evocado na
Sociedade de
Paris em
1860), pp.
247-248, artigo
comovedor que
posteriormente
mudará de
título, na
mencionada 4ª
Obra da
Codificação, sob
o nome: O pai
e o conscrito
(cap. V:
Suicidas). Aqui
Allan Kardec,
sabiamente,
introduz o
atualíssimo
conceito de
suicídio
indireto ou
inconsciente;
RE fev. 1860–VI
b:
Comunicações
espontâneas – O
tempo presente (Sociedade,
20 de janeiro de
1860), pelo
Espírito
Chateaubriand,
pp. 62-63,
comunicação
histórica que
pouco depois
será transcrita
quase
literalmente em
O Livro
dos Médiuns
(cap. XXXI, item
II), 2ª Obra da
Codificação que
será lançada
logo mais em
15/01/1861, cujo
grande núcleo
foi
desenvolvido,
elaborado e
desdobrado em
1859-1860, como
já demonstramos
e citamos em
nosso artigo
publicado também
neste Jornal.(1)
Edição
definitiva de
O Livro dos
Espíritos em
1860
Na
RE mar.
1860–VIII:
O Livro dos
Espíritos –
Aviso sobre a 2ª
edição, p.
96, acontece o
importantíssimo
registro do
lançamento
da 2ª e
definitiva
edição,
inteiramente
refundida e
consideravelmente
aumentada de
O Livro dos
Espíritos
(Paris, Didier e
Cia., e Ledoyen),
com 1019
questões, como
hoje a
conhecemos, com
um raro Aviso
sobre esta nova
edição,
lançada na
terça-feira,
20/03/1860. A 1ª
edição histórica
havia sido
publicada no
sábado,
18/04/1857, com
501 questões.
Pelo exposto,
temos a certeza
de que estudar
profundamente as
páginas
históricas da
Revista
Espírita
é preparar-se
para compreender
ainda mais todo
o conteúdo da
importante
Codificação
Kardequiana,
base da Doutrina
Espírita. A
leitura e a
vivência,
portanto, dessas
páginas
luminíferas,
contribuirão
sobremaneira no
melhoramento dos
homens, como bem
previa o
eminente
Codificador do
Espiritismo.
Obras queimadas
no Auto-de-fé de
Barcelona
Obras editadas
no ano de 1860
foram queimadas
no tristemente
célebre
Auto-de-fé de
Barcelona (de 9
de outubro de
1861): a própria
Revue
Spirite de 1860,
de Allan Kardec,
foi
arbitrariamente
lançada ao fogo,
assim como as
Revistas de
1858 e de 1859,
além de outros 8
títulos, no
total de 300
volumes.
Outra obra,
anunciada na
Revista
Espírita
de 1860
(RE nov.
1860–II:
Bibliografia –
Carta de um
católico sobre o
Espiritismo,
pelo Dr. Grand,
antigo
vice-cônsul da
França, pp.
334-335), também
foi queimada
nesse
Auto-de-fé,
livro da autoria
do Dr. Alphonse
de
Grand-Boulogne
(1810-1874),
médico
humanitário e
cavalheiro da
Legião de Honra,
conhecido como o
Dr. Grand,
membro
correspondente
da Sociedade
Parisiense de
Estudos
Espíritas (SPEE),
e de quem Kardec
já havia
publicado na
Revista de
1860 um
interessante
artigo,
intitulado:
RE ago.
1860–II:
Concordância
espírita e
cristã, pelo Dr.
de
Grand-Boulogne,
antigo
vice-cônsul da
França, pp.
232-235.
1ª Viagem
Espírita em 1860
Como se não
bastasse todo o
ingente trabalho
doutrinário de
Allan Kardec na
codificação dos
livros, na
direção da SPEE
– como
presidente
sempre reeleito
–, na elaboração
da Revue,
na assistência
aos necessitados
de todo jaez, o
incansável
Codificador
programou, após
insistentes
convites para
levar a Doutrina
fora de Paris, a
sua 1ª Viagem
Espírita em 1860,
percorrendo
longas
distâncias em
carruagens e em
outros parcos
transportes da
época, visitando
doutrinariamente
as cidades de
Sens, Mâcon,
Lyon e
Saint-Étienne
(somente a
distância de
Paris a Lyon é
de 400 km) e
orientando os
primeiros Grupos
Espíritas que se
formavam. Os
Espíritos
disseram a
Kardec: “Se
Paris é a
cabeça, Lyon é o
coração”. Alguns
artigos da
Revista de
1860 são
a resultante e o
registro desta
primeira viagem
histórica,
dentre as várias
realizadas com
tanto sacrifício
por ele:
RE out. 1860–I b:
Resposta do Sr.
Allan Kardec ao
Sr. redator da
Gazette de Lyon,
pp. 292-298,
artigo em que o
Codificador
defende os
dignos e simples
operários de
Lyon ante o
ataque covarde
do referido
redator, que não
via com bons
olhos que esses
trabalhadores
fossem
espíritas,
resultando dessa
brilhante defesa
a publicação de
um raríssimo
opúsculo de
Kardec,
intitulado:
Carta sobre o
Espiritismo, em
resposta à
Gazette de Lyon
de 02/08/1860
(Lyon,
16/09/1860:
tipografia de
Chanoine, com 57
páginas);
RE out. 1860–II:
Banquete
oferecido ao Sr.
Allan Kardec
pelos espíritas
lioneses, em 19
de setembro de
1860,
pp. 298-299.
Em Brotteaux,
adjacências de
Lyon – sua
cidade natal –,
dá-se o
histórico e
primeiro
Encontro de
Dirigentes
Espíritas, sob a
coordenação do
emérito
Codificador,
junto ao Sr.
Dijoud e esposa.
Instrutivas
comunicações
Comunicações
instrutivas,
evocações
notáveis e
dissertações
muito
interessantes
aconteceram na
Revista de
1860,
várias delas
assinaladas no
histórico
Boletim da SPEE
(onde foram
transcritas as
atas de cada
sessão, sendo
que o seu maior
registro
encontra-se
neste ano de
1860),
comunicações que
foram ditadas
por Espíritos
diversos:
Lamennais,
Massillon,
Madame de Staël,
são Bento,
Channing, são
Francisco de
Sales,
Chateaubriand,
Joana D’Arc,
Georges, Homero,
santa Teresa,
Lázaro,
Melanchthon,
Sócrates,
Joinville, Irmã
Marta, Nodier,
santo Agostinho,
Fourier, Musset,
Riquier, são
Lucas, Lenormand,
Adam Smith,
Nerval, são
Luís, Charlet,
John Brown,
Grandier, são
Vicente de
Paulo, Fénelon,
O Espírito de
Verdade, entre
outros.
O escritório da
Revista
muda de local em
1860
Para centralizar
os enormes
trabalhos
doutrinários sob
a sua
responsabilidade,
e dedicar-se
ainda mais às
diversas
tarefas, Kardec
muda o seu
domicílio
particular e o
escritório de
redação (bureau)
da
Revue Spirite
para a Rua e
Passagem
Sant’Ana, nº 59,
o mesmo fazendo
com o endereço
da SPEE (em
abril de 1860),
conforme seu
oportuno aviso
na
RE jun. 1860–I:
Aviso – A partir
de 15 de julho
de 1860, o
escritório da
Revista Espírita
e o domicílio
particular de
Allan Kardec
serão
transferidos à
Rue Sainte-Anne,
59, Passage
Sainte-Anne,
p. 161.
Apesar de ter
uma casa bem
ampla na Avenida
de Ségur nº 39
(Vila de Ségur),
em uma região
nobre de Paris
(atrás do
célebre Palácio
dos Inválidos),
o Codificador
decide
concentrar todo
o seu trabalho
em um
apartamento, no
referido
endereço,
secundado por
sua abnegada
esposa e
companheira
Amélie-Gabrielle
Boudet
(1795-1883), que
o auxiliará
sobremaneira em
todas as
circunstâncias
da sua missão.
Contexto geral
Observando a
importância do
contexto geral
(sócio-cultural,
político,
científico e
histórico) da
aparição da
Revue Spirite de
1860,
e fazendo uma
breve linha do
tempo, neste
mesmo ano
nasceram
importantes
personalidades,
a saber: o
músico espanhol
Isaac Albéniz, o
político
argentino Carlos
Torcuato de
Alvear, a
pintora russa
Marianne von
Werefkin, o
prêmio Nobel de
química Eduard
Buchner
(alemão), o
jornalista
francês Jules
Guérin, a
pianista alemã
Daniela von
Bülow, o
botânico letão
Wolfgang von
Bock, o
compositor
boêmio-austríaco
Gustav Mahler, o
escritor russo
Anton Tchekhov
etc.
Ainda em 1860
França patenteia
o primeiro motor
a combustão.
Baudelaire é
rejeitado na
Academia
Francesa. Pelo
Tratado de
Turim, o
Piemonte cede
Saboia e Nice a
França.
Garibaldi
derrota aos
Bourbons em
Volturno e entra
em Nápoles.
França e
Inglaterra
firmam um
importante
tratado
comercial.
Lincoln é eleito
presidente dos
Estados Unidos
em 1860.
Faleceram neste
ano os seguintes
vultos: o
filósofo alemão
Arthur
Schopenhauer, o
rei Jerônimo
Bonaparte –
irmão mais novo
de Napoleão I –,
a czarina
Alexandra
Feodorowna, o
escritor
brasileiro
Casimiro de
Abreu, o biólogo
alemão Alexander
von Eversmann, o
citado
neurocirurgião
Braid, a
escritora
britânica Anna
Brownell Jameson,
Leopoldo de
Bourbon –
príncipe das
Duas Sicílias –
e o pintor
francês
Alexandre-Gabriel
Decamps, entre
outros.
Conclusão
Por conseguinte,
os 12 volumes da
Revista Espírita
são um
complemento
imprescindível
da Codificação
Kardequiana,
quais joias
preciosas que
urgem por serem
descobertas, a
fim de poder
aquilatar-se
melhor o
incomensurável
valor
doutrinário que
as mesmas
contêm.
Desejamos assim
registrar os 150
Anos do
lançamento da
Revue Spirite de
1860,
agradecendo ao
Cristo e a
Kardec por nos
permitir a
elevada honra de
traduzir essas
páginas
imortais.
Referências:
(1)
REVISTA
INTERNACIONAL DE
ESPIRITISMO –
RIE. 1859 –
2009:
Sesquicentenário
do 2º volume da
Revista
Espírita, de
Allan Kardec.
Artigo
comemorativo de
Enrique Eliseo
Baldovino.
Outubro de 2009,
pp. 457 e 458.
São Paulo, SP: O
CLARIM.
(2)
KARDEC, Allan. Revista
Espírita –
Periódico de
Estudios
Psicológicos.
Palabras del
traductor sobre
el contexto
general de la
Revista Espírita
de 1860 (www.ceilivraria.com.br).
Tradução do
francês para o
espanhol de EEB
(www.edicei.com.br)
do Ano III.
Brasília, DF:
EDICEI.
(3)
RIE. Tributo
à Revue Spirite.
Matéria
comemorativa de
Enrique
Baldovino pelos
150 Anos da
Revista de 1858
(www.oclarim.com.br).
Fevereiro de
2008, pp. 8 a
11. São Paulo,
SP: O CLARIM.
Nota da Redação:
A Revue
Spirite de
1860 foi objeto
de estudo
sequencial e
metódico nas
edições 55 a 65
desta revista.
Para ver a parte
inicial desse estudo
basta clicar em:
http://www.oconsolador.com.br/ano2/55/estudandoasobrasdekardec.html
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