MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Nos Domínios da
Mediunidade
André Luiz
(Parte
30)
Damos continuidade ao
estudo da obra
Nos Domínios da
Mediunidade,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1954 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Que palavras disse
Aulus sobre a vingança e
o ódio?
O diálogo foi entre ele
e Anésia, a esposa
enganada pelo marido. A
compaixão – sugeriu
Aulus – deveria ser a
sua represália, jamais
a vingança. "Consoante a
lição do Mestre que hoje
abraçamos, o amor deve
ser nossa única atitude
para com os
adversários", ponderou
Aulus. "A vingança,
Anésia, é a alma da
magia negra. Mal por mal
significa o eclipse
absoluto da razão." Por
mais aflitiva que lhe
fosse a lembrança
daquela mulher, deveria
recordá-la em suas
preces e em suas
meditações, por irmã
necessitada de
assistência fraterna.
Não sabemos o que nos
aconteceu no passado,
nem o que nos ocorrerá
no futuro. Quem terá
sido ela no pretérito?
Alguém que ajudamos ou
ferimos? Quem será ela
para nós no porvir?
Nossa mãe ou nossa
filha? Ditas tais
palavras, Aulus
pediu-lhe: "Não condene!
O ódio é como o incêndio
que tudo consome, mas o
amor sabe como apagar o
fogo e reconstruir".
(Nos Domínios da
Mediunidade, cap. 20,
pp. 194 a 196.)
B. Por que a oração é
sempre um recurso
importante?
A prece é uma luz
abençoada porque
assimila correntes
superiores de força
mental que nos auxiliam
no resgate ou na
ascensão. No caso
Anésia, Aulus explicou:
"Encontramos aqui
precioso ensinamento
acerca da oração...
Anésia, mobilizando-a,
não conseguiu modificar
os fatos em si, mas
logrou modificar a si
mesma. As dificuldades
presentes não se
alteraram. Jovino
continua em perigo, a
casa prossegue ameaçada
em seus alicerces
morais, a velhinha
doente aproxima-se da
morte, entretanto, nossa
irmã recolheu expressivo
coeficiente de energias
para aceitar as
provações que lhe cabem,
vencendo-as com
paciência e valor. E um
Espírito transformado,
naturalmente, transforma
as situações".
(Obra citada, cap. 20,
pp. 196 a 198.)
C. Dona Elisa, cujo
estado se agravara,
sentia a presença de seu
filho Olímpio (o
filho desencarnado)
a seu lado. Ele estava
ali realmente?
Sim. Dona Elisa disse à
filha: “Meu filho desceu
do Céu e veio
buscar-me... Não tenho
dúvida... é meu filho,
sim... meu filho...".
Anésia acreditou no que
ouvia, mas convidou a
genitora ao serviço da
prece, o que se fez, sob
a assistência de
Teonília, a esforçar-se
por envolver a velhinha
em fluidos calmantes.
André observou, então,
que Olímpio, o rapaz
assassinado noutro
tempo, jungia-se à mãe,
à maneira de planta
parasitária asfixiando
um arbusto raquítico.
Dona Elisa supunha fosse
o filho um gênio
guardião, quando a
realidade é que ele se
deixara dominar, mesmo
depois da morte carnal,
pelo vício da
embriaguez.
(Obra citada, cap. 21,
pp. 201 e 202.)
Texto para leitura
89. O amor sabe
apagar o fogo e
reconstruir - Na
sequência do diálogo,
Aulus procurou mostrar a
Anésia que Jovino
precisava agora muito
mais de seu entendimento
e carinho. "Nem sempre a
mulher – asseverou Aulus
– poderá ver no
companheiro o homem
amado com ternura, mas
sim um filho espiritual
necessitado de
compreensão e sacrifício
para soerguer-se, como
também nem sempre o
homem conseguirá
contemplar na esposa a
flor de seus primeiros
sonhos, mas sim uma
filha do coração, a
requisitar-lhe
tolerância e bondade, a
fim de que se transfira
da sombra para a luz."
Em seguida, o instrutor
afirmou-lhe, enfático:
"Anésia, o amor não é
tão-somente a ventura
rósea e doce do sexo
perfeitamente atendido.
É uma luz que brilha
mais alto, inspirando a
coragem da renúncia e
do perdão
incondicionais, em favor
do ser e dos seres que
nós amamos. Jovino é uma
planta que o Senhor lhe
confiou às mãos de
jardineira. É
compreensível que a
planta seja assaltada
pelos parasitas ou pelos
vermes da morte,
todavia, nada há a
recear se a jardineira
está vigilante..."
Anésia entendeu a
mensagem transmitida por
Aulus e pediu-lhe
orientação sobre seu
procedimento em face da
mulher que dominava
Jovino, que, para ela,
se assemelhava a um
Espírito diabólico,
fascinando-o e
destruindo-o. O
Assistente pediu-lhe não
se referisse assim à
infeliz amante, porque
ela também era vítima de
lamentável engano, e
sugeriu à Anésia
compadecer-se dela,
porque terrível lhe
seria o despertamento. A
compaixão deveria ser a
sua represália, jamais
a vingança. "Consoante a
lição do Mestre que hoje
abraçamos, o amor deve
ser nossa única atitude
para com os
adversários", ponderou
Aulus. "A vingança,
Anésia, é a alma da
magia negra. Mal por mal
significa o eclipse
absoluto da razão." Por
mais aflitiva que lhe
fosse a lembrança
daquela mulher, deveria
recordá-la em suas
preces e em suas
meditações, por irmã
necessitada de
assistência fraterna.
Não sabemos o que nos
aconteceu no passado,
nem o que nos ocorrerá
no futuro... Quem terá
sido ela no pretérito?
Alguém que ajudamos ou
ferimos? Quem será ela
para nós no porvir?
Nossa mãe ou nossa
filha? Ditas tais
palavras, Aulus
pediu-lhe: "Não condene!
O ódio é como o incêndio
que tudo consome, mas o
amor sabe como apagar o
fogo e reconstruir".
(Cap. 20, págs. 194 a
196)
90. A
prece é abençoada luz
- Anésia, como uma
criança resignada,
pousou no benfeitor os
olhos límpidos, como a
prometer-lhe obediência,
e Aulus, afagando-a,
recomendou: "Volte ao
lar e use a humildade e
o perdão, o trabalho e a
prece, a bondade e o
silêncio, na defesa de
sua segurança. A
mãezinha enferma e as
filhinhas reclamam-lhe
amor puro, tanto quanto
o nosso Jovino, que
voltará, mais
experiente, ao refúgio
de seu coração". Pouco
depois, ela despertou no
corpo carnal, de alma
renovada, quase feliz...
Embora não conservasse
lembrança integral da
conversa com Aulus,
despertou sem revolta e
sem amargura, como se
mãos intangíveis lhe
houvessem lavado a
mente, conferindo-lhe
uma compreensão mais
clara da vida. Recordou
então Jovino e sua
amante,
compadecidamente, como
pessoas a lhe exigirem
tolerância e piedade, e
profundo entendimento
brotou-lhe do espírito.
Consolada e satisfeita,
passou à medicação de
Dona Elisa, diante de
Hilário que, admirado,
ao exaltar os méritos
da oração, ouviu de
Aulus o seguinte
ensinamento: "Em todos
os processos de nosso
intercâmbio com os
encarnados, desde a
mediunidade torturada à
mediunidade gloriosa, a
prece é abençoada luz,
assimilando correntes
superiores de força
mental que nos auxiliam
no resgate ou na
ascensão". Anésia, como
acontece a milhões de
pessoas, detinha consigo
recursos medianímicos
apreciáveis, que
poderiam ser inclinados
para o bem ou para o
mal, competindo apenas a
ela a obrigação de
construir dentro de si
mesma a fortaleza de
conhecimento e
vigilância, na qual
poderia desfrutar, em
pensamento, as
companhias espirituais
que mais lhe convenham à
felicidade. Feitas essas
referências, o
Assistente acrescentou:
"Encontramos aqui
precioso ensinamento
acerca da oração...
Anésia, mobilizando-a,
não conseguiu modificar
os fatos em si, mas
logrou modificar a si
mesma. As dificuldades
presentes não se
alteraram. Jovino
continua em perigo, a
casa prossegue ameaçada
em seus alicerces
morais, a velhinha
doente aproxima-se da
morte, entretanto, nossa
irmã recolheu expressivo
coeficiente de energias
para aceitar as
provações que lhe cabem,
vencendo-as com
paciência e valor. E um
espírito transformado,
naturalmente, transforma
as situações". (Cap. 20,
págs. 196 a 198)
91. Dona Elisa piora
- Na noite seguinte, o
grupo socorrista voltou
ao lar de Anésia, com o
objetivo de socorrer
Dona Elisa, cujo estado
piorara. A enferma
estava agitada, a
desligar-se do corpo
físico, e estranha
perturbação mental a
dominava. Superexcitada
e aflita, dizia-se
perseguida por um homem
que queria abatê-la a
tiros, clamava pelo
filho desencarnado e
julgava ver serpentes e
aranhas ao pé da cama. O
médico comunicou a
Anésia que a morte
poderia ocorrer a
qualquer momento. A
pobre mulher colocou-se
então em prece,
confiando-se à
influência de Teonília,
que lhe seguia os
passos, como abnegado
nume protetor. Uma
serenidade balsâmica
tomou-lhe gradativamente
a alma, e ela
aquietou-se entre a fé e
a paciência, na certeza
de que não lhe faltaria
o amparo do Plano
Superior. Embora não
percebesse a ternura de
que era objeto por parte
da amiga espiritual,
recebia desta apelos
confortadores em forma
de sublimes pensamentos
de esperança e de paz.
Aproximando-se com
profunda piedade da mãe
enferma, perguntou-lhe
se ela se sentia melhor?
Dona Elisa, qual criança
medrosa, tomou-lhe as
mãos e sussurrou: "Minha
filha, não estou melhor,
porque o assassino me
espreita... Não sei como
escapar... estou
igualmente cercada de
aranhas enormes... que
fazer para
salvar-me?!..." (Cap.
21, págs. 199 e 200)
92. Um alcoólatra da
erraticidade - Após
dizer tais palavras, a
enferma gritou com
lamentosa inflexão: "Ai!
as serpentes!... as
serpentes!...
Ameaçam-me da porta...
Que será de mim?" Anésia
procurou acalmá-la,
rogando-lhe confiasse na
Providência Divina:
"Jesus é o nosso Amigo
Vigilante. Por que não
esperar pela proteção
dele? A senhora vai
recuperar-se... Repare
com atenção. Nosso
quarto está em paz..."
Dona Elisa asserenou-se
um pouco, embora a
desconfiança e o medo
continuassem estampados
nos seus olhos, mas,
logo após, segredou aos
ouvidos da filha: "Sinto
que o nosso Olímpio está
conosco... Meu filho
desceu do Céu e veio
buscar-me... Não tenho
dúvida... é meu filho,
sim... meu filho..."
Anésia acreditou no que
ouvia, mas convidou a
genitora ao serviço da
prece, o que se fez, sob
a assistência de
Teonília, a esforçar-se
por envolver a velhinha
em fluidos calmantes.
André observou que
Olímpio, o rapaz
assassinado noutro
tempo, jungia-se à mãe,
à maneira de planta
parasitária asfixiando
um arbusto raquítico.
Aulus explicou que Dona
Elisa supunha fosse o
filho um gênio guardião,
quando a realidade é que
ele se deixara dominar,
mesmo depois da morte
carnal, pelo vício da
embriaguez. "Alcoólatra
impenitente – disse o
instrutor –, caiu ante
o revólver de um
companheiro, tão
desvairado quanto ele
mesmo, numa noite de
insânia. Desligado da
carne e já intensamente
minado pelo delirium
tremens, não teve
forças para mentalizar
a recuperação que lhe é
imprescindível e
prosseguiu em companhia
daqueles que lhe
pudessem facultar o
prolongamento dos
excessos em que se
compraz..." Aulus
informou então que
Olímpio ali se
encontrava porque a mãe
o evocara. Libertando-se
gradualmente do corpo
físico, Elisa transferia
o campo emotivo, do
círculo da carne para a
esfera do Espírito,
passando desse modo a
sofrer o influxo
pernicioso do filho
alcoólatra. Na posição
em que se colocavam,
eram, assim, por força
das circunstâncias, duas
mentes sintonizadas na
mesma faixa de
impressões, porque,
enfraquecida, a enferma
submetia-se facilmente
ao domínio do rapaz,
cujo pavor e
desequilíbrio se lhe
transfundiam na alma
submissa. O fenômeno
que ali se dava poderia
ser comparado a uma
incorporação mediúnica?
"Sem qualquer dúvida",
informou Aulus. "Elisa,
atraindo o filho, num
estado de passividade
profunda, que lhe
sobrevém por motivo de
natural desgaste nervoso
e sem experiência que
lhe outorgue
discernimento e defesa,
assimila-lhe, de modo
espontâneo, as correntes
mentais, retratando-lhe
a desarmonia interior.
Estando a
desencarnar-se,
devagarinho, reflete-lhe
as reminiscências do
pretérito e as
terríveis visões íntimas
que lhe são agora
familiares, de vez que,
à distância das libações
costumeiras, o
infortunado amigo
padece as alucinações
comuns às vítimas do
alcoolismo crônico."
(Cap. 21, págs. 201 e
202)(Continua no próximo
número.)