– Adolescentes e jovens
estão fazendo uso do
fumo e de bebidas
alcoólicas, cada vez
mais cedo. Como agir
visando reverter essa
situação?
Raul Teixeira:
Enquanto as práticas
sociais vigentes
estiverem atreladas ao
materialismo tão bruto
quanto cínico, veremos o
alcoólico e o fumo
penetrarem lares,
escolas, templos e
oficinas de trabalho,
como precursores de
outras drogas de igual
ou pior espectro
destruidor.
Tristemente, tem faltado
objetivo para a vida dos
jovens. Grandes
contingentes de
adolescentes chegam a
essa fase da existência
sem que tenham recebido
nada de sério, de
importante e orientador
para as suas vidas,
deixados como estão sob
a desorientação das
ruas, da internet, com
seus sites de
relacionamentos nem
sempre dignos ou
educativos, e das mídias
televisivas – de mau
gosto em grande
porcentagem de sua
programação – sem
qualquer diálogo mais
edificante com quem os
deveria nortear.
Imersos no caldo de
cultura do imediatismo,
da esperteza, do anseio
de tirar vantagens de
todas as relações
humanas, do hábito da
corrupção assimilada dos
adultos, do consumismo
enlouquecido e no sexo
desabrido, desde a
infância; aclimatados a
religiões que lhes
oferecem para a vida ora
propostas irracionais e
fanáticas, ora contos da
carochinha como se
fossem verdades
impolutas, torna-se
muito difícil
harmonizar-se a alma
juvenil para que se
sintonize com o
equilíbrio e busque os
horizontes de luz e
progresso para o que
reencarnou.
Estando relegada a plano
secundário a educação
sociomoral da infância,
bem compreensível é que
adolescentes e jovens –
ressalvadas as
venturosas exceções –
tentem fugir de si
próprios e dos
afligentes problemas que
os cercam no mundo,
através desse labirinto
escuso e miserando das
drogas socialmente
aceitas, ora bem
representadas pelo fumo
e pelas bebidas
alcoólicas.
De entrevista
concedida especialmente
a este periódico em 29
de março de 2011.
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