WEB

BUSCA NO SITE

Edição Atual Edições Anteriores Adicione aos Favoritos Defina como página inicial

Indique para um amigo


O Evangelho com
busca aleatória

Capa desta edição
Biblioteca Virtual
 
Biografias
 
Filmes
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English    
Mensagens na voz
de Chico Xavier
Programação da
TV Espírita on-line
Rádio Espírita
On-line
Jornal
O Imortal
Estudos
Espíritas
Vocabulário
Espírita
Efemérides
do Espiritismo
Esperanto
sem mestre
Divaldo Franco
Site oficial
Raul Teixeira
Site oficial
Conselho
Espírita
Internacional
Federação
Espírita
Brasileira
Federação
Espírita
do Paraná
Associação de
Magistrados
Espíritas
Associação
Médico-Espírita
do Brasil
Associação de
Psicólogos
Espíritas
Cruzada dos
Militares
Espíritas
Outros
Links de sites
Espíritas
Esclareça
suas dúvidas
Quem somos
Fale Conosco

 
Entrevista Espanhol Inglês    
Ano 4 - N° 204 - 10 de Abril de 2011
GUARACI LIMA SILVEIRA
glimasil@hotmail.com
Juiz de Fora, Minas Gerais (Brasil)

 
Arnaldo Rocha:

“Com Chico Xavier, passei a compreender a beleza da
Doutrina Espírita”

O confrade mineiro, que foi casado com Meimei e amigo bem próximo de Chico Xavier, fala sobre seu convívio com o saudoso médium e diz que Chico e a Srta. Japhet são reencarnações
do mesmo Espírito

 

Experiência aliada à cordialidade e simplicidade de alma e conselheiro da União Espírita Mineira nos últimos 64 anos, nosso companheiro de ideal espírita Arnaldo Rocha (foto) nasceu em Tiradentes (MG) no dia 29/8/1922. Era materialista e ateu. Casou-se em primeiras núpcias com Meimei, hoje conhecida trabalhadora da espiritualidade. Meimei desencarnou em outubro de 1946. Depois Arnaldo casou-se com Neuza Tófani, que também já retornou aos

planos espirituais. Um dia tomou conhecimento do Espiritismo através de uma reunião de que participou na casa do seu irmão Geraldo. A partir daí teve estreita ligação com a doutrina e com o médium Chico Xavier. Foi atleta e depois vendedor de ferro e aço da Cia. Belgo Mineira, onde se aposentou. Conversamos com ele que, solicitamente, nos atendeu para a presente entrevista. 

Dentro de sua relação com Chico Xavier, durante um período muito grande, o que destacaria dessa convivência?

Com aquele convívio com a nossa alma querida Chico Xavier, fui aprendendo a ser tolerante, paciente, e passei a compreender a beleza da Doutrina Espírita. 

Ter estado ao lado do médium mineiro com certeza é ter aprendido muito com a espiritualidade. Pode nos citar fatos marcantes daqueles momentos de convívio com Chico Xavier?

Em toda e qualquer situação o Chico Xavier era um homem calmo, tranquilo e simples, e com ele aprendi a ser humilde e tolerante e isto marcou muito a minha vida. 

Quando e como foi que o Espiritismo entrou em sua vida?

Eu era ateu e materialista. Meus irmãos e minha mãe eram espíritas. Convidavam-me para as reuniões de estudo doutrinário e eu não tinha menor interesse pelo assunto. Casei-me aos 22 anos e fiquei viúvo aos 24. Meimei faleceu em 1º de outubro de 1946. No dia 11 do mesmo mês, escondendo-me de um temporal violento, já que estava nas proximidades da casa de meu irmão Geraldo Benício Rocha, me encaminhei para lá. Luíza, minha cunhada, me recebeu e vi que eles e mais algumas amigas estavam se preparando para uma reunião espírita. De imediato, deu-me uma vontade de ir embora, mas o carinho de Luíza insistiu para que eu ficasse. Assentei-me ao lado de uma senhora de mais de 60 anos, toda enrugada, com um sotaque italiano muito forte. Após a prece inicial diminuíram a luminosidade do ambiente e a senhora ao meu lado entrou em transe mediúnico, que eu nunca havia presenciado, apresentando reações de alguém sofrendo muito, sufocado, como se estivesse vomitando sangue. (Meimei desencarnou devido a uma hemorragia pulmonar intensa por complicações renais.)   

Como se sentiu naquele instante?

Achei toda aquela situação profundamente estranha. Meu irmão Geraldo levantou-se de onde estava e começou a falar com aquela “coisa”... Palavras calmas, tranquilas e a situação desagradável apresentada por meio da médium foram desaparecendo. Olhei atentamente seu rosto e espantei-me com a aparência de jovem da mesma. Meu irmão se dirigiu àquela “coisa” perguntando se queria falar com alguém. Aí foi o meu maior susto. Ouvi a voz clara, bonita, melodiosa de Meimei. Ela disse: “Rialmente eu gostaria, mas o meu sozinho não vai entender...”. Irma de Castro Rocha, seu verdadeiro nome, nunca pronunciava a palavra “realmente”... 

O que significa o termo “sozinho”?

Quando éramos noivos eu e Meimei lemos um livro chinês que se chamava “O Momento em Pequim”. Foi ali que vimos que Meimei em chinês quer dizer: Noivo(a) bem-amado(a). Então começamos a nos chamar de Meimei. Tanto eu a ela, quanto ela a mim. Depois, com a chegada de sua doença, ela começou a me chamar de “sozinho”, pois dizia que eu ficaria sozinho, uma vez que ela desencarnaria. 

Após a primeira reunião de que participou, quais foram suas reações, uma vez que não acreditava em Espíritos?

Após a reunião, dialogando com meu irmão, ele aconselhou-me a estudar O Livro dos Espíritos e O Evangelho segundo o Espiritismo

Seguiu seu conselho?

Naturalmente. Tudo aquilo era muito estranho e necessitava ser esclarecido.

Como foram os dias finais de Meimei como encarnada?

Durante os últimos três meses da sua enfermidade, a sua visão foi diminuindo aos poucos. Dormíamos em camas separadas. Era-lhe habitual orar à noite. Dizia-me sempre: “Vovó Antoninha vem me buscar para um lugar muito bonito...”. Sempre achei que ela não estava “boa da cabeça” por causa da hipertensão craniana que veio promover a sua cegueira. Na noite de 1º de outubro de 1946, ela faleceu por volta das 4h da manhã. Dez dias depois comunicava-se comigo naquela reunião já citada, na casa do meu irmão. 

E como foi seu primeiro contato com Chico Xavier?

Na tarde de 22 de outubro daquele mesmo ano esbarrei-me com um senhor modestamente trajado, usando chapéu e carregando uma pasta. Ambos caíram no chão. Abaixei-me para apanhá-los, quando o homem, sorridente, alegre, passou a mão no meu rosto e me disse: “A nossa Princesinha está aqui, hoje Meimei faria 24 anos”. Fiquei profundamente assustado, sabia lá o que era um médium clarividente? Mentalmente pensei que os espíritas todos eram uns doidos... O homem nunca tinha me visto..., chamava-me de Naldinho..., falava-me de Meimei... Passado o susto, o reconheci, devido a uma reportagem da época publicada pela revista O Cruzeiro. Era o Chico. Nós nos esbarramos numa rua de Belo Horizonte. Foi esse meu primeiro contato com ele. Dali fomos para a casa do meu irmão Geraldo e, por meio da psicofonia, Meimei se manifestou e dialogamos por mais de uma hora. Então, iniciou-se minha amizade com o Chico.  

Na espiritualidade, além do seu conhecido trabalho, que mais sabe sobre Meimei?

No livro “Entre a Terra e o Céu”, de autoria de André Luiz, no cap. 9, título “No Lar da Bênção”, dirigido pela sua avó materna Antoninha, Meimei colaborava com ela na assistência a crianças desencarnadas. No cap.10, título “Preciosa Conversação”, dialogando longamente com o Espírito de Clarêncio e com André Luiz, ela fala de suas tarefas no plano espiritual e assistência às mães que pedem seu auxílio para os filhos enfermos. Quando fiquei noivo de minha segunda esposa, Neuza Tófani, Chico contou-me que Emmanuel lhe dissera que Meimei o procurou solicitando o seu auxílio para sua reencarnação. Ele lhe respondeu que como minha esposa ela não poderia mais voltar, mas, como filha, seria possível. Porém, repreendeu-a para que deixasse de ter ciúmes daquela situação com vistas a centenas de creches, abrigos e centros espíritas que levam seu nome. Como é possível a senhora, por uma questão pessoal, querer abandonar todas as suas responsabilidades? Se vier alguma consulta quanto à minha aprovação, será negativa. E que ela continuasse se dedicando ao trabalho que estava realizando na espiritualidade. Que pensasse nas creches que já estavam espalhadas pelo Brasil em seu nome, nas mães aflitas que rogavam a ela bênçãos para os filhos, e ela se resignou. 

Arnaldo, é sempre bom falarmos sobre reencarnação. Li, certa vez, que você participou de uma reunião com o Chico na qual foi revelado que o compositor brasileiro Radamés Gnatali era a reencarnação do compositor italiano Rossini. Pode nos falar sobre isso?

Pedro Quintão, cunhado de Chico, casado com a Geralda, telefonou-me numa noite de terça-feira convidando-me para irmos a Pedro Leopoldo. Estava em sua casa seu grande amigo Radamés Gnatali, o grande compositor. Em lá chegando, fizemos uma reunião com o Chico, onde o Espírito de Emmanuel deu uma bela mensagem na qual informava que o Radamés era a reencarnação de Rossini. Radamés e Pedro Quintão retornaram a Belo Horizonte e, como quarta-feira era feriado, permaneci. Caminhando para a casa de Chico lembrei-me de nossas conversas na reunião e de que no livro Obras Póstumas existem duas mensagens de Rossini. 

Existem também informações de que Chico Xavier teria sido a encarnação de Allan Kardec. Contudo você tem dito que ele foi a reencarnação da Srta. Japhet, médium contemporânea de Kardec. Pode comentar sobre essa controvérsia?

O campo da fantasia pulula lamentavelmente no meio espírita. De Hutsepsup, princesa egípcia, por volta de 3.256 a.C., até 1890 quando desencarnou na Espanha, em Barcelona, todas as reencarnações de Chico Xavier foram em corpos femininos, pois ele é um Espírito feminino. Somente agora, nesta última existência, com vistas às suas responsabilidades, ele reencarnou como homem. Dialogando com Chico, falei-lhe de uma dúvida que era constante em meu pensamento. Consta que uma vez por mês, ou na casa do Sr. Roustan ou na casa do Sr. Japhet, Kardec levava o material que seria O Livro dos Espíritos, e o Espírito Verdade fazia correções, aconselhando sua publicação em 18 de abril de 1857. Na casa do Sr. Roustan, Kardec falava sobre a médium (C), na do Sr. Japhet dava o nome todo da médium, Ruth-Céline Japhet. Chico corrigiu-me a expressão Japhet, dizendo que a pronúncia é “Japet”! A família era judia. Indaguei-lhe quem era Ruth Japet.  

O que foi que o Chico lhe disse?

Respondeu-me sorrindo: “Você está conversando com ela...” 

Assim, Chico Xavier foi contemporâneo de Kardec e era a Srta. Japhet?

Ele mesmo disse isto a mim. 

Pode nos dizer qual foi a verdadeira relação entre Kardec e a Srta. Japhet?

A Srta. Japhet era médium e ela sempre colaborou com ele, desde o início, quando se conheceram na casa da senhora Plainemaison. Kardec consultava os Espíritos por meio dela. 

Donde partiu a ideia de que Chico Xavier teria sido Kardec? Quem a postulou e em quais bases?

De onde partiu eu não sei, não presto atenção em tolices. Deve ser de pessoas que não conhecem a Doutrina Espírita e que ficam falando uma bobagem destas. 

Há, em sua opinião, algo que possa dar um ponto final a essa divergência?

Em outras entrevistas que dou, procuro não dar ênfase a este assunto. Eu não dou atenção ao campo das fantasias. Tudo isto é uma ilusão muito grande que não acrescenta nada à Doutrina. 

Como e qual foi a sua colaboração dentro da estrutura literária recebida pelo médium Chico Xavier?

Com a fundação do Grupo Meimei, graças à gentileza do caroável amigo Carlos Torres Pastorino, que nos doou um gravador de rolo, foi possível gravar as palestras de encerramento de nossas reuniões no Grupo. Assim, Emmanuel, Teresa de Ávila, Frei Pedro de Alcântara, Dr. Camilo Chaves e outros facultaram-nos a organização de dois livros: Instruções Psicofônicas e Vozes do Grande Além. Quando Chico foi de mudança para Uberaba, entreguei-lhe cerca de 30 mensagens devidamente organizadas para uma nova obra. Essas páginas infelizmente se perderam e não foi possível organizar um terceiro livro. 

Quando Chico Xavier se mudou para Uberaba, como foi sua participação dentro do trabalho que ele desenvolveu a partir daquela cidade?

Ia lá somente para visitá-lo. 

Arnaldo, algo nos intrigou bastante ao ver, na TV Globo, a minissérie Chico Xavier. A minissérie mostrou dois “Chicos” bem diferentes. O primeiro, representado por Ângelo Antônio, é uma pessoa muito simples, que se veste mal e tem um comportamento humilde, como imaginamos que o Chico tivesse. O outro, representado pelo ator Nelson Xavier, é uma pessoa aparentemente vaidosa, preocupada com seu visual e até mesmo um pouco "arrogante". É inconcebível que tenha ocorrido tal mudança. Dentro de sua convivência com o Chico, o que você pode nos dizer sobre o que foi mostrado na minissérie?

O filme e a minissérie não foram feitos por espíritas. O Chico era de uma pobreza impressionante, e Maria João de Deus, sua mãe, era negra e todos os filhos que ela teve eram de morenos para mulatos. No filme apresentam uma pessoa clarinha. Outra coisa no primeiro momento do filme: mostram ruas altas e baixas. Pedro Leopoldo é uma cidade plana. Nelson Xavier apresenta um Chico mais importante, quando na verdade era o contrário. Vejam a cópia do famoso “Pinga Fogo” e verão a veracidade do que digo. No nosso meio há de tudo o que se queira imaginar... 

Apesar de tudo isso, em sua opinião o filme foi importante para o Movimento Espírita?

Sim. Muitas pessoas estão procurando os Centros Espíritas para se informarem. É preciso que os espíritas estudem mais para ajudar a quem procura os fundamentos do Espiritismo. 

No filme “Nosso Lar”, Emmanuel é apresentado como morador daquela colônia. Concorda com isto?

Não. Isto é uma adaptação do livro, isso que se chama de licença poética. Emmanuel simplesmente fez a apresentação do livro Nosso Lar, bem como dos demais.  

Como você vê o movimento espírita na atualidade? Que projeções percebe para o futuro do Espiritismo no Brasil?

Vejo que o Espiritismo caminha, mesmo às vezes dependendo de muitos espíritas vagarosos ou ensimesmados. Seu futuro é o do esclarecimento da Humanidade quanto à realidade do ser imortal que todos somos. Os espíritas precisam difundir mais O Livro dos Espíritos. Poucos estudam essa obra, que é principal dentre todas as obras espíritas. 

Em sua opinião, como devemos estudar Kardec? Qual a melhor didática?

Para o iniciante em Doutrina, aconselham-se os livros O que é o Espiritismo e O Principiante Espírita, o que lhe dará embasamento para o estudo constante e permanente de O Livro dos Espíritos, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Livro dos Médiuns, O Céu e o Inferno e A Gênese. Digo também que não se deve confundir Espiritismo com Mediunidade. Espiritismo é um corpo doutrinário e Mediunidade é uma ferramenta de comunicação psíquica entre os seres. Falo sempre isto quando sou convidado a fazer palestras. 

Pode nos deixar uma palavra sobre Chico Xavier e Meimei?

Foram as pessoas que me educaram na Doutrina Espírita. Devo muito a ambos e sou muito grato por isso.  

Agradecemos imensamente pela gentileza de nos ter recebido e pedimos que nos deixe suas considerações finais.

Tenho hoje 88 anos de idade, trabalho na União Espírita Mineira nas reuniões públicas de segunda-feira, em que faço um estudo metódico de O Livro dos Espíritos, e às quartas-feiras coordeno as reuniões mediúnicas de desobsessão, com dez médiuns psicofônicos. Isto me felicita a alma. Vamos trabalhar pela divulgação do Espiritismo. Jesus no-lo ofereceu. Vamos auxiliar a quem nos pede ajuda. Nós recebemos muito todos os dias. 

 

Nota do Autor: 

Clique em http://vimeo.com/9098617 para ver a palestra “Chico, Diálogos e Recordações” proferida em 9/10/2009, em que Arnaldo Rocha fala sobre o saudoso médium Chico Xavier.
 



 


Voltar à página anterior


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita