MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Nos Domínios da
Mediunidade
André Luiz
(Parte
37)
Damos continuidade ao
estudo da obra
Nos Domínios da
Mediunidade,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1954 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Como André Luiz descreve o ectoplasma?
O ectoplasma lhe pareceu qual pasta flexível, à
maneira de uma geleia
viscosa e semilíquida,
expelida do corpo do
médium através de todos
os poros e, com mais
abundância, pelos
orifícios naturais,
particularmente da boca,
das narinas e dos
ouvidos, com elevada
percentagem a
exteriorizar-se
igualmente do tórax e
das extremidades dos
dedos. A substância,
caracterizada por um
cheiro especialíssimo,
escorria em movimentos
reptilianos,
acumulando-se na parte
inferior do organismo
medianímico, onde
apresentava o aspecto
de grande massa
protoplásmica, viva e
tremulante. Segundo
Aulus, o ectoplasma está
em si tão associado ao
pensamento do médium,
quanto as forças do
filho em formação se
encontram ligadas à
mente maternal.
(Nos Domínios da
Mediunidade, cap. 28,
pp. 261 e 262.)
B. Podemos considerar a
mediunidade de efeitos
físicos um privilégio
outorgado a certas
pessoas?
Não. Possuir essa
faculdade não constitui
nenhum privilégio para
os seus portadores, nem
traduz sublimação, mas
meio de serviço. As
forças materializantes
independem do caráter e
das qualidades morais
dos que as possuem,
constituindo emanações
do mundo psicofísico,
das quais o citoplasma
é uma das fontes de
origem.
(Obra citada, cap. 28, pp. 263 e 264.)
C. No fenômeno da
materialização de
Espíritos, o pensamento
do médium exerce alguma
influência?
Sim. O pensamento do
médium pode influir nas
formas materializadas,
mesmo quando essas
formas se encontrem sob
rigoroso controle dos
Espíritos. Eis por que
se requer completa
isenção de ânimo por
parte de todos que se
devotam a semelhantes
realizações. As forças
materializantes são como
as demais forças
manipuladas pelos
Espíritos nas tarefas de
intercâmbio. Médiuns
possuídos de interesses
inferiores, seja em
matéria de afetividade
mal conduzida, de
ambição desregrada ou de
pontos de vista
pessoais, nos diversos
departamentos das
paixões comuns, podem
influir de forma
negativa nesses
trabalhos, do mesmo modo
que os demais
participantes da sessão
imbuídos dos mesmos
propósitos.
(Obra citada, cap. 28,
pp. 263 e 264.)
Texto para leitura
117. Cada aventura menos digna tem seu preço
- Hilário, que refletia
silencioso, inquiriu
preocupado: "Por que se
entregam nossos irmãos
encarnados a
semelhantes práticas de
menor esforço? Há tantas
lições de aprimoramento
espiritual, há tantos
apelos à dignificação da
mediunidade, nas linhas
doutrinárias do
Espiritismo!... Por que
o desequilíbrio?" O
Assistente esclareceu
que eles não se achavam
ali diante da Doutrina
do Espiritismo:
"Presenciamos fenômenos
mediúnicos, manobrados
por mentes ociosas,
afeiçoadas à exploração
inferior por onde
passam, dignas, por
isso mesmo, de nossa
piedade. E não ignoramos
que fenômenos
mediúnicos são
peculiares a todos os
santuários e a todas as
criaturas". Explicando
por que os encarnados
muitas vezes preferem a
convivência com
desencarnados presos ao
campo sensorial da vida
física, Aulus
asseverou: "É sempre
mais fácil ao homem
comum trabalhar com
subalternos ou iguais,
porque servir ao lado de
superiores exige boa
vontade, disciplina,
correção de proceder e
firme desejo de
melhorar-se". "Sabemos
que a morte não é
milagre. Cada qual
desperta, depois do
túmulo, na posição
espiritual que procurou
para si... Ora, o homem
vulgar sente-se mais à
solta junto das
entidades que lhe
lisonjeiam as paixões,
estimulando-lhe os
apetites, de vez que
todos somos
constrangidos a
educar-nos, na
vizinhança de
companheiros evolutivos,
que já aprenderam a
sublimar os próprios
impulsos, consagrando-se
à lavoura incessante do
bem." Quanto aos abusos
que se praticavam
naquela reunião, Aulus
informou: "Quando o erro
procede da ignorância
bem-intencionada, a Lei
prevê recursos
indispensáveis ao
esclarecimento justo no
espaço e no tempo,
porquanto a genuína
caridade, sob qualquer
título, é sempre
venerável. Entretanto,
se o abuso é
deliberado, não faltará
corrigenda". Naquele
caso concreto, Teotônio
e Raimundo (os
desencarnados) eram mais
vampirizados que
vampirizadores.
Fascinados pelos apelos
de Quintino (o
dirigente) e dos
médiuns, seguiam-lhes
os passos, como
aprendizes que seguem
seus mentores. Se não se
reajustarem no bem, tão
logo se desencarnem, o
dirigente do grupo e os
médiuns serão
surpreendidos pelas
entidades que
escravizaram, a lhes
reclamarem orientação e
socorro e,
provavelmente, mais
tarde, se unirão pelos
laços de família, na
condição de pais e
filhos, para acertar
contas, recompor
atitudes e alcançar
assim pleno equilíbrio
nos débitos em que se
emaranharam. "Cada
serviço nobre recebe o
salário que lhe diz
respeito e cada aventura
menos digna tem o preço
que lhe corresponde",
concluiu o Assistente.
(Cap. 27, págs. 255 a
257)
118. Sessão de materialização - Na noite
seguinte, André foi a
acanhado apartamento, no
qual se realizariam
trabalhos de
materialização, assunto
que ele já havia
explanado em seu livro
"Missionários da Luz". O
recinto destinado à
reunião constituía-se de
duas peças, uma sala de
estar ligada a estreito
quarto de dormir. Neste,
transformado em
gabinete, situava-se o
médium, um homem ainda
moço, e na sala
espalhavam-se quatorze
pessoas, das quais se
destacavam duas senhoras
enfermas, motivo
principal da sessão, uma
vez que pretendiam
recolher a assistência
amiga dos Espíritos
materializados.
Indicando-as, disse
Aulus: "Venho com vocês
até aqui, considerando
as finalidades do
socorro aos enfermos,
porque, embora sejam
muitas as tentativas de
materialização de forças
do nosso plano, na
Terra, com raras
exceções quase todas se
desenvolvem sobre
lastimáveis alicerces
que primam por infelizes
atitudes dos nossos
irmãos encarnados". E
acrescentou: "Só os
doentes, por enquanto,
no mundo, justificam a
nosso ver o esforço
dessa espécie, junto
das raras experiências,
essencialmente
respeitáveis e dignas,
realizadas pelo mundo
científico, em benefício
da Humanidade". A
conversação não pôde
prosperar, porque
diversos obreiros iam e
vinham, dando a perceber
que chegara o momento de
iniciar-se a sessão. A
higienização
processava-se ativa.
Aqui surgiam aparelhos
delicados para a emissão
de raios curativos,
acolá se efetuava a
ionização do ambiente,
com efeitos
bactericidas, mas
alguns encarnados, como
costuma acontecer
habitualmente, não
tomavam a sério as
responsabilidades do
assunto e traziam
consigo emanações
tóxicas, oriundas do
abuso de nicotina, carne
e aperitivos, além das
formas-pensamentos menos
adequadas à seriedade da
tarefa. (Cap. 28, págs.
259 e 260)
119. O ectoplasma - Dezenas de entidades
bem comandadas e
evidenciando as melhores
noções de disciplina
articulavam-se no
esforço preparatório da
reunião. O médium já
havia recebido eficiente
amparo no campo
orgânico. A digestão e a
circulação, tanto quanto
o socorro às vísceras
já eram problemas
solucionados. Apagada a
luz elétrica e
pronunciada a oração
inicial, o grupo passou
a entoar hinos
evangélicos, para
equilibrar as vibrações
do recinto. Entidades
extraíam forças de
pessoas e coisas da
sala, inclusive da
Natureza em derredor, as
quais, casadas aos
elementos da esfera
espiritual, faziam do
gabinete mediúnico
precioso e complicado
laboratório.
Correspondendo à atuação
magnética dos mentores
responsáveis, o médium
desdobrou-se,
afastando-se do veículo
físico, de modo tão
perfeito que o ato em si
mais parecia a própria
desencarnação, porque
seu corpo jazia no
leito, como se fora um
casulo de carne, largado
e inerte. O veículo
físico começou, então, a
expelir o ectoplasma,
qual pasta flexível, à
maneira de uma geleia
viscosa e semilíquida,
através de todos os
poros e, com mais
abundância, pelos
orifícios naturais,
particularmente da boca,
das narinas e dos
ouvidos, com elevada
percentagem a
exteriorizar-se
igualmente do tórax e
das extremidades dos
dedos. A substância,
caracterizada por um
cheiro especialíssimo,
escorria em movimentos
reptilianos,
acumulando-se na parte
inferior do organismo
medianímico, onde
apresentava o aspecto
de grande massa
protoplásmica, viva e
tremulante. (N.R.: O
vocábulo protoplásmica
diz respeito a
protoplasma, que
significa o conteúdo
celular vivo, formado
principalmente de
citoplasma e núcleo.)
Enquanto isso ocorria, o
médium, separado da
vestimenta física,
recebia carinhosa
assistência dos
Espíritos, como se fora
um doente ou uma
criança. Aulus explicou:
"O ectoplasma está em si
tão associado ao
pensamento do médium,
quanto as forças do
filho em formação se
encontram ligadas à
mente maternal. Em razão
disso, toda a cautela é
indispensável na
assistência ao
medianeiro". Tal cuidado
decorria da
possibilidade de
inconveniente
intervenção do médium
nos trabalhos e seria
desnecessário se o
médium fosse
adequadamente preparado
para a tarefa, porque aí
ele mesmo colaboraria
junto das entidades,
evitando-lhes
preocupações e
contratempos. "A
materialização de
criaturas e objetos de
nosso plano, para ser
mais perfeita, exige
mais segura
desmaterialização do
médium e dos
companheiros encarnados
que o assistem",
acrescentou o
Assistente. (Cap. 28,
págs. 261 e 262)
120. Mediunidade é meio de serviço -
Aulus esclareceu ainda
que o pensamento do
médium pode influir nas
formas materializadas,
mesmo quando essas
formas se encontrem sob
rigoroso controle dos
Espíritos. Eis por que
se requer completa
isenção de ânimo por
parte de todos que se
devotam a semelhantes
realizações. Possuir
essas faculdades não
constitui, pois, nenhum
privilégio para os seus
portadores. Mediunidade
não traduz sublimação,
mas meio de serviço. As
forças materializantes
são como as demais
forças manipuladas pelos
Espíritos nas tarefas de
intercâmbio. Independem
do caráter e das
qualidades morais dos
que as possuem,
constituindo emanações
do mundo psicofísico,
das quais o citoplasma
é uma das fontes de
origem. "Em alguns raros
indivíduos – informou
Aulus –, encontramos
semelhante energia com
mais alta percentagem
de exteriorização,
contudo, sabemos que ela
será de futuro mais
abundante e mais
facilmente abordável,
quando a coletividade
humana atingir mais
elevado grau de
maturação." Até lá, os
Espíritos valem-se
dessas possibilidades
como quem aproveita um
fruto ainda verde,
suportando, porém, o
assédio de mil surpresas
desagradáveis ao
recolhê-lo, porque, em
experiências como esta,
eles se submetem a
interferências
mediúnicas indesejáveis,
tanto quanto a
influências menos
edificantes de
companheiros encarnados,
inaptos para tais
serviços. Médiuns
possuídos de interesses
inferiores, seja em
matéria de afetividade
mal conduzida, de
ambição desregrada ou de
pontos de vista
pessoais, nos diversos
departamentos das
paixões comuns, podem
influir de forma
negativa nesses
trabalhos, do mesmo modo
que os demais
participantes da sessão
imbuídos dos mesmos
propósitos. (Cap. 28,
págs. 263 e 264) (Continua no próximo
número.)