MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Nos Domínios da
Mediunidade
André Luiz
(Parte
33)
Damos continuidade ao
estudo da obra
Nos Domínios da
Mediunidade,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1954 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Por que,
considerando-se o
objetivo da sessão
mediúnica, há casos em
que o médium utiliza um
idioma estranho ao
nosso, que a própria
equipe muitas vezes não
compreende?
O caso foi proposto ao
instrutor Aulus. Se a
médium e o comunicante
estavam no Brasil, por
que ensaiava frases num
dialeto já morto? Por
que motivo não
assimilava o pensamento
do Espírito,
transformando-o em
palavras de nossa língua
corrente, qual se via
em numerosos processos
de intercâmbio
mediúnico? "Estamos à
frente de um caso de
mediunidade poliglota ou
de xenoglossia”,
informou Aulus. “O
filtro mediúnico e a
entidade que se utiliza
dele acham-se tão
intensamente afinados
entre si que a
passividade do
instrumento é absoluta,
sob o império da vontade
que o comanda de modo
positivo. O obsessor,
por mais estranho
pareça, jaz ainda
enredado nos hábitos por
que pautava a sua
existência, há séculos,
e, em se exprimindo
pela médium, usa modos e
frases que lhe foram
típicos." Tal fato era
atribuível à mediunidade
propriamente dita ou à
sintonia mais completa?
"O problema é de
sintonia", informou o
instrutor.
(Nos Domínios da
Mediunidade, cap. 23,
pp. 220 e 221.)
B. Se a médium não
tivesse ligação de
existências passadas com
o Espírito, a
xenoglossia seria
possível?
Não. Segundo Aulus, se a
médium não houvesse
partilhado da
experiência terrestre do
comunicante, como
legítima associada de
seu destino, não poderia
o Espírito externar-se
no dialeto com que se
caracterizava. "Em todos
os casos de xenoglossia,
é preciso lembrar que as
forças do passado são
trazidas ao presente",
informou o instrutor.
(Obra citada, cap. 23,
pp. 221 a 223.)
C. Que relação existe
entre a dor e o arado?
Trata-se de uma imagem
utilizada por Aulus, que
comparou a dor em nossa
vida íntima ao arado em
terra inculta, o qual,
rasgando e ferindo,
oferece os melhores
recursos à produção. O
mesmo resultado produz a
dor, visto que a
enfermidade é, em si
mesma, desequilíbrio da
alma a retratar-se no
corpo.
(Obra citada, cap. 24,
pp. 226 a 228.)
Texto para leitura
101. Xenoglossia
- O trabalho de Raul era
quase em vão. A enferma
prosseguia completamente
transfigurada. A que
causa atribuir
semelhante conflito?
Após detido exame dos
cérebros do comunicante
e da médium, Aulus
informou que as raízes
da desavença vinham de
longa distância no
tempo; pouco mais de um
milênio. O perseguidor
falava um antigo
dialeto da velha
Toscana, onde,
satisfazendo a obsidiada
de hoje, se fez cruel
estrangulador. Era
legionário de Ugo, o
poderoso duque de
Provença, no século X.
"Pela exteriorização a
que se confia – disse o
instrutor –,
acompanho-lhe as
terríveis
reminiscências...
Reporta-se ao saque de
que participou na época
a que nos referimos, no
qual, para satisfazer à
mulher que lhe não
correspondeu ao
devotamento, teve a
infelicidade de
aniquilar os próprios
pais... Tem o coração
como um vaso
transbordante de fel..."
Tanto Hilário quanto
André estimariam obter
outras informações
acerca do caso, mas
Aulus recomendou-lhes
aquietassem o espírito
de consulta, pois a
volta aos quadros
terrificantes, largados
ao longe por aquelas
almas em sofrimento, a
ninguém edificaria. Ali
estavam dois corações
desesperados, no inferno
estabelecido por eles
mesmos. Não convinha
analisar-lhes o sepulcro
de fogo e lama, na
sombras da retaguarda.
Discutiu-se então a
questão do idioma. Se
eles estavam no Brasil,
por que a obsidiada
ensaiava frases num
dialeto já morto? Por
que motivo não
assimilava o pensamento
do Espírito,
transformando-o em
palavras de nossa língua
corrente, qual se via
em numerosos processos
de intercâmbio
mediúnico? "Estamos à
frente de um caso de
mediunidade poliglota ou
de xenoglossia –
informou o Assistente.
– O filtro mediúnico e a
entidade que se utiliza
dele acham-se tão
intensamente afinados
entre si que a
passividade do
instrumento é absoluta,
sob o império da vontade
que o comanda de modo
positivo. O obsessor,
por mais estranho
pareça, jaz ainda
enredado nos hábitos por
que pautava a sua
existência, há séculos,
e, em se exprimindo
pela médium, usa modos e
frases que lhe foram
típicos." Tal fato era
atribuível à mediunidade
propriamente dita ou à
sintonia mais completa?
"O problema é de
sintonia", informou o
Assistente. (Cap. 23,
págs. 220 e 221)
102. Sintonia no
tempo - Aulus
esclareceu ainda que, se
a médium não houvesse
partilhado da
experiência terrestre do
comunicante, como
legítima associada de
seu destino, não poderia
o Espírito externar-se
no dialeto com que se
caracterizava. "Em todos
os casos de xenoglossia,
é preciso lembrar que as
forças do passado são
trazidas ao presente",
informou o instrutor.
"Os desencarnados,
elaborando fenômenos
dessa ordem, interferem,
quase sempre, através de
impulsos automáticos,
nas energias
subconscienciais, mas
exclusivamente por
intermédio de
personalidades que lhes
são afins no tempo.
Quando um médium
analfabeto se põe a
escrever sob o controle
de um amigo domiciliado
em nosso plano, isso não
quer dizer que o
mensageiro espiritual
haja removido
milagrosamente as
pedras da ignorância.
Mostra simplesmente que
o psicógrafo traz
consigo, de outras
encarnações, a arte da
escrita já conquistada e
retida no arquivo da
memória, cujos centros o
companheiro
desencarnado consegue
manobrar." Hilário
concluiu, então, que se
a enferma fosse apenas
médium, sem o pretérito
de que dava testemunho,
a entidade não se
exprimiria por ela numa
expressão cultural
diferente da que lhe era
própria... Aulus
confirmou esse
pensamento: "Sim, sem
dúvida alguma; em
mediunidade há também o
problema da sintonia no
tempo..." Na sequência,
André ajudou a separar,
de algum modo, o algoz
da vítima, conquanto,
segundo informou Aulus,
eles continuassem unidos
pela fusão magnética,
mesmo a distância.
Companheiros da esfera
espiritual retiraram o
Espírito obsidente,
encaminhando-o a certa
organização
socorrista, mas mesmo
assim a doente gritava
afirmando estar à frente
de medonho estrangulador
em vias de sufocá-la.
Aplicando-lhe passes de
reconforto, o Assistente
disse que o que, então,
se dava era um fenômeno
alucinatório, natural em
processos de fascinação
quanto aquele, porquanto
perseguidor e perseguida
jaziam na mais estreita
ligação telepática,
agindo e reagindo
mentalmente um sobre o
outro. André
perguntou-lhe sobre o
remédio definitivo à
dolorosa situação. Aulus
informou que a doente e
o verdugo seriam, em
breve, mãe e filho. "Não
há outra alternativa na
obtenção do trabalho
redentor. Energias
divinas do amor puro
serão mais profundamente
tocadas em sua
sensibilidade de mulher
e nossa irmã praticará o
santo heroísmo de
acolhê-lo no próprio
seio", informou o
instrutor, exclamando:
"Louvado seja Deus pela
glória do lar!" (Cap.
23, págs. 221 a 223)
103. Um enfermo da
mente - No recinto,
um dos enfermos caiu em
estremeções, desferindo
gemidos angustiados e
roucos, como se um
guante invisível lhe
constringisse a
garganta. Não longe,
duas entidades de
presença desagradável
reparavam-lhe os
movimentos, sem
interferir
magneticamente, de
maneira visível, na
agitação nervosa dele.
Tratava-se de pobre
irmão em luta
expiatória, que contava
pouco mais de trinta
anos. Desde a infância,
sofria o contacto
indireto de companhias
inferiores que aliciou
no passado, pelo seu
comportamento infeliz.
Quando experimentava a
vizinhança daqueles
amigos transviados, com
os quais conviveu
largamente antes de
regressar à carne,
refletia-lhes a
influência nociva,
entregando-se a
perturbações histéricas
que lhe sufocavam a
alegria de viver.
Constituindo aflitivo
problema para o lar em
que renasceu, vivia
desde a meninice de
médico a médico. Os
tratamentos dolorosos e
difíceis, como a
insulina e o
eletrochoque, que
haviam sido empregados
em seu benefício,
castigaram-lhe
profundamente a vida
física. O doente
parecia, com efeito, um
velho, quando poderia
mostrar-se em pleno
vigor juvenil. Enquanto
ele tremia, pálido,
Aulus e Clementino
aplicaram-lhe recursos
magnéticos de auxílio,
asserenando-lhe o corpo
conturbado. Finda a
crise, André notou-o
suarento e
desmemoriado, qual se
fora surdo às preces que
Raul pronunciara em seu
favor. A apatia do
enfermo permaneceu até o
término da sessão, e sua
melancolia e
introversão contrastavam
com a esperança e o
encorajamento que se
viam nos demais enfermos
atendidos na reunião.
(Cap. 24, págs. 225 e
226)
104. Um caso de
histeria - Como
poderia ser interpretado
o caso daquele enfermo?
Esta pergunta de Hilário
se fundamentava no fato
de que o doente não se
desdobrou, nem assimilou
emissões fluídicas de
qualquer entidade
desencarnada. "O enigma
de nosso irmão –
elucidou Aulus – é de
natureza mental,
considerando-se-lhe a
origem pura e simples,
mas está radicado à
sensibilização psíquica,
tanto quanto as
ocorrências de ordem
mediúnica." O enfermo
poderia ser considerado
médium? "De imediato,
não", respondeu o
Assistente.
"Presentemente, é um
enfermo que reclama
cuidado assistencial, no
entanto, sanada a
desarmonia de que ainda
é portador, poderá
cultivar preciosas
faculdades
medianímicas, porque a
moléstia, nesses casos,
é fator importante de
experiência." O
instrutor comparou a dor
em nossa vida íntima ao
arado em terra inculta,
o qual, rasgando e
ferindo, oferece os
melhores recursos à
produção. E a doença em
si, seria do corpo ou da
alma? "É desequilíbrio
da alma a retratar-se no
corpo", informou o
instrutor, comovido.
"Nosso amigo em
reajuste, antes da
presente imersão na
carne, vagueou, por
muitos anos, em desolada
região de trevas. Aí foi
vítima de hipnotizadores
cruéis com os quais
esteve na mais estreita
sintonia, em razão da
delinquência viciosa a
que se dedicara no
mundo. Sofreu
intensamente e voltou à
Terra, trazendo certas
deficiências no
organismo perispiritual.
É um histérico, segundo
a justa acepção da
palavra. Acolhido pelo
heroísmo de um coração
materno e por um pai que
lhe foi associado de
insânia, hoje também na
travessia de amargosas
provas, vem procurando a
própria recuperação." O
rapaz apresentava a
desarmonia trazida do
mundo espiritual desde
os sete anos de idade.
Não se acreditava capaz
de qualquer serviço
nobre. Crendo-se
derrotado, antes de
qualquer luta,
aprazia-lhe tão-somente
a solidão em que se
nutria dos pensamentos
enfermiços que lhe eram
arremessados ao espírito
pelos antigos comparsas.
Finda a reunião, Aulus
ofereceu-se para
acompanhar o rapaz
doente até a casa. Meia
hora depois, ele chegava
ao seu lar, onde a mãe
recebeu-o com ternura.
Em casa, um rapaz
embriagado desferia
palavrões. Era Márcio,
irmão de Américo, o
enfermo a quem a mãe
conduziu,
carinhosamente, ao
leito. (Cap. 24, págs.
226 a 228)(Continua no próximo
número.)