O perdão
O perdão
constitui
uma
atitude
de
esquecimento
das
faltas
e, ao
mesmo
tempo,
representa
um
movimento
de
compreensão
do ser
que
vivencia
um
determinado
evento
estabelecido
nas
relações
entre
pessoas,
antídoto
ao
acúmulo
e
cristalização
de
energias
que
geram
mágoas e
ressentimentos
resultantes
em
desequilíbrios
e
possíveis
enfermidades.
Mais do
que
“esquecer
as
mágoas”,
perdoar
–
salienta
Hammed –
traduz
“um
sentimento
profundo
de
compreensão
e
aceitação
dos
sentimentos
humanos,
por
saber
que nós
e outros
ainda
estamos
distantes
do agir
corretamente”.
Em
outras
palavras,
perdoar
não
é
concordar
ou ser
conivente
“com
aquilo
que fere
o
estatuto
legal e
o código
moral da
vida”,
porém
saber
compreender
a
“dimensão
do
gravame
[do mal
feito] e
dos
comportamentos
a serem
adotados
para que
ele
desapareça”,
lembra
Joanna
de
Ângelis,
para
quem “o
verdadeiro
perdão
somente
é
possível
quando
ocorre o
olvido
[esquecimento]
pleno ao
mal de
que se
foi
objeto”,
de modo
que se
possa
retornar
“à vida
a
harmonia
que foi
perturbada
com
aquela
atitude”
e
adquirir
“a
permanência
da
tranquilidade
interna
ante os
impactos
desgastantes”.
“Amar os
inimigos”,
ensina O
Evangelho
segundo
o
Espiritismo,
não quer
dizer
“ter-lhes
uma
afeição
que não
está na
natureza”,
mas “não
lhes
guardar
ódio,
nem
rancor,
nem
desejos
de
vingança;
é
perdoar-lhes,
sem
pensamento
oculto e
sem
condições,
o mal
que nos
causem”.
Quando o
ser é
tocado
em suas
fibras
constituintes
e mais
sutis
(sentimentos,
valores
e
crenças)
pode ser
acometido
de
resistências
e
defesas
de cunho
psíquico
e
energético
que
surtirão
mudanças
no
comportamento,
tornando
aquele
considerado
agressor
alguém
insuportável
para
se
conviver
e
igualmente
insuportável
qualquer
situação
que se
assemelhe
com a
experiência
vivida
ou que
recorde
aquela
pessoa.
Essas
experiências,
de tão
traumáticas
ou
sofridas,
podem
ultrapassar
o que o
ser dá
conta de
compreender
e
transubstanciar,
ao
prendê-lo,
no aqui
e agora,
a uma
faixa de
energias
densas,
fonte
geradora
de
doenças.
Embora
seja
impossível
nunca
não se
magoar,
observa
Hammed,
“perpetuar
ou
ignorar
o fato
desagradável
pode ser
comparado
ao
comportamento
do
escorpião
que,
quando
enraivecido,
inocula
veneno
em si
mesmo
com o
próprio
ferrão”.
Formados
por meio
de uma
constituição
biopsicossocial-espiritual,
somos um
todo
organizado
e
integrado,
existente
em um
tempo
histórico
atual,
mas com
uma
bagagem
do
ontem,
armazenada
em
nossos
porões
conscienciais.
No âmago
dessa
bagagem,
composta
dos
materiais
construídos
por
inúmeros
períodos
de
visitação
entre os
corpos
variados
e as
dimensões
diversas,
se
agasalha
a nossa
verdade,
nem
sempre
conhecida
ou
acessada
por nós.
Por
vezes,
nosso
contato
com as
experiências
presentes
apresentam
reflexos
geradores
de
maiores
sofrimentos.
O que
poderia
ser uma
situação
menos
complexa
se torna
uma bola
de neve,
perdendo-se
em
dimensões
e
tamanhos.
Daí a
importância
do
desenvolvimento
do
autoconhecimento,
a
permissão
para a
escuta
de si
mesmo.
O que me
faz
sentir
alegria
ou
tristeza?
Quais
são os
meus
medos?
Qual o
motivo
de não
conseguir
conviver
com
determinada
situação
ou
pessoa?
Qual a
razão da
minha
agressividade
ou
passividade
diante
de
determinadas
circunstâncias
da vida?
“Escutar
os
sentimentos
não
significa
adotá-los
prontamente,”
– alerta
Ermance
Dufaux –
“mas
aceitá-los
em nossa
intimidade
e criar
uma
relação
amigável
com
todos
eles”,
ou seja,
“sem
reprimir
ou se
envergonhar”,
a fim de
que se
estabeleça
“uma
conexão
com
nossa
real
identidade
psicológica,
possibilitando
a rica
aventura
do
autodescobrimento
no rumo
da
singularidade
– a
identidade
cósmica
do
Espírito”.
Conhecer
a si
mesmo,
além de
ser
importante
para o
desenvolvimento
integral
do
Espírito,
abre
espaço
para a
compreensão
da
presença
do outro
em sua
vida, o
que
permitirá
entender
os
comportamentos
de amor
e
desamor
em torno
de (e em
direção
a) você.
Nos
momentos
de
tristeza,
desesperança
e
mágoas,
permita
que o
tempo
possa
ser o
companheiro
da sua
caminhada.
Procure
o
recolhimento
e aguce
sua
atenção,
para que
possa,
por meio
de suas
percepções,
compreender
cada
situação
e
acalmar
o seu
coração.
Não
podemos
apagar o
que
aconteceu
no
passado,
mas
podemos
nos
revestir
do
aprendizado
de
novos
comportamentos
que nos
auxiliarão
na
compreensão
de cada
fenômeno
e
situação
em nossa
vida. Um
compromisso
de afeto
com nós
mesmos.