Somos
Espíritos
"A alma é insuscetível de
destruição;
é
ela
que
vivifica o
corpo;
traz consigo a vida onde aparece. Não
recebe a
morte — é
imortal." (SÓCRATES.)
“Deus
não realizaria para
nós tantas
maravilhas,
se
com a
morte
do
corpo
acabasse
também
a
vida da
alma.” (SANTO
AGOSTINHO.)
Vários
indivíduos,
os
quais
interpretam a Bíblia unicamente pelo modo literal,
baseiam-se
em Gênesis 1,26 e pensam que Deus, um Ser
Imaterial,
pode
ter uma
imagem, e
que esta
é
igual
ao
Homem. Se
as
pessoas
olhassem
este
livro
com uma visão
simbólica, a
qual é
mais
elevada, veriam
que
a
verdade de
um
determinado texto
bíblico ficaria
plenamente transparente e totalmente
visível, mesmo,
essa
citação
sendo recoberta pela letra.
Exemplificando,
lembremos da
cruz;
para
alguns, ela
é
um
símbolo
muito mais
profundo
que os
dois
pedaços de
madeira
superpostos. Voltando
em
Gênesis 1,26, veremos
que a
expressão
“imagem
e
semelhança”
pode
ser
compreendida de uma
forma
mais lógica
e
racional.
No
Novo
Testamento,
vemos o
apóstolo
João
em
seu Evangelho,
mais especificamente no
quarto
capítulo, no
versículo
vigésimo quarto,
afirmar com segurança que “Deus é Espírito”.
Assim, visto
que, até
nas
Escrituras,
o Altíssimo não é tido como
uma personalidade, e é
sabido que o Supremo Arquiteto do Universo
tem uma
Inteligência
Superior, cremos não estar Ele ligado às coisas materiais,
como a aparência
que é física, aliado ao
fato de
estar
em um
grau evolutivo
muitíssimo
superior
ao Ser
Humano. É fácil
concluir, bastando-nos raciocinar que a parecença
aludida
por
Moisés, existente entre o Criador
e
Sua
Criação
Principal, é unicamente
Espiritual.
Ora, não
devemos
rebaixar o
Pai
Maior ao tamanho
minúsculo de seus
filhos, afinal
de
contas, é
incomensurável
a
distância
evolutiva
que medeia os dois.
Ainda na
Segunda
Revelação, em
João 20,29, notamos o
Divino
Jardineiro
interpelar o seu
discípulo Tomé: “Porque
me viste, creste?” E conclui sabiamente:
“Bem-aventurados
os
que
não viram e creram”. Aqui, além de o
Excelso Rabi
referir-se ao
seu
próprio
aparecimento, mostra-nos que têm mais importância as coisas
invisíveis às outras. Tendo ciência de que
somos
seres
duais,
fato esse
corroborado
por Paulo
(o apóstolo do Evangelho),
quando em
sua primeira
carta aos Coríntios, no décimo quinto capítulo, no versículo
quadragésimo quarto,
disse
que “há
corpo
animal e
espiritual”
e
logo
mais
adiante,
quando
fala
que “carne
e
sangue
não
podem
herdar o
reino
de
Deus” (I
Coríntios 15,50),
fica-nos claro que o nosso segundo envoltório está em
primeiro lugar,
e é
para
este
que devemos direcionar
as
atenções,
não
para o corpo físico, o qual
perderá a
vitalidade
com
a
morte, será
enterrado e
consequentemente
decomposto
com o tempo.
No princípio de “O Livro
dos
Espíritos”,
logo
na
sexta
parte
de
sua
introdução,
é-nos
dito
que
“a
alma é
um
Espírito
encarnado”
e
que
“deixando o
corpo, a
alma
volve ao
mundo
dos
Espíritos,
donde saíra, para passar
por
nova existência
material, após
um lapso
de
tempo
mais
ou menos
longo, durante
o
qual
permanece
em
estado de
Espírito
errante”. No
cerne
dessa obra literária,
mais exatamente
na
questão 85, é
perguntado “qual
dos
dois, o mundo espírita ou o mundo
corpóreo, é o
principal, na
ordem
das
coisas?”.
Os
Espíritos
nos respondem
clara
e
sucintamente
que
“O
mundo
espírita,
que preexiste e sobrevive a tudo”. Um pouco mais adiante,
observamos na
pergunta 254,
que: a
fadiga (como
a entendemos)
pertence exclusivamente aos humanos;
perceberemos na 257,
que o verdadeiro sofrimento é moral,
não físico;
além disso, no
mesmo
lugar, notamos
que
quem vê,
ouve,
enfim,
quem
sente
tudo é o
Espírito;
na 939, ficamos sabendo
que quem ama também é este; em “O Evangelho
segundo o
Espiritismo”,
no capítulo 5, no item
20, certificamo-nos de
que a felicidade não
é deste
orbe.
Tendo tudo isso em vista, e devido
ao
fato de
que
Jesus é
um
Espírito de primeira grandeza,
temos
certeza
absoluta
de
que
Ele
não sofreu com
as
dores dos
golpes
que Lhe
foram infligidos.
Que fique claro: “sabemos que
o
Cristo
sentiu as
pancadas
físicas, apenas
não padeceu com
estas”.
Entendamos
devidamente os
dizeres
do
Sublime
Mestre
Nazareno e, na
medida
do possível, imitemos os
dizeres
do Sábio dos Sábios,
quando Este
se referiu a Pôncio
Pilatos, falando
que
seu reino
não era
desse
mundo
(João 18,36).
*
Caros
leitores,
estando nós, cientes
desta duplicidade e
certos de que o Espírito
é
superior
à
carne,
compreenderemos
melhor nosso viver
cotidiano
e, consequentemente,
seremos
mais
tranquilos e
felizes.
Tendo em vista todo o exposto anteriormente citado e devido
ao
fato de
que
ora estamos
encarnados
e
em
outro
momento encontramo-nos desencarnados, não temos dúvidas
em afirmar “que somos Espíritos”
e
não
que
simplesmente o possuímos.