MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Ação e Reação
André Luiz
(Parte
3)
Damos continuidade nesta edição
ao
estudo da obra
Ação e Reação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1957 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Por que uma pessoa
abastada pode
reencarnar, no seu
retorno à carne, em
condições de vida
paupérrimas?
Tal providência tem
caráter educativo. Este
livro focaliza um desses
casos em que determinado
Espírito, que amoleceu a
fibra da
responsabilidade moral
no excesso de
reconforto, voltaria à
reencarnação em círculo
paupérrimo, recebendo
aí, quando novamente
mulher jovem, então
desprotegida, o filho
que ela própria
complicou nas antigas
fantasias de mulher
fútil e rica. Ela,
então, será para o
filho, na carência de
recursos econômicos, a
inspiradora do heroísmo
e da coragem,
regenerando-lhe a visão
da vida e
purificando-lhe as
energias na forja da
dificuldade e do
sofrimento. Se vencerem,
eis a felicidade
almejada. Se novamente
se perderem, regressarão
em piores condições ao
plano espiritual.
(Ação e Reação, cap. 2,
pp. 28 a 30.)
B. Por que muitos
Espíritos não se lembram
de suas existências
anteriores?
Um moço desencarnado fez
esta mesma pergunta ao
Instrutor Druso, que
assim lhe respondeu:
"Bem, os Espíritos que
na vida física atendem
aos seus deveres com
exatidão, retomam
pacificamente os
domínios da memória,
tão logo se desenfaixam
do corpo denso,
reentrando em comunhão
com os laços nobres e
dignos que os aguardam
na Vida Superior, para a
continuidade do serviço
de aperfeiçoamento e
sublimação que lhes diz
respeito; contudo, para
nós, consciências
intranquilas, a morte no
veículo carnal não
exprime libertação.
Perdemos o carro
fisiológico, mas
prosseguimos atados ao
pelourinho invisível de
nossas culpas; e a
culpa, meu amigo, é
sempre uma nesga de
sombra eclipsando-nos a
visão". Dito isto,
Druso acrescentou:
"Nossas faculdades
mnemônicas,
relativamente às nossas
quedas morais,
assemelham-se, de certo
modo, às conhecidas
chapas fotográficas, as
quais, se não forem
convenientemente
protegidas, sempre se
inutilizam".
(Obra citada, cap. 2,
pp. 30 a 32.)
C. A reencarnação é, às
vezes, para um Espírito
uma oportunidade de
libertação dos círculos
tenebrosos?
Sim. Há reencarnações
que visam exatamente a
esse objetivo. Como tais
renascimentos na carne
não possuem senão
característicos de
trabalho expiatório, em
muitas ocasiões são
empreendimentos
planejados e executados
ali mesmo, por
benfeitores credenciados
para agir e ajudar em
nome do Senhor, e Druso
gozava, nesse sentido,
de relativa competência,
como autoridade
intermediária, nos
processos
reencarnatórios.
(Obra citada, cap. 3,
pp. 35 e 36.)
Texto para leitura
9. Efeitos do amor
mal conduzido -
Tão logo Druso se calou,
uma senhora triste
dirigiu-se a ele em
lágrimas: "Meu amigo,
releve-me a intromissão.
Quando partirei para o
campo terrestre com meu
filho? Tanto quanto
posso, visito-o nas
trevas... Não me vê, nem
me escuta... Sem se dar
conta da miséria moral a
que se acolhe, continua
autoritário e
orgulhoso... Paulo, no
entanto, não é para mim
um inimigo... é um filho
inolvidável... Ah! como
pode o amor contrair
tamanho débito?!..." O
Instrutor, antes de
dizer àquela senhora que
em breve se daria o
retorno de ambos ao
cenário terrestre, para
o necessário resgate,
ponderou-lhe que o amor
é força divina que
frequentemente
aviltamos. Com ela
temos inventado o ódio e
o desequilíbrio, a
crueldade e o remorso,
que nos fixam
indefinidamente nas
sombras... "Quase sempre
– disse ele – , é mais
pelo amor que nos
enredamos em pungentes
labirintos no tocante à
Lei... amor mal
interpretado... mal
conduzido..." A
pobrezinha se retirou
com um sorriso de
paciência e Druso
confidenciou: "Nossa
irmã possui excelentes
qualidades morais, mas
não soube orientar o
sentimento materno para
com o filho que jaz nas
sombras. Instilou nele
ideias de superioridade
malsã, que se lhe
cristalizaram na mente,
favorecendo-lhe os
acessos de rebeldia e
brutalidade.
Transformando-se em
tiranete social, o
infeliz foi fisgado, sem
perceber, ao pântano
tenebroso, em seguida à
morte do corpo, e a
desventurada genitora,
sentindo-se responsável
pela sementeira de
enganos que lhe arruinou
a vida, hoje se esforça
por reavê-lo". E,
respondendo uma pergunta
de Hilário, informou:
"Nossa irmã, que
amoleceu a fibra da
responsabilidade moral
no excesso de
reconforto, voltará à
reencarnação em círculo
paupérrimo, recebendo
aí, quando novamente
mulher jovem, então
desprotegida, o filho
que ela própria
complicou nas antigas
fantasias de mulher
fútil e rica. Ser-lhe-á,
na carência de recursos
econômicos, a
inspiradora de heroísmo
e coragem,
regenerando-lhe a visão
da vida e
purificando-lhe as
energias na forja da
dificuldade e do
sofrimento". Se
vencerem, eis a
felicidade almejada. Se
novamente se perderem,
"regressarão em piores
condições aos
precipícios que nos
circundam", acrescentou
Druso. (Capítulo 2, pp.
28 a 30)
10. Esquecimento
do passado -
Logo depois, um velhinho
cambaleante
aproximou-se dizendo:
"Ah! meu Instrutor,
estou cansado de
trabalhar nos tropeços
daqui!... Há vinte anos
carrego doentes loucos e
revoltados para este
asilo!... Quando terei
meu corpo na Terra para
descansar no
esquecimento da carne,
aos pés dos meus?" Druso
afagou-lhe a cabeça e
respondeu, comovido:
"Não desfaleça, meu
filho! Console-se!
Também nós, faz muitos
anos, estamos presos a
esta casa, por injunções
de nosso dever. Sirvamos
com alegria. O dia de
nossa mudança será
determinado pelo
Senhor". O ancião
calou-se. Um moço quis
saber, então, por que
não se lembrava de suas
existências anteriores.
O Instrutor respondeu:
"Bem, os Espíritos que
na vida física atendem
aos seus deveres com
exatidão, retomam
pacificamente os
domínios da memória,
tão logo se desenfaixam
do corpo denso,
reentrando em comunhão
com os laços nobres e
dignos que os aguardam
na Vida Superior, para a
continuidade do serviço
de aperfeiçoamento e
sublimação que lhes diz
respeito; contudo, para
nós, consciências
intranquilas, a morte no
veículo carnal não
exprime libertação.
Perdemos o carro
fisiológico, mas
prosseguimos atados ao
pelourinho invisível de
nossas culpas; e a
culpa, meu amigo, é
sempre uma nesga de
sombra eclipsando-nos a
visão". "Nossas
faculdades mnemônicas,
relativamente às nossas
quedas morais,
assemelham-se, de certo
modo, às conhecidas
chapas fotográficas, as
quais, se não forem
convenientemente
protegidas, sempre se
inutilizam." Após
ligeira pausa, Druso
continuou: "Imaginemos a
mente como sendo um
lago. Se as águas se
acham pacificadas e
límpidas, a luz do
firmamento pode
retratar-se nele com
segurança. Mas, se as
águas vivem revoltas, as
imagens se perdem..." Se
nosso pensamento vive
preso aos sítios e
paisagens da Crosta,
identificando-se com as
reminiscências que
permanecem ao longe – o
lar, a família, os
compromissos mal
resolvidos – , tudo isso
representará lastro,
inclinando a mente para
o mundo físico...
Indispensável, pois,
libertar o espelho da
mente que jaz sob a alma
do arrependimento, do
remorso e da culpa, "e
esse espelho divino
refletirá o Sol com todo
o esplendor de sua
pureza". (Capítulo 2,
pp. 30 a 32)
11. Dificuldades à
vista - A
explicação de Druso foi
interrompida com a
chegada do Assistente
Barreto, que, exibindo
recôndita aflição a
sombrear-lhe os olhos,
avisou que, na
Enfermaria Cinco, três
dos irmãos
recém-acolhidos entraram
em crise de angústia e
rebeldia... Druso
determinou, de imediato:
"Retire os enfermos
normais e aplique na
enfermaria os raios de
choque. Não dispomos de
outro recurso".
Tratava-se de um caso de
loucura por telepatia
alucinatória. Os
recém-chegados não
estavam, ainda,
suficientemente fortes
para resistir ao impacto
das forças perversas que
lhes eram desfechadas, a
distância, por
companheiros infelizes.
Logo que Barreto saiu,
outro servidor
notificou: "Instrutor, a
tela de aviso que não
funcionava, em
consequência da tormenta
agora em declínio, acaba
de transmitir aflitiva
mensagem... Duas das
nossas expedições de
pesquisas estão em
dificuldade nos
desfiladeiros das
Grandes Trevas..." Druso
recomendou-lhe desse
ciência do fato ao
diretor de operações
urgentes, para que o
auxílio fosse enviado o
mais depressa possível.
Chegou então, de modo
inesperado, outro
colaborador, que pediu:
"Instrutor, rogo-lhe
providências na solução
do caso Jonas.
Recolhemos agora um
recado de nossos irmãos,
cientificando-nos de
que a reencarnação dele
talvez seja frustrada em
definitivo". O
dirigente da Mansão,
mostrando intensa
preocupação no olhar,
indagou: "Em que
consiste o obstáculo?" "Cecina,
a futura mãezinha –
informou o mensageiro –
, sentindo-lhe os
fluidos grosseiros,
nega-se a recebê-lo.
Estamos presenciando a
quarta tentativa de
aborto, no terceiro mês
de gestação, e vimos
fazendo o que é possível
por mantê-la na
dignidade maternal." O
Instrutor, esclarecendo
ser preciso que Jonas
ficasse pelo menos sete
anos no corpo físico,
determinou que Cecina
fosse trazida até a
Mansão, tão logo se
entregasse ao sono
natural, para que a
pudessem auxiliar com a
necessária intervenção
magnética. (Capítulo 3,
pp. 33 e 34)
12. Reencarnações
expiatórias -
André Luiz estava
intrigado. Quem eram
aqueles funcionários que
se dirigiam assim ao
Instrutor, com tantas
consultas, quando os
trabalhos da
administração poderiam
ser subdivididos? O
Assistente Silas, a quem
André dirigiu suas
dúvidas, informou que
aqueles mensageiros não
eram simples tarefeiros,
mas condutores de
serviço em subchefias
determinadas, todos eles
Assistentes e
Assessores, cultos e
dignos, com enormes
responsabilidades, e que
somente demandavam a
presença de Druso,
depois de movimentarem
todas as providências
cabíveis no âmbito de
sua autoridade. O
problema não era, pois,
de centralização, mas de
luta intensiva. Para
explicar o caso da
reencarnação de Jonas,
que perigava, Silas
falou-lhe: "Para que me
faça compreendido,
convém esclarecer que,
se existem reencarnações
ligadas aos planos
superiores, temos
aquelas que se enraízam
diretamente nos planos
inferiores. Se a
penitenciária vigora
entre os homens, em
função da criminalidade
corrente no mundo, o
inferno existe, na
Espiritualidade, em
função da culpa nas
consciências. E assim
como já podemos contar
na esfera carnal com uma
justiça sinceramente
interessada em auxiliar
os delinquentes na
recuperação, através do
livramento condicional
e das prisões-escolas,
organizadas pelas
próprias autoridades que
dirigem os tribunais
humanos em nome das
leis, aqui também os
representantes do Amor
Divino podem mobilizar
recursos de
misericórdia,
beneficiando Espíritos
devedores, desde que se
mostrem dignos do
socorro que lhes
abrevie o resgate e a
regeneração". Há, assim,
reencarnações que valem
como "preciosas
oportunidades de
libertação dos círculos
tenebrosos". Como tais
renascimentos na carne
não possuem senão
característicos de
trabalho expiatório, em
muitas ocasiões são
empreendimentos
planejados e executados
ali mesmo, por
benfeitores
credenciados para agir
e ajudar em nome do
Senhor. Druso gozava,
nesse sentido, de
relativa competência,
como autoridade
intermediária, nos
processos
reencarnatórios. Duas
vezes por semana, ele e
seus Assistentes
reuniam-se no Cenáculo
da Mansão (templo
íntimo da instituição)
e os mensageiros da luz
– prepostos das
Inteligências angélicas
– , por instrumentos
adequados, deliberavam
quanto ao assunto,
apreciando os processos
que a Casa lhes
apresentava. Silas,
sorrindo, acrescentou:
"Assim como o doente
exige remédio,
reclamamos a purgação
espiritual, a fim de
que nos habilitemos para
a vida nas esferas
superiores. O inferno
para a alma que o erigiu
em si mesma é aquilo que
a forja constitui para o
metal: ali ele se apura
e se modela
convenientemente..."
(Capítulo 3, pp. 35 e
36)
(Continua no próximo
número.)