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Crônicas e Artigos

Ano 4 - N° 199 - 6 de Março de 2011

JANE MARTINS VILELA
limb@sercomtel.com.br
Cambé, Paraná (Brasil)
 

Fortaleza de ânimo


“... Assim, pois, meus caros filhos, que uma santa emulação vos anime, e que cada um dentre vós despoje energicamente o homem velho. Deveis tudo à divulgação deste Espiritismo que já começou a vossa própria regeneração...” – François-Nicolas-Madeleine (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V – item 20.)

Bendito o Cristianismo, doutrina sublime de Jesus que nos ensina a amar! Bendito Espiritismo, fruto límpido dessa doutrina cristã, trazendo-nos de novo o Cristianismo como deve ser e a consolação, a esperança em horas de amargura!

Felizes aqueles que aproveitam as dores deste mundo para se despojarem do homem velho, compreendendo com dignidade que a felicidade ainda não é deste mundo – lampejos de felicidade, sim.

Estávamos em nossa cidade natal, em Minas Gerais, quando uma querida amiga espírita nos chamou para darmos passe num bondoso irmão, que houvera sido alguém ilustre na cidade.

Relativamente jovem, uns 60 anos, pouco mais, pouco menos. Teve três infartos sucessivos, ficou na UTI quase um mês e teve alta para casa, não mais como antes, não mais a manifestação verbal fluente, a palavra culta, a ação generosa. Estava preso no leito.

Ao chegarmos, lá estava ele, rosto sereno, traqueostomia, alimentação endovenosa, muito limpo, nenhuma escara, muito bem cuidado, como que dormindo, como nada vendo...

Sabemos que o Espírito ouve, vê e escuta, os limites são do corpo. O cérebro, profundamente lesado, não permite a manifestação do Espírito. Ele já era espírita, e observamos uma aceitação da prova na atitude, rosto sereno, tranquilo.

Já vimos muitos nessa situação gritando, gemendo, expressando sua atitude de não-aceitação.

Ele não; mantinha-se tranquilo. Sua esposa revelava um aspecto de profunda humildade. Percebemos para quem era a prova real. A dor provocou mudanças, eliminou o ser antigo e outro, humilde, surge no lugar. A senhora antes, desde pequena, dizem os que a conheceram jovem, era o retrato de uma grande dama, da antiga nobreza, um ar sobranceiro à primeira vista, mas quando se a conhecia, isso desaparecia.

A dor fez mudanças, a humildade assumiu, venceu. Conversando com ela, vimos seu sofrimento, sua dor. Ver o ser amado, que era uma potência intelectual, brilhante, assim, deitado, sem responder, faz amargar uma profunda saudade de ontem.

Bendita Doutrina Espírita que ela começou a abraçar, permitindo o Evangelho em seu lar e o passe!

Lembrando Lacordaire, ainda no capítulo V, item 18, compilamos: “Bem-aventurados aqueles que têm oportunidades de provarem sua fé, sua firmeza, sua perseverança e sua submissão à vontade de Deus, porque terão em cêntuplo a alegria que lhes falta na Terra, e depois do trabalho virá o repouso.”

Coragem, irmãos em dor! Deixemos assentadas as casas sobre a rocha, na fé viva que essa doutrina nos dá e nos mantenhamos fiéis a Jesus, cumprindo nossos compromissos de amor na Terra sem esmorecer!

Esse nosso irmão e sua família estavam muito bem amparados. Uma brisa suava encobria energeticamente o ambiente.

Coragem, amigos, o amor nos ampara.

Bom ânimo! Quaisquer que sejam os sofrimentos por que passemos, o amor nos sustentará.


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita