ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, Minas Gerais (Brasil)
“Justiça”
rápida e implacável
O
momento
de
um
Espírito
“entrar”
ou
“sair” da vida
é tão-somente da
alçada de
Deus
“À proporção que
se instrui, o
homem vai
compreendendo
melhormente o que é
justo e
injusto
e repudia os excessos
cometidos,
nos tempos de ignorância,
em nome da
justiça.”
- O
Livro
dos
Espíritos.
Q. 762.
A
justiça
brasileira,
histórica e consuetudinariamente
emperrada, vai deixando
pilhas de processos aguardando
providências...
Sem embargo, ela
agiu
rápida e
fatalmente
ao
condenar
recentemente
à
morte,
por aborto, um feto portador
de exencefalia,
em
Belo Horizonte.
Os
Benfeitores
Espirituais
afirmam
que
só
existe
um
aborto
terapêutico justificável, portanto, isento
de consequências danosas
junto à Lei Divina: É quando a vida da mãe
corre
perigo.
Só - única e exclusivamente
- neste
caso é
permitido.
Compreendemos,
assim, que
nem mesmo
nos gravíssimos
casos
de
fetos
anencefálicos se
justifica o aborto. Deus não faz absolutamente
nada sem
sentido. O
Espírito
submetido a uma
situação
dessas está – sem dúvida – (junto com os pais) esvurmando uma empola
má de
sua
economia
espiritual.
Em
um
absurdo
artigo publicado numa revista de
circulação nacional,
lemos: “(...) quando se combate o aborto de um feto sem cérebro não se
está defendendo a vida –
defende-se
só um dogma religioso que
abomina a
interrupção
de uma vida, mesmo em estágio intrauterino, mesmo
sem chance
de
sobrevivência”.
Ledo
engano,
senhor articulista!...
Não se
trata
tão-somente de um dogma religioso, mas
de
respeito
à vida. O momento de um Espírito “entrar”
ou “sair” da vida é exclusivamente
da
alçada de
Deus.
Nenhum
homem
pode
condenar
um ser humano à morte, seja lá em que situação
for...
Ainda
que
debalde,
protestamos – indignados
–
contra tal artigo, visto que nossa consciência
não nos
permitiria
ficar
em
paz com
a
omissão.
Mas,
no
caso do feto exencefálico da capital mineira, a normalmente morosa
justiça brasileira funcionou com incrível e fatal rapidez,
acoroçoando o mencionado
artigo, que lhe serviu
de base argumentativa.
Tanto que, segundo nota encomiástica da própria
revista, em uma edição
seguinte, lemos –
perplexos –
sob
a
epígrafe
“Justiça
Rápida”,
o
seguinte:
Uma
advogada
residente em Belo Horizonte escreve para falar de uma vitória que obteve nos tribunais com a ajuda do artigo “Em favor do aborto – e da Vida”,
nos seguintes termos:
“Fui procurada
por
um casal
vítima do
infortúnio
de uma
gravidez
cujo
feto é portador
de exencefalia. Buscando
subsídio
no artigo, distribuí a ação no
dia seguinte
e,
em plenas
férias
forenses, logrei obter
a
resposta
satisfatória
em cinco
dias”.
A
advogada
conseguiu na
justiça que seus clientes tivessem o direito
de
optar
pelo aborto do feto, vítima de grave
e
insanável
problema
de
saúde e
sem
chance de
sobrevivência.
“Agradeço ao articulista
por suas ideias, ao juiz
e a
todos
que
contribuíram,
sem
burocracia
nem maiores
delongas, para
um desfecho
rápido e eficaz
do
caso”,
escreveu a advogada.
Lendo, estarrecido,
esse
desdobramento criminoso da situação
do
indefeso e
infeliz
feto, ficamos cá,
com nossos
botões, dando
tratos
à
bola: Diz
a
advogada:
“desfecho
rápido e eficaz
do
caso”.
Engana-se
redondamente!
O
caso
está
apenas
começando...
Não
é
agouro,
mas
não me
surpreenderia
nada se,
numa reencarnação
futura, a tal advogada, devidamente casada
com o tal articulista, fossem convocados
pelas
Leis
Divinas a
devolver
a
oportunidade
reencarnatória a esse pobre Espírito, ora
abortado
por
suas
nefastas
diligências...
O juiz que lavrou
a
sentença
de
morte
pelo aborto, seria, sem dúvida, o
dedicado e “coruja”
avô da criança.
E
todos
aqueles
que contribuíram “sem
delongas
burocráticas”
para
tal
cruento e
impiedoso
assassinato, seriam os titios do bebê portador de problemas
mentais, do qual
cuidariam
com
muito
amor, acertando
assim
suas contas
com a legislação
divina.
Com
esse
desfecho
sim, o caso
estaria encerrado,
visto que, segundo as
escrituras neotestamentárias, “o
amor
cobre a multidão
de
pecados”.
Não
é
sem
motivo
que Jesus sempre
dizia: “Até
quando vos
sofrerei?!”