ORSON PETER
CARRARA
orsonpeter@yahoo.com.br
Matão, São Paulo
(Brasil)
Uso da Escala
Espírita
Sabemos todos,
pelo estudo da
Escala
Espírita,
apresentada por
Allan Kardec em
O Livro dos
Espíritos
(questão 100 e
seguintes), que
os Espíritos
pertencem a
diferentes
estágios de
moralidade e
intelecto,
estágios esses
alcançados pelo
próprio esforço
e pela força do
progresso, que é
lei para todos.
O entendimento
prévio da
importante
classificação
apresentada pelo
Codificador
evita possíveis
decepções quanto
às
manifestações,
fenômenos e
pseudo-orientações
apresentadas no
intercâmbio com
os encarnados.
Uma vez
sabedores dessas
diferenças,
estaremos
prevenidos
contra
tentativas de
mistificação e
fraude por eles
arquitetadas. E
igualmente
estaremos
demonstrando um
bom nível de
discernimento na
recepção de
orientações que
surjam através
de médiuns.
Na Revista
Espírita1,
de julho de
1859, no
Pronunciamento
do Encerramento
do ano social
1858-1859,
feito por Kardec
na Sociedade
Parisiense de
Estudos
Espíritas,
dentre os vários
assuntos
focados,
destacamos
trecho de máxima
importância para
nossas
reflexões:
“(...)
saibam, pois,
que tomamos toda
opinião
manifestada por
um Espírito por
uma opinião
individual;
que não a
aceitamos senão
depois de tê-la
submetido ao
controle da
lógica e dos
meios de
investigação que
a própria
ciência Espírita
nos fornece,
meios que todos
vós conheceis.
(...)”.
Observemos a
curiosa
observação de
Kardec: “controle
da lógica e dos
meios de
investigação que
a própria
ciência Espírita
nos fornece”.
A lógica sugere
e solicita que
tudo que
venhamos a
receber dos
Espíritos, por
via mediúnica,
seja submetido à
avaliação do
raciocínio, do
bom senso. Se
escapar deles,
que seja
rejeitado.
Como orienta
Erasto: “(...)
Na dúvida,
abstém-te, diz
um dos vossos
velhos
provérbios. Não
admitais,
portanto, senão
o que seja, aos
vossos olhos, de
manifesta
evidência. Desde
que uma opinião
nova venha a ser
expendida, por
pouco que vos
pareça duvidosa,
fazei-a passar
pelo crisol da
razão e da
lógica e
rejeitai
desassombradamente
o que a razão e
o bom senso
reprovarem.
Melhor é repelir
dez verdades do
que admitir uma
única falsidade,
uma só teoria
errônea.
(...)” (capítulo
XX, item 230 de
O Livro dos
Médiuns.)
Sob o ponto de
vista da
investigação,
eis aí um
critério que
qualquer
estudioso
espírita pode
usar com
tranquilidade:
basta observar
atentamente o
que ocorre à
nossa volta ou
que venha dos
Espíritos. A
investigação,
sugerida pela
Ciência
Espírita, é
exatamente
submeter todos
os fenômenos e
ocorrências
mediúnicas (e
até mesmo
anímicas2,
acrescentamos)
ao critério dos
fundamentos e
princípios
apresentados
pelo
Espiritismo.
Estão coerentes?
Ferem os
fundamentos
doutrinários?
Sem esquecer
que,
simultaneamente,
podemos também
efetuar
pesquisa,
através de
anotações,
acompanhamentos
e métodos de
experimentação.
São, pois,
controles bem
seguros: uso da
lógica e
investigação dos
fatos. Estes são
a comprovação
daquilo que se
pesquisa ou se
busca. A lógica,
por sua vez,
coloca frente a
frente o fato
com a referência
que o raciocínio
oferece, sempre
como fruto da
observação, da
experiência e da
própria história
e fundamentação
dos reais
fenômenos das
manifestações
dos Espíritos.
Apoiados nestes
dois critérios,
não há o que
temer, desde que
nos desarmemos
da negação
simplesmente por
negação, das
implicâncias e
preferências de
ordem pessoal e
nos coloquemos
no neutro
terreno de quem
quer conhecer e
aprender,
descobrir e
investigar pelo
prazer de
aprimorar o
conhecimento.
É oportuno
recordar que
Cairbar Schutel
– fundador do
jornal O
Clarim e da
Revista
Internacional de
Espiritismo
–, no livro
Médiuns e
Mediunidades3,
justamente
estudando a
questão
mediúnica e com
embasamento em
O Livro dos
Médiuns,
traz importante
esclarecimento.
Na Exposição
Preliminar,
Cairbar declara:
“(...) em vez
de ser uma
explanação, com
larga
dissertação de O
Livro dos
Médiuns, esta
obra é dele um
resumo. (...) O
Espiritismo,
exposto aos
leitores em
síntese, tal
como o fazemos,
proporciona duas
vantagens bem
nítidas:
primeira, a de
dar àqueles que
nos leem a
expressão
nítida, clara,
racional da sua
doutrina, que
abrange as
esferas
religiosa,
filosófica e
científica;
segunda, a de
guiá-los a mais
altos
empreendimentos,
infundindo-lhes
nas almas o
desejo de
aprofundar a
Revelação nova,
que veio iniciar
uma nova era no
progresso dos
povos. Tal é
nosso intuito ao
lançar à
publicidade este
livrinho, em
cujas páginas,
estamos certos,
os leitores
encontrarão
alguma coisa de
proveito
(...)”.
É o que nos
ensina também a
atenta
observação nos
estudos com a
Escala Espírita,
indicando os
diferentes
estágios de
progresso dos
Espíritos,
progresso esse
que pode ser
estimulado de
forma abrangente
com a difusão do
Espiritismo.
Notas:
1. 2ª
edição (1995) do
IDE-Araras,
tradução de
Salvador Gentile.
O destaque em
negrito é do
autor da
presente
abordagem.
2. Vide capítulo
VI da segunda
parte, na citada
obra.
3. Edição da
Casa Editora O
Clarim, de Matão
(SP).