MARCUS
VINICIUS DE AZEVEDO
BRAGA
acervobraga@gmail.com
Guará II, Distrito
Federal (Brasil)
Predição do futuro causa
polêmica em meio
acadêmico
Causou furor na Imprensa
pátria (Portal
G1-11.01.2011; Correio Braziliense-31.12.2010)
o anúncio da aprovação
para publicação do
artigo do Professor
Emérito da Universidade
de Cornell-EUA, Daryl J.
Bem, na renomada Revista
científica “The Journal
of personality and
social psychology”, da
Universidade do
Colorado-EUA, versando
sobre a possibilidade do
ser humano prever o seu
futuro.
A prevista publicação
foi objeto de polêmica,
pois o assunto da
Percepção Extrassensorial (PES),
onde se vincula o
assunto da presciência,
pertence ao rol dos
assuntos “tabu” no meio
acadêmico, não sendo a
primeira vez que estudos
dessa natureza em
universidades causam
rebuliço nos periódicos,
inclusive no Brasil,
como no recente caso do
“Núcleo de Estudos de
Fenômenos Paranormais”
da Universidade de
Brasília.
A laicidade natural da
ciência (e assim deve
ser) não impede que os
diversos assuntos do
mundo, inclusive os
religiosos, sejam por
ela estudados. A
antropologia se ocupa
das relações do homem
com a religião,
estudando esta como
fenômeno. O que nos
impede de estudar os
fenômenos associados à
prática religiosa?
Pois foi isso que o
pesquisador
estadunidense fez.
Utilizando-se de testes
de memória baseados em
metodologia científica,
verificou que os
participantes da
pesquisa eram mais
propensos a lembrar de
objetos e palavras que
lhes seriam apresentados
posteriormente, como se
eles pudessem sentir o
que viria depois.
Despido de preconceitos
e imbuído no espírito
científico, a
experiência do Dr. Bem
teve a presciência por
seres humanos como
objeto de pesquisa,
rompendo mais uma vez a
barreira que vem desde
os tomistas, separando
objetos da ciência e da
religião, como se
tratassem de mundos
distintos e que não
tivessem zonas de
confluência.
No que tange a pesquisa
em si, os resultados não
negaram a presciência,
mas tampouco não
conseguiram comprová-la
de forma patente e
inquestionável. Mas,
como pesquisa, teve o
mérito de despertar na
comunidade acadêmica,
ainda que em meio à
polêmica, a importância
de estudos científicos
sobre esses e outros
assuntos, como a
experiência de
quase-morte (EQM), a
regressão de memória e
as curas espirituais.
Ainda que as religiões
tenham suas
interpretações sobre
essas questões,
fundamentadas nos seus
patamares filosóficos, e
o Espiritismo não se
furta nesse ponto; o
aspecto científico
dessas questões traz à
tona fatos que
enriquecem as nossas
discussões e fortalecem
ou alteram paradigmas,
inclusive os espíritas.
A ciência não pode
corroborar com o
preconceito. A questão é
que, quando um
pesquisador toma como
objeto esses assuntos, é
taxado de falta de
neutralidade, de
pseudociência e até de
misticismo. Ora, a
ciência nos serve para
revelar a essência das
coisas do mundo. Se os
fenômenos são relatados,
percebidos, noticiados;
então são dignos de
estudos, ainda que não
comunguemos das
explicações dadas pelas
religiões. Quantas
falsas verdades caíram
por terra na história da
ciência?
A teoria da presciência
-
Tratando do objeto da
pesquisa, temos que a
discussão da
possibilidade de se
prever o futuro é
ladeada por outras duas
discussões inseparáveis:
a natureza do tempo e o
livre-arbítrio. O
primeiro assunto foi
pauta dos físicos,
inclusive Albert
Einstein, na sua teoria
da relatividade, que
rompeu paradigmas sobre
o caráter absoluto do
tempo. Já transitou o
tema pela filosofia e
pela psicologia também.
O assunto do
livre-arbítrio ocupou os
filósofos e naturalmente
teve assento nos
círculos religiosos,
sendo objeto hoje dos
campos da psicologia,
matemática, sociologia e
da comunicação social.
Disputa com o
determinismo um espaço
entre extremos, de um
mundo pré-definido e a
liberdade total do ser
humano. Cabe aí a
discussão da justiça,
pois como ser imputado
do que não lhe coube
liberdade?
A nossa visão do tempo e
da capacidade do ser
humano, nessa dimensão,
compor o seu destino, é
o ponto crucial da
questão da presciência.
Se entendermos que o ser
humano goza de liberdade
para construir o seu
destino, diante dos
desafios que lhe são
apresentados, podemos
entender a teoria da
presciência como uma
visualização das provas
e percalços previstos,
em determinadas
situações.
Emmanuel, na obra “O
Consolador”, na
psicografia de Chico
Xavier, apresenta que:
– Há o determinismo e o
livre-arbítrio, ao mesmo
tempo, na existência
humana?
Determinismo e
livre-arbítrio coexistem
na vida, entrosando-se
na estrada dos destinos,
para a elevação e
redenção dos homens.
O primeiro é absoluto
nas mais baixas camadas
evolutivas e o segundo
amplia-se com os valores
da educação e da
experiência. Acresce
observar que sobre ambos
pairam as determinações
divinas, baseadas na lei
do amor, sagrada e
única, da qual a
profecia foi sempre o
mais eloquente
testemunho.
De forma a estabelecer
uma relação de
coexistência entre esses
dois extremos. Indica
também que a liberdade é
coirmã da autonomia,
como conquista gradual
no campo da luta,
inerente ao espírito,
subordinando a nossa
capacidade de andar e
escolher a nossa
maturidade, como
cocriadores.
Nesse sentido, reforça a
teoria da presciência de
Kardec prescrita em “A
gênese”, que compara a
predição ao homem alto
que da montanha vê todo
o caminho. Ver o caminho
não é dizer,
necessariamente, o
caminho que
percorreremos.
Hermínio de Miranda, no
seu livro “A memória e o
tempo”, apresenta que
existem dois ou mais
níveis de apreensão
consciente de diversas
dimensões,
simultaneamente, e que
pessoas teriam essa
capacidade. O ilustre
pesquisador espírita,
afinado com o que fala
hoje o Prof. Bem, indica
que o homem possui a
facilidade de prever o
planejado, pela
apreensão de aspectos
dimensionais que
implicam na inflexão do
tecido temporal, por
mecanismos inacessíveis
ainda a nós.
Estudos recentes no
campo da Terapia de
Vidas Passadas indicam o
fenômeno da progressão,
ou seja, a projeção de
fatos e eventos que
ainda irão ocorrer, com
vários casos relatados.
Isso não implica o fim
do livre-arbítrio, que o
futuro está demarcado, e
sim que a nossa vida
segue planejamentos,
flexíveis. Esses estudos
ratificam a ideia de
Kardec, no sentido da
manutenção do nosso
livre-arbítrio, mas
indica a existência de
planejamentos. A obra de
André Luiz, Missionários
da luz, fala claramente
desse planejamento,
quando.
Desejando, porém,
prosseguir nos
esclarecimentos, quanto
ao serviço
reencarnacionista,
Manassés tomou pequeno
gráfico e,
apresentando-me as
linhas gerais, acentuou:
- Aqui temos o projeto
de futura reencarnação
dum amigo meu. Não
observa certos pontos
escuros, desde o cólon
descendente à alça
sigmoide?
Isso indica que ele
sofrerá uma úlcera de
importância, nessa
região, logo que chegue
à maioridade física.
Trata-se, porém, de
escolha dele.
E narra posteriormente a
bela passagem da
encarnação de
Segismundo, subordinando
esse planejamento à
lógica da busca do
crescimento espiritual.
Mostra André que o
futuro é construído a
partir da realidade que
se apresenta, reforçando
a máxima que “o homem
propõe e Deus dispõe”.
Em breves palavras, nas
limitações desse artigo,
vemos que a questão da
presciência ainda traz
em si muitas dúvidas e a
colaboração da
comunidade científica,
como ousou o Prof. Bem,
é bem-vinda, em um
fenômeno cotidiano e
presente em todas as
religiões.