SIDNEY FRANCEZ
FERNANDES
1948@uol.com.br
Bauru, São Paulo
(Brasil)
A segunda chance
Reencarnar
dá trabalho.
Requer intenso
estudo de nossas
necessidades
espirituais.
Quando nosso
merecimento
permite essa
oportunidade,
tem que contar
também com a
participação de
engenheiros da
espiritualidade
que irão
preparar o
corpo, os pais,
o local, a
profissão, os
futuros filhos e
as condições de
trabalho e
resgate que nos
serão
oferecidos.
Trata-se,
portanto, de um
verdadeiro
investimento da
espiritualidade.
Naturalmente, há
muitas
expectativas de
mentores e
amigos que, de
certa forma,
“apostam” em
nós.
“Patrocinam” a
nova chance que
nos é
proporcionada.
Se em algum
momento nos
desviamos do
caminho traçado,
se nos
distanciamos da
rota, sonoros
alarmes são
disparados na
espiritualidade.
Claras e
decisivas
providências são
adotadas para
que ocorra o
“redirecionamento”
das nossas
vidas. Para que
não se percam os
esforços e os
objetivos a que
nos propomos, os
Espíritos se
utilizam de
meios para nos
chamar a
atenção.
Em “Uma Segunda
Chance” – filme
estrelado por
Harrison Ford,
do cineasta Mike
Nichols,
conhecemos a
história de
Henri. Um
advogado
inescrupuloso,
desonesto,
insensível,
arrogante e
oportunista.
Maquiavélico,
não hesita em
usar todos os
meios para
alcançar seus
fins. Até que
ocorre um
incidente. Ao
entrar numa loja
de conveniência
que está sendo
assaltada, leva
dois tiros. Um
na testa, numa
parte dura da
cabeça. O
segundo atinge
uma artéria do
seu coração.
Interrompe o
fluxo sanguíneo
de seu cérebro.
A partir daí
Henri não mais
se movimenta,
não mais fala,
nem mais se
lembra de
qualquer coisa.
Passa por
intensa
fisioterapia que
lhe restitui
parte dos
movimentos. Mas,
a maior
transformação de
Henri está em
seu espírito. O
choque faz com
que ele repense
sua vida. E ele
realmente se
modifica para
melhor,
tornando-se um
bom homem. O
sofrimento muda
a sua vida!
De uma certa
forma
encontramos na
história desse
filme o que
Richard
Simonetti narrou
em seu romance
“Mudança de
Rumo”. Conta a
história de um
espírita que
havia-se
distanciado da
observância
moral, motivado
pelas exigências
e tentações
humanas. Estava
literalmente
“botando os pés
pelas mãos” e
desperdiçando as
oportunidades da
jornada
terrestre.
Eis que uma EQM
– Experiência de
Quase Morte
– lhe dá plena
visão da
paisagem
resultante de
seus desvios. A
partir daí passa
a motivar-se
plenamente para
o seu esforço de
renovação.
Sinceramente
pede ajuda a
Deus e seus
Espíritos
protetores e
“cria juízo”.
“Desperta” para
suas obrigações
espirituais e
aproveita a
maravilhosa
oportunidade que
Deus havia-lhe
concedido na
abençoada escola
da reencarnação.
Relembramos
ainda, nessa
linha de
pensamento, a
experiência de “Scrooge”,
do inesquecível
conto de Charles
Dickens “Os Três
Espíritos do
Natal”. O velho
sovina recebe as
visitas dos
Espíritos dos
Natais Passados,
do Presente e do
Futuro.
Conscientiza-se
da sua
mesquinhez e das
consequências
que o aguardam
na vida após a
morte. As
visitas dos
espíritos
“mexem” com
Scrooge, que
passa a
considerá-los
verdadeiros
benfeitores de
uma “segunda
chance” que Deus
está-lhe
proporcionando.
Scrooge
aproveita-se
dessa
oportunidade
para mudar sua
vida para
melhor,
tornando-se
efetivamente um
bom e generoso
homem.
Nas três
situações que
apresentamos – a
de Henri, em
“Uma Segunda
Chance”, a do
livro “Mudança
de Rumo”, de
Richard
Simonetti e na
experiência de
Scrooge, do
conto de Charles
Dickens, vemos
claramente as
mãos dos
mentores
espirituais,
tentando
“salvar”
criaturas que
estão se
desviando do
caminho certo da
vida.
No entanto,
estaremos
redondamente
enganados se
concluirmos que
a tolerância da
espiritualidade
não tem limites.
As novas
oportunidades
geralmente não
são muito
suaves. E quando
não as
aproveitamos,
ah! É melhor,
como diriam os
antigos,
“colocar as
barbas de
molho”, pois daí
para a frente
vem “chumbo
grosso”...
Se desperdiçamos
as derradeiras
tentativas de
recuperação dos
amigos
espirituais,
é melhor nos
prepararmos para
longos períodos
nas moradas
escuras da
erraticidade e
futuras
encarnações
dolorosas e
solitárias.