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Crônicas e Artigos

Ano 4 - N° 195 - 6 de Fevereiro de 2011

SIDNEY FRANCEZ FERNANDES
1948@uol.com.br

Bauru, São Paulo (Brasil)
 

A segunda chance


Reencarnar dá trabalho. Requer intenso estudo de nossas necessidades espirituais. Quando nosso merecimento permite essa oportunidade, tem que contar também com a participação de engenheiros da espiritualidade que irão preparar o corpo, os pais, o local, a profissão, os futuros filhos e as condições de trabalho e resgate que nos serão oferecidos.

Trata-se, portanto, de um verdadeiro investimento da espiritualidade. Naturalmente, há muitas expectativas de mentores e amigos que, de certa forma, “apostam” em nós. “Patrocinam” a nova chance que nos é proporcionada.

Se em algum momento nos desviamos do caminho traçado, se nos distanciamos da rota, sonoros alarmes são disparados na espiritualidade. Claras e decisivas providências são adotadas para que ocorra o “redirecionamento” das nossas vidas. Para que não se percam os esforços e os objetivos a que nos propomos, os Espíritos se utilizam de meios para nos chamar a atenção.

Em “Uma Segunda Chance” – filme estrelado por Harrison Ford, do cineasta Mike Nichols, conhecemos a história de Henri. Um advogado inescrupuloso, desonesto, insensível, arrogante e oportunista. Maquiavélico, não hesita em usar todos os meios para alcançar seus fins. Até que ocorre um incidente. Ao entrar numa loja de conveniência que está sendo assaltada, leva dois tiros. Um na testa, numa parte dura da cabeça. O segundo atinge uma artéria do seu coração. Interrompe o fluxo sanguíneo de seu cérebro. A partir daí Henri não mais se movimenta, não mais fala, nem mais se lembra de qualquer coisa.

Passa por intensa fisioterapia que lhe restitui parte dos movimentos. Mas, a maior transformação de Henri está em seu espírito. O choque faz com que ele repense sua vida. E ele realmente se modifica para melhor, tornando-se um bom homem. O sofrimento muda a sua vida! 

De uma certa forma encontramos na história desse filme o que Richard Simonetti narrou em seu romance “Mudança de Rumo”. Conta a história de um espírita que havia-se distanciado da observância moral, motivado pelas exigências e tentações humanas. Estava literalmente “botando os pés pelas mãos” e desperdiçando as oportunidades da jornada terrestre.

Eis que uma EQM – Experiência de Quase Morte – lhe dá plena visão da paisagem resultante de seus desvios. A partir daí passa a motivar-se plenamente para o seu esforço de renovação. Sinceramente pede ajuda a Deus e seus Espíritos protetores e “cria juízo”. “Desperta” para suas obrigações espirituais e aproveita a maravilhosa oportunidade que Deus havia-lhe concedido na abençoada escola da reencarnação.

Relembramos ainda, nessa linha de pensamento, a experiência de “Scrooge”, do inesquecível conto de Charles Dickens “Os Três Espíritos do Natal”. O velho sovina recebe as visitas dos Espíritos dos Natais Passados, do Presente e do Futuro. Conscientiza-se da sua mesquinhez e das consequências que o aguardam na vida após a morte. As visitas dos espíritos “mexem”  com Scrooge, que passa a considerá-los verdadeiros benfeitores de uma “segunda chance” que Deus está-lhe proporcionando. Scrooge aproveita-se dessa oportunidade para mudar sua vida para melhor, tornando-se efetivamente um bom e generoso homem.

Nas três situações que apresentamos – a de Henri, em “Uma Segunda Chance”, a do livro “Mudança de Rumo”, de Richard Simonetti e na experiência de Scrooge, do conto de Charles Dickens, vemos claramente as mãos dos mentores espirituais, tentando “salvar” criaturas que estão se desviando do caminho certo da vida.

No entanto, estaremos redondamente enganados se concluirmos que a tolerância da espiritualidade não tem limites. As novas oportunidades geralmente não são muito suaves. E quando não as aproveitamos, ah! É melhor, como diriam os antigos, “colocar as barbas de molho”, pois daí para a frente vem “chumbo grosso”...

Se desperdiçamos as derradeiras tentativas de recuperação dos amigos espirituais, é melhor nos prepararmos para longos períodos nas moradas escuras da erraticidade e futuras encarnações dolorosas e solitárias.


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita