Um leitor desta revista encaminhou-nos pergunta
pertinente à matéria
utilizada nas construções
espirituais, como, por
exemplo, a cidade Nosso
Lar. Trata-se da mesma
matéria que conhecemos no
planeta? Qual a sua
constituição?
O assunto foi examinado
nesta mesma seção na edição
172 desta revista.
Naquela oportunidade lembramos inicialmente que a notícia
referente às construções
espirituais está presente
não só na obra de André
Luiz, mas em autores como
Arthur Conan Doyle, Ernesto
Bozzano, Cairbar Schutel e
Manoel Philomeno de Miranda.
Em
todos eles é destacado, com
clareza, o papel do
pensamento sobre a matéria
peculiar às chamadas cidades
ou colônias espirituais.
Em seu livro A Crise da Morte, um dos
clássicos do Espiritismo,
Ernesto Bozzano trouxe-nos
as seguintes informações:
1. Jim Nolan, ao entrar no mundo espiritual,
disse que lhe parecia
caminhar sobre um terreno
sólido, quando encontrou sua
avó, que o levou para longe
dali, para sua morada. A
morada da avó, onde ele
repousou e dormiu naquela
noite, tinha o aspecto de
uma casa. “No mundo dos
Espíritos – explicou ele –,
há a força do pensamento,
por meio do qual se podem
criar todas as comodidades
desejáveis...” (Obra
citada, p. 32.)
2. Pensando na forma humana, o Espírito se veria
de novo em forma humana;
pensando em estar vestido,
achar-se-ia coberto de
roupas que, sendo tão
etéreas como o seu próprio
corpo, lhe pareceriam tão
substanciais como as vestes
terrenas. É assim que ele
encontra, no mundo
espiritual, um meio e uma
morada correspondentes a
seus hábitos terrestres,
morada que lhe preparariam
os seus familiares, tornados
antes dele à existência
espiritual. (Obra citada,
p. 36.)
3. Felicia Scatcherd diz ter sido conduzida a
uma maravilhosa morada que
os próprios Espíritos haviam
criado pela força do
pensamento. (Obra citada,
pp. 117 a 121.)
4. A mensagem desse Espírito trouxe notícias sobre
as habitações existentes no
mundo espiritual,
construídas por Espíritos
que se especializaram em
modelar, pelo pensamento, a
matéria espiritual. (Obra
citada, pp. 137 a 143.)
5. A respeito do poder do pensamento no meio
espiritual, a entidade
trouxe uma informação
adicional: para criar os
objetos de que necessita não
basta pensar na “coisa”
desejada; é preciso uma
concentração firme do
pensamento sobre esse
objeto, pensando em todos os
seus detalhes. É por isso
que, exercitando-se nas
criações do pensamento, os
Espíritos chegam a pensar
com uma nitidez cada vez
maior e a concentrar a
vontade com uma eficácia
sempre mais intensa. Não
sendo assim, formar-se-á
tão-somente um esboço mais
ou menos confuso e informe
do objeto desejado. (Obra
citada, p. 157.)
*
O assunto não é, evidentemente, estranho à obra
de Allan Kardec, conforme
podemos ver pelas citações
abaixo:
1. Todas as substâncias, conhecidas e
desconhecidas, por mais
dessemelhantes que pareçam,
quer do ponto de vista da
constituição íntima, quer
pelo prisma de suas ações
recíprocas, são apenas modos
diversos sob que a matéria
se apresenta, variedades em
que ela se transforma sob a
direção das forças
inumeráveis que a governam.
Não há, em todo o Universo,
senão uma única substância
primitiva: o cosmo, ou
matéria cósmica dos
uranógrafos. (A Gênese,
cap. VI, itens 3, 4 e 7.)
2. O fluido cósmico universal é a matéria
elementar primitiva, cujas
modificações e
transformações constituem a
inumerável variedade dos
corpos da Natureza. Como
princípio elementar do
Universo, ele assume dois
estados distintos: o de
eterização ou
imponderabilidade, que se
pode considerar o primitivo
estado normal, e o de
materialização ou de
ponderabilidade, que é, de
certa maneira, consecutivo
àquele. Cada um desses dois
estados dá lugar,
naturalmente, a fenômenos
especiais: ao segundo
pertencem os do mundo
visível e ao primeiro os do
mundo invisível. Uns, os
chamados fenômenos
materiais, são da alçada da
Ciência propriamente dita,
os outros, qualificados de
fenômenos psíquicos, porque
se ligam de modo especial à
existência dos Espíritos,
cabem nas atribuições do
Espiritismo. (A Gênese,
cap. XIV, item 2.)
3. O estado no qual o fluido universal se
apresenta em sua maior
simplicidade é o que se
encontra no ambiente dos
Espíritos puros. Na Terra,
ele está mais ou menos
modificado para formar a
matéria compacta que nos
cerca. (O Livro dos
Médiuns, item 74, pergunta no
5.)
4. Os Espíritos fazem a matéria etérea passar
pelas transformações que
queiram; portanto, eles
podem formar os objetos –
vestuários, joias, caixas de
rapé etc. – que desejem, por
ato de sua vontade e, do
mesmo modo que os fazem,
podem desfazê-los. (L.M.,
item 128, pergunta 6.)
5. A teoria espírita acerca do laboratório do mundo
invisível pode-se resumir
assim: a) o Espírito atua
sobre a matéria; b) da
matéria cósmica universal
tira os elementos de que
necessite para formar
objetos que tenham a
aparência dos diversos
corpos existentes na Terra;
c) pela ação de sua vontade,
pode ele operar na matéria
elementar uma transformação
íntima, que lhe confira
determinadas propriedades;
d) essa faculdade é inerente
à natureza do Espírito, que
muitas vezes a exerce de
modo instintivo, sem disso
se aperceber; e) os objetos
que o Espírito forma têm
existência temporária,
subordinada à sua vontade ou
a uma necessidade que ele
experimenta; f) ele pode
fazê-los e desfazê-los
livremente; g) em certos
casos, esses objetos podem
apresentar, aos olhos das
pessoas vivas, todas as
aparências da realidade,
isto é, tornar-se visíveis e
até mesmo tangíveis; h)
trata-se, porém, de
formação, não criação,
porque do nada o Espírito
nada pode tirar. (L.M.,
item 129.)
Acreditamos que o leitor, com base nos dados
acima, poderá tirar suas
conclusões a respeito do
assunto.
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