Mediunidade
Bezerra
de Menezes
Minha irmã, que
a Paz do Senhor
nos felicite os
corações.
Mediunidade com
Jesus é serviço
aos semelhantes.
Desenvolver esse
recurso é,
sobretudo,
aprender a
servir.
Aqui, alguém
fala em nome dos
Espíritos
desencarnados;
ali, um
companheiro
aplica energias
curadoras; além,
um cooperador
ensina o roteiro
da verdade;
acolá, outrem
enxuga as
lágrimas do
próximo,
semeando
consolações.
Contudo, é o
mesmo poder que
opera em todos.
É a divina
inspiração do
Cristo,
dinamizada
através de mil
modos diferentes
por reerguer-nos
da condição de
inferioridade ou
de sofrimento ao
título de
herdeiros do
Eterno Pai.
E
nessa
movimentação
bendita de
socorro e
esclarecimento,
não se reclama o
título
convencional do
mundo qualquer
que seja, porque
a mediunidade
cristã, em si,
não colide com
nenhuma posição
social.
Constitui fonte
do Céu a
derramar
benefícios na
Terra, por
intermédio dos
corações de boa
vontade.
Em razão disso,
antes de
qualquer
sondagem das
forças
psíquicas, no
sentido de se
lhes apreciar o
desdobramento,
vale mais a
consagração do
trabalhador à
caridade
legítima, em
cujo exercício
todas as
realizações
sublimes da alma
podem ser
encontradas.
Quem desejar a
verdadeira
felicidade, há
de improvisar
felicidade dos
outros; quem
procure a
consolação, para
encontrá-la,
deverá
reconfortar os
mais desditosos
da humana
experiência.
Dar e receber.
Ajudar para ser
amparado.
Esclarecer para
conquistar a
sabedoria e
devotar-se ao
bem do próximo
para alcançar a
divindade do
amor.
Eis a lei que
impera,
igualmente, no
campo mediúnico,
sem cuja
observação, o
colaborador da
Nova Revelação
não atravessa os
pórticos das
rudimentares
noções de vida
eterna.
Espírito algum
construirá a
escada de
ascensão sem
atenção às
determinações do
auxílio mútuo.
Nesse terreno,
portanto, há
muito que fazer
nos círculos da
Doutrina Cristã
rediviva, porque
não basta ser
médium para
honrar-se alguém
com as bênçãos
da luz, tanto
quanto não vale
possuir uma
charrua
perfeita, sem a
sua aplicação no
esforço da
sementeira.
A
tarefa pede
fortaleza no
serviço, com
ternura no
sentimento.
Sem um
raciocínio
amadurecido para
superar a
desaprovação
provisória da
ignorância e da
incompreensão e
sem as fibras
harmônicas do
carinho fraterno
para
socorrê-las, com
espírito de
solidariedade
real, é quase
impraticável a
jornada para a
frente.
Os golpes da
sombra martelam
o trabalho
iluminativo da
mente por todos
os flancos e
imprescindível
se torna ao
instrumento
humano das
verdades divinas
armar-se
convenientemente
na fé e na boa
vontade
incessante, a
fim de
satisfazer aos
imperativos do
ministério a que
foi convocado.
Age, assim, com
isenção de
ânimo, sem
desalento e sem
inquietação, em
teu apostolado
de curar.
Estende as tuas
mãos sobre os
doentes que te
busquem o
concurso de irmã
dos
infortunados,
convicta de que
o Senhor é o
manancial de
todas as
bênçãos.
O
lavrador semeia,
mas é a bondade
Divina que faz
desabrochar a
flor e
preparar-se o
fruto. É
indispensável
marchar de alma
erguida para o
Alto, vigiando,
apesar das
serpes e dos
espinhos que
povoam o chão.
Diversos amigos
se revelam
interessados em
luta tarefa de
fraternidade e
luz e não seria
justo que a
hesitação te
paralisasse os
impulsos mais
nobres, tão
somente porque a
opinião do mundo
te não entende
os propósitos,
nem os objetivos
da esfera
espiritual, de
maneira
imediata.
Não importa que
o templo seja
humilde e que os
mensageiros
compareçam na
túnica de
extrema
simplicidade.
O
Mestre Divino
ensinava a
verdade à frente
de um lago e
costumava
ministrar os
dons celestiais
sob um teto
emprestado; além
disso, encontrou
os companheiros
mais abnegados e
fiéis entre
pescadores
anônimos,
integrados na
vida singela da
natureza.
Não te
apoquentes,
minha irmã, e
segue sem
serenidade.
Claro está que
ainda não temos
seguidores leais
do Senhor sem a
cruz do
sacrifício.
A
mediunidade é um
madeiro de
espinhos
dilacerantes,
mas com o avanço
da subida,
calvário acima,
os acúleos se
transformam em
flores e os
braços da cruz
se convertem em
asas de luz para
a alma livre na
eternidade.
Não desprezes a
tua oportunidade
de servir e
prossegue de
esperança
robusta. A carne
é uma estrada
breve.
Aproveitamo-la
sempre que
possível na
sublime
sementeira da
caridade
perfeita.
Em suma, ser
médium no
roteiro cristão
é dar de si
mesmo em nome do
Mestre. E foi
Ele que nos
descerrou a
realidade de que
somente alcançam
a vida
verdadeira
aqueles que
sabem perder a
existência em
favor de todos
os que se
constituem seus
tutelados e
filhos de Deus
na Terra.
Segue, pois,
para diante,
amando e
servindo.
Não nos deve
preocupar a
ausência de
alheia
compreensão.
Antes de
cogitarmos do
problema de
sermos amados,
busquemos amar,
conforme o Amigo
Celeste nos
ensinou.
Que Ele nos
proteja, nos
fortifique e
abençoe.
Do livro
Cartas do
Coração,
ditado por
Espíritos
Diversos e
psicografado
pelo médium
Francisco
Cândido Xavier.