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Crônicas e Artigos

Ano 4 - N° 201 - 20 de Março de 2011

LEONARDO MARMO MOREIRA
leonardomarmo@gmail.com  
São José dos Campos, 
São Paulo (Brasil)
 

Aprendendo com Emmanuel: 10 ensinamentos sobre Espiritismo e a Vida
Moral

Emmanuel, além de mentor espiritual de Chico Xavier, coordenou toda a missão mediúnica do extraordinário mineiro de Pedro Leopoldo. Como se não bastasse, Emmanuel forneceu ao Movimento Espírita valiosa contribuição como autor de obras de subido valor doutrinário. O autor em questão, possuidor de vasto conhecimento evangélico, escreveu páginas extremamente profundas do ponto de vista da busca pela transformação moral à luz da Doutrina Espírita, utilizando-se de referências bíblicas em algumas obras e de citações da Codificação Kardequiana em outras, além de romances, entrevistas e outros gêneros de produção. Ademais, seus conselhos, orientações e advertências direcionadas ao pupilo Chico Xavier foram tornadas públicas pelo médium, o que gerou extraordinário material de reflexão espalhado em diversos livros que relatam casos de caráter biográfico e doutrinário relacionados à vida de Francisco Cândido Xavier.

A seguir, reunimos e analisamos algumas instruções de Emmanuel, visando aprofundar nossos estudos sobre a Doutrina espírita e nossa vida moral:

1) “Jesus, a Porta. Kardec, a Chave.”

Se Jesus representa a porta que sintetiza “o caminho, a verdade e a vida”, isto é, a via de acesso à elevação espiritual, a Codificação Kardequiana representa a fonte mais segura de informações sobre as Leis Divinas, o que permite que literalmente “decodifiquemos” muitas passagens do Mestre Nazareno que foram deturpadas ou menosprezadas pela humanidade no decorrer de dois milênios. O conteúdo doutrinário proporcionado pelo Espiritismo nos ajuda a compreender o sentido profundo das passagens evangélicas, bem como o entendimento do Evangelho corrobora e ilustra os postulados Kardequianos.

2) “Se algum dia algo que eu ensinar ficar em oposição a Kardec e Jesus, fique com eles e deixe-me.”

Assim como Allan Kardec havia asseverado em “A Gênese” que, se algum dia a Ciência provar que o Espiritismo equivocou-se em algum ponto, nós deveríamos corrigir esse ponto e seguir em harmonia com a Ciência, demonstrando sua sabedoria, humildade, visão científica e espírito de vanguarda, Emmanuel estabelece que as referências morais e doutrinárias de Chico Xavier, e, logicamente, de todos nós, deveriam ser, em primeiro lugar, a Codificação e o Evangelho.

3) “A maior caridade que nós podemos fazer pela Doutrina Espírita é a sua Divulgação.”

A Doutrina Espírita representa “Sol nas Almas”, oferecendo iluminação de consciências em um nível inédito em toda a história da humanidade terrestre. Contribuir amorosamente com a sua divulgação representa trabalho de grande responsabilidade, mas igualmente de elevado mérito espiritual, pois significa ajudar efetivamente no esclarecimento, no consolo e na transformação espiritual para melhor de toda a humanidade.

4) “Não existe bom médium, sem homem bom.”

A reforma íntima deve ser considerada tarefa prioritária a todos que almejam trabalhar na mediunidade. Pela sintonia, Espíritos afins estão sempre trocando pensamentos e fluidos, sendo que, quanto maior for a intensidade mediúnica do candidato a esse trabalho, mais intensa será a manifestação dessa interação com o mundo espiritual. Assim sendo, a mediunidade somente será uma fonte de bênçãos e oportunidades no campo do bem, se as bases morais mínimas do portador da faculdade já estiverem bem sólidas. Caso contrário, será muito difícil um trabalho disciplinado moralmente e persistente ao longo do tempo. Portanto, nossa preocupação não deve ser acentuar nosso potencial mediúnico, muitas vezes de forma precipitada, mas, sim, dar um elevado direcionamento moral às nossas existências, de maneira que possamos estar cada vez mais equilibrados e produtivos nas tarefas doutrinárias e não-doutrinárias, independentemente do tipo de serviço desempenhado.

5) “... os três requisitos da Mediunidade com Jesus: Disciplina, disciplina e disciplina.”

Todos os indivíduos apresentam em suas existências uma série de dificuldades particulares e complexidades em suas existências, sejam elas espirituais, orgânicas, familiares, profissionais, econômicas ou sociais. Outrossim, todos os Espíritos encarnados apresentam áreas de interesse pessoal, envolvendo cultura geral, diletantismo e entretenimento, dependendo de diversos fatores associados às aptidões pessoais e ao contexto atual de cada reencarnação. Desta forma, ao abraçar uma tarefa associada à espiritualidade, as cotas de esforço e perseverança devem ser elevadas, bem como a motivação e a responsabilidade para que nossas contribuições não sejam apenas “fogo de palha”, fazendo-nos agir como os “solos pedregosos” ou “solos espinhosos” da “Parábola do Semeador”.

6) “Seria recomendável que os indivíduos que optem pela cremação dos despojos carnais aguardem um intervalo de tempo mínimo de 72 horas a partir do óbito para efetuarem tal procedimento.”

Essa recomendação do Benfeitor Espiritual justifica-se, pois a falência biológica não representa a imediata desvinculação total entre Perispírito e Corpo físico. De fato, o fenômeno da total desvinculação do Corpo Espiritual em relação ao cadáver depende de uma série de fatores de natureza espiritual, tais como evolução moral; evolução intelectual, sobretudo conhecimento a respeito da vida espiritual; gênero de vida; tipo de morte; preparo espiritual da família; ambiente espiritual durante o “velório” etc. Realmente, para a grande maioria de seres humanos, tal desligamento não se opera imediatamente após a morte do corpo, fazendo-se necessário um período de adaptação à nova realidade que pode ser mais ou menos perturbadora. O respeito a esse intervalo de tempo mínimo seria interessante para que todos os laços fluídicos que mantêm o Perispírito imantado ao corpo físico fossem eliminados, evitando impactos sobre o perispírito do Espírito desencarnante.

7) “Todo esforço de hoje é uma facilidade a sorrir amanhã.”

Somos sempre senhores do nosso destino e isto ocorre através da utilização de nosso livre-arbítrio. Pela Lei de Causa e Efeito, estamos sempre afetando nosso futuro pelas atividades desenvolvidas no presente. Assim, o trabalho, compreendido como “toda atividade útil” é a base de toda conquista espiritual. De fato, somos herdeiros de nós mesmos, implicando que através do esforço e do trabalho no presente, além de diminuirmos o impacto de débitos espirituais do passado, ampliamos nossas potencialidades intelecto-morais para os desafios do futuro.

8) “Esse almeja. Aquele deve. E para realizar ou ressarcir, a vida pede preço.”

Dentro da “Lei de Justiça, Amor e Caridade” (vide “O Livro dos Espíritos”), o trabalho no bem, principalmente nas tarefas que amparem diretamente os nossos irmãos, representa novas causas de harmonização espiritual, que podem neutralizar ou pelo menos atenuar causas negativas geradas no pretérito. Obviamente, a tarefa no bem, por si mesma, gera desenvolvimento de aptidões e renovação de valores e aspirações, fomentando um “círculo virtuoso” de evolução espiritual, onde o reajuste com o passado preenche o presente, que, por sua vez, representa desenvolvimento de habilidades que tendem a gerar novas oportunidades de progresso espiritual no futuro.

9) “Acalma-te, fazendo todo o bem possível, porque, se a misericórdia divina ainda não alcançou tua esfera de lutas, permanece a caminho.”

A Misericórdia das Leis Universais sempre nos alcança, apesar de nem sempre a compreendermos imediatamente. De qualquer forma, a constância no dever e no bem constitui diretriz de segurança para que façamos jus ao auxílio espiritual desejado. Nossa produtividade no bem gera o mérito bem como a simpatia dos benfeitores maiores, uma vez que, quanto mais trabalhamos na Obra da Criação, mais vezes estaremos sendo instrumentos de Deus no auxílio aos nossos irmãos.

10) “Se o passado fornece a riqueza da experiência, nem sempre é o guia mais seguro para o presente.”

A fixação das imagens negativas, viciações e ressentimentos é hábito extremamente perturbador para o indivíduo que almeja a elevação espiritual. Indubitavelmente, a grande maioria dos Espíritos atualmente encarnados na Crosta terrestre possui lembranças tristes, mágoas, arrependimentos e traumas em maior ou menor grau. Entretanto, tais impressões negativas só impactam mais significativamente a vida mental de cada um de nós, quando, por invigilância, damos guarida a essas impressões e passamos a “reviver” em nosso mundo íntimo tais experiências. A “higiene” mental e emocional, através de um “processo autolimpante” de vigilância espiritual, diminui a ocorrência das “telas mentais” infelizes, limitando a manifestação desses verdadeiros “Painéis da Obsessão”, como diria Manoel Philomeno de Miranda. Essa limpeza requer o emprego abundante de preces sinceras, leituras edificantes, otimismo, ações no bem, entre outras atividades que visam ao bem do nosso irmão e que inexoravelmente sempre geram o nosso próprio bem.




 


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