ORSON PETER
CARRARA
orsonpeter92@gmail.com
Matão, SP
(Brasil)
Revista Espírita
e Sociedade
Espírita de
Paris
Em 1858, por
iniciativa de
Allan Kardec – o
Codificador do
Espiritismo –,
surgiram a
Revista
Espírita,
tradicional
publicação por
ele dirigida até
sua
desencarnação em
1869 e ainda em
circulação em
vários idiomas,
e a Sociedade
Parisiense de
Estudos
Espíritas, o
primeiro centro
espírita do
planeta.
Foi em janeiro
daquele ano,
conforme
expressa o
próprio Kardec
em nota
publicada
posteriormente
em Obras
Póstumas1,
segunda parte,
com o título
A Revista
Espírita, em
anotação de 15
de novembro de
1857:
“(...) NOTA —
Apressei-me a
redigir o
primeiro número
e fi-lo circular
a 1º de janeiro
de 1858, sem
haver dito nada
a quem quer que
fosse. Não tinha
um único
assinante e
nenhum
fornecedor de
fundos.
Publiquei-o
correndo eu,
exclusivamente,
todos os riscos
e não tive de
que me
arrepender,
porquanto o
resultado
ultrapassou a
minha
expectativa. A
partir daquela
data, os números
se sucederam sem
interrupção e,
como previa o
Espírito, esse
jornal se tornou
um poderoso
auxiliar meu.
Reconheci mais
tarde que fora
para mim uma
felicidade não
ter tido quem me
fornecesse
fundos, pois
assim me
conservara mais
livre, ao passo
que outro
interessado
houvera querido
talvez impor-me
suas ideias e
sua vontade e
criar-me
embaraços.
Sozinho, eu não
tinha que
prestar contas a
ninguém, embora,
pelo que
respeitava ao
trabalho, me
fosse pesada a
tarefa.”
Já a Sociedade
Parisiense de
Estudos Espírita
foi fundada em
1º de abril de
1858. Também de
Obras
Póstumas1,
com o título
Fundação da
Sociedade
Espírita de
Paris, com
anotação na
mesma data de 1º
de abril,
extraímos
parcialmente:
“(...) Havia
cerca de seis
meses, eu
realizava, em
minha casa, à
rua dos
Mártires, uma
reunião com
alguns adeptos,
às
terças-feiras. A
Srta. E. Dufaux
era a médium
principal.
Conquanto o
local não
comportasse mais
de 15 ou 20
pessoas, até 30
lá se juntavam
às vezes.
Apresentavam
grande interesse
tais reuniões,
pelo caráter
sério de que se
revestiam e
pelas questões
que ali se
tratavam. Lá não
raro compareciam
príncipes
estrangeiros e
outras
personagens de
alta distinção.
(...) A
Sociedade ficou,
em consequência,
legalmente
constituída e
passamos a
reunir-nos todas
as terças-feiras
no compartimento
que ela alugara,
no Palais Royal,
galeria de
Valois. Aí
esteve um ano,
de 1º de abril
de 1858 a 1º de
abril de 1859.
Não tendo
permanecido lá
por mais tempo,
entrou a
reunir-se às
sextas-feiras
num dos salões
do restaurante
Douix, no mesmo
Palais Royal,
galeria
Montpensier, de
1º de abril de
1859 a 1º de
abril de 1860,
época em que se
instalou num
local seu, à rua
e passagem
Sant’Ana, 59.
Formada a
princípio de
elementos pouco
homogêneos e de
pessoas de boa
vontade, que
eram aceitas com
facilidade um
tanto excessiva,
a Sociedade se
viu sujeita a
muitas
vicissitudes,
que não foram
dos menores
percalços da
minha tarefa.”
As duas
ocorrências,
pois, completam
153 anos em
2011. Motivo de
júbilo para a
família espírita
mundial, pelo
significado de
ambas. A
Revista Espírita
constitui
extraordinária
publicação que o
Codificador
transformou num
verdadeiro
laboratório,
onde seus
relatos e
experiências têm
muito a ensinar.
Publicada sob
sua
responsabilidade
direta até sua
desencarnação e
ainda em
circulação, a
Revue ainda
é desconhecida
da maioria dos
espíritas que
não imaginam o
tesouro que se
encontra à
disposição para
seus estudos e
reflexões.
Trata-se de
coleção (de 1858
a 1869) para
permanentes
pesquisas e que
foi publicada no
Brasil,
primeiramente
pela Edicel,
posteriormente
pelo IDE-Araras
(SP) e
recentemente
também a
Federação
Espírita
Brasileira a
publicou em
primorosa
encadernação.
A Sociedade
Parisiense de
Estudos
Espíritas, por
sua vez o
primeiro núcleo
espírita do
planeta, alvo de
lutas e
dificuldades
internas,
transformou-se
também, assim
como a Revue,
num importante
foco de
experiências
para
amadurecimento
das ideias e no
intercâmbio
entre os
espíritas.
As duas citações
históricas
incentivam o
estudo e o
conhecimento
espírita, mas
também o
envolvimento de
todos nós, com
mais
comprometimento
e dedicação, à
divulgação e à
vivência do
Espiritismo.
E já falamos uma
vez mais em
júbilos de
sesquicentenário2,
utilizando
trechos de
Obras Póstumas,
acima
transcritos,
importante que
voltemos nossa
atenção aos
esforços do
Codificador.
Suas importantes
e sempre
oportunas
considerações e
argumentos, tão
fartamente
encontradas na
Codificação,
surgem também em
Obras
Póstumas com
detalhes
impressionantes
de suas lutas
nas anotações
pessoais
deixadas para a
posteridade. E
nós, os
espíritas da
atualidade, com
tão ricos
conteúdos à
disposição,
poderemos
encontrar muitos
temas para
apuradas
reflexões, tais
como se
encontram na
citada obra.
A genialidade do
Codificador, tão
bem expressa no
seu alto bom
senso e
discernimento,
sua clareza e
lucidez, ao lado
da manifesta
bondade d´alma,
entusiasmam pela
grande
capacidade de
síntese e
intelecto
perfeitamente
ajustado à
integridade
moral, ofertando
textos que
encantam pela
profundidade das
argumentações.
Portanto, uma
vez mais,
mantenhamos
essas alegrias
por sermos
contemporâneos
dessa expressiva
efeméride do
sesquicentenário
ocorrida em
2008, das
expressivas
ocorrências da
fundação da
Revista Espírita
e da
Sociedade
Parisiense de
Estudos
Espíritas,
num autoconvite
para continuar
estudando e nos
esforçando
intensamente
pelo progresso
individual,
tarefa
prioritária da
presença do
Espiritismo no
planeta.
Se pararmos
poucos instantes
do dia para
folhear as obras
básicas e também
a Revista
Espírita,
observarmos com
atenção o índice
de cada obra,
observarmos
atentamente a
distribuição
didática dos
assuntos e
especialmente
analisarmos
cuidadosamente
os temas
apresentados em
cada obra
descobriremos ou
redescobriremos,
uma vez mais,
toda grandeza e
lucidez do
Codificador, de
cujo esforço,
inteligência e
determinação no
trabalho a que
se entregou,
resultou esse
tesouro
intelecto-moral
à nossa
disposição,
deixaremos de
lado a
acomodação ou
mesmo os
abatimentos e
partiremos para
a ação
consciente do
trabalho, pois
que a própria
dinâmica da vida
nos pede esse
empenho em favor
uns dos outros.
O estágio de
progresso
alcançado pela
humanidade
solicita esse
empenho a que
todos podemos
aderir com boa
vontade e
conhecimento.
O que mais é
admirável talvez
em toda obra é
sua atualidade.
É impressionante
ler textos
escritos de 1857
a 1869 e
encontrar
tamanha lucidez
e atualidade. É
algo que
empolga, que
norteia, que
esclarece e
orienta com
bondade,
mostrando o
quanto há para
fazer, refletir,
aprender.
Especialmente
agora que a
mentalidade
humana está mais
desperta para os
valores reais da
alma imortal.
Notas do Autor:
1 - Vale
recordar que o
livro Obras
Póstumas
reúne estudos e
anotações de
Allan Kardec e
foi publicado
após sua
desencarnação.
2 - Em 2007
foram
comemorados os
150 anos de
publicação de O
Livro dos
Espíritos.
3 -
As transcrições
foram extraídas
do CD-ROM - A
Codificação – Os
Livros Básicos
da Doutrina
Espírita, edição
da Federação
Espírita
Brasileira.