MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Ação e Reação
André Luiz
(Parte
6)
Damos continuidade nesta edição
ao
estudo da obra
Ação e Reação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1957 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. É verdade que não
existem na Terra males
que permanecem ocultos?
Sim. Todos os crimes e
todas as falhas da
criatura humana se
revelarão algum dia, em
algum lugar. Qualquer
sombra de nossa
consciência jaz impressa
em nossa vida até que a
mácula seja lavada por
nós mesmos, com o suor
do trabalho ou com o
pranto da expiação.
Contudo, disse o
Assistente Silas, "a
Bondade Infinita do
Senhor permite que as
vítimas edificadas no
entendimento e no perdão
se transformem, felizes,
em abnegados cireneus
dos antigos verdugos".
(Ação e Reação, cap. 4,
pp. 51 a 53.)
B. Uma enferma
desencarnada via uma
entidade que ela
acreditava ser o demônio
Belfegor. Já que não
existem demônios, como
explicar essa visão?
O Assistente explicou
tratar-se de um clichê
mental, criado e nutrido
por ela mesma. As ideias
macabras da magia
aviltante, como as da
bruxaria e do demonismo
que as igrejas chamadas
cristãs propagam, a
pretexto de combatê-las,
geram imagens como essa,
estabelecendo epidemias
de pavor alucinatório.
As Entidades entregues à
perversão valem-se
desses quadros e
imprimem-lhes temporária
vitalidade...
(Obra citada, cap. 4,
pp. 53 e 54.)
C. A velocidade do
pensamento supera a da
luz?
Segundo o Assistente
Silas, sim. A força viva
e atuante do pensamento
propaga-se a uma
velocidade superior à da
luz. Emitido por nós, o
pensamento volta
inevitavelmente a nós
mesmos, compelindo-nos a
viver, de maneira
espontânea, em sua onda
de formas criadoras, que
naturalmente se nos
fixam no Espírito quando
alimentadas pelo
combustível de nosso
desejo ou de nossa
atenção. Daí a
necessidade imperiosa de
nos situarmos nos ideais
mais nobres e nos
propósitos mais puros da
vida, porque energias
atraem energias da mesma
natureza, e, quando
estacionários na
viciação ou na sombra,
as forças mentais que
exteriorizamos retornam
ao nosso espírito,
reanimadas e
intensificadas pelos
elementos que com elas
se harmonizam,
engrossando, dessa
forma, as grades da
prisão em que nos
detemos
irrefletidamente.
(Obra citada, cap. 4,
pp. 55 a 57.)
Texto para leitura
21. A
causa do remorso
- Sem perceber que sua
mãe a conchegava de
encontro ao peito, e de
mente aprisionada à
confissão que fizera "in
extremis", a moça
continuou, como se o
sacerdote ali
permanecesse: "Padre,
perdoe-me, em nome de
Jesus, entretanto,
quando me vi jovem e
senhora de vultoso dote
que meu pai me
conferira,
envergonhei-me do anjo
maternal que sobre os
meus dias estendera as
brancas asas e,
aliando-me ao homem
vaidoso que desposei,
expulsei-a de nossa
casa!... Oh! ainda sinto
o frio daquela terrível
noite de adeus!...
Atirei-lhe ao rosto
frases cruéis... Para
justificar minha vileza
de coração, caluniei-a
sem piedade!...
Pretendendo elevar-me no
conceito do homem que
desposara, menti que ela
não era minha mãe!
apontei-a como ladra
comum que me roubara ao
nascer!... Lembro-me do
olhar de dor e
compaixão que me lançou
ao despedir-se... Não se
queixou, nem reagiu...
Apenas contemplou-me,
tristemente, com os
olhos túrgidos de
chorar!..." Nesse ponto,
a mãe daquela jovem,
afagando-lhe os cabelos
em desalinho, buscou
reconfortá-la: "Não se
excite. Descanse...
descanse..." A moça
notou que a voz que
dissera tal frase era
parecida com a de sua
mãe e, desvairando-se de
angústia, rogou, em
pranto: "O' Deus, não me
deixes encontrá-la, sem
que pague os meus
débitos!... Senhor,
compadecei-vos de mim,
pecadora que Vos ofendi,
humilhando e ferindo a
amorosa mãe que me
destes!..." Com o
auxílio de duas
enfermeiras, porém, a
simpática senhora que a
acalentava situou-a em
leito portátil e fê-la
emudecer, à força de
inexcedível ternura.
Silas explicou que a
genitora da infeliz
iria acompanhá-la no
tratamento, sem
identificar-se, para que
a moça não sofresse
abalos prejudiciais. "O
traumatismo
perispirítico –
explicou ele – vale
por muito tempo de
desequilíbrio e
aflição." O caso tocara
fundo em André. Não
havia, então, males
ocultos na Terra!...
Todos os crimes e todas
as falhas da criatura
humana se revelariam
algum dia, em algum
lugar!... O Assistente
captou a amargura das
reflexões de André,
observando: "Sim, meu
amigo, você repara com
acerto. A Criação de
Deus é gloriosa luz.
Qualquer sombra de nossa
consciência jaz impressa
em nossa vida até que a
mácula seja lavada por
nós mesmos, com o suor
do trabalho ou com o
pranto da expiação..."
Lembrou, contudo, que "a
Bondade Infinita do
Senhor permite que as
vítimas edificadas no
entendimento e no perdão
se transformem, felizes,
em abnegados cireneus
dos antigos verdugos".
(Capítulo 4, pp. 51 a
53)
22. O demônio
Belfegor - Em
seguida, outra mulher
prorrompeu em choro
convulso e, de punhos
cerrados, reclamou:
"Quem me libertará de
Satã? quem me livrará do
poder das trevas? Santos
anjos, socorrei-me!
Socorrei-me contra o
temível Belfegor!..." O
amparo magnético à
enferma foi imediato,
mas ela repetiu:
"Maldito! Maldito!...",
até que o concurso da
prece levou-a a
adormecer, pouco a
pouco. Asserenado o
ambiente, André
sondou-lhe a mente
conturbada. A pobre
amiga era portadora de
pensamentos
horripilantes. Como que
a se lhe enraizar no
cérebro, via
escapar-se-lhe do campo
íntimo a figura
animalesca de um homem
agigantado, de longa
cauda, com a fisionomia
de um caprino
degenerado, exibindo
pés em forma de garras e
ostentando dois chifres,
qual se vivesse em
perfeita simbiose com a
infortunada. O
Assistente explicou
tratar-se de um clichê
mental, criado e nutrido
por ela mesma. As ideias
macabras da magia
aviltante, como as da
bruxaria e do demonismo
que as igrejas chamadas
cristãs propagam, a
pretexto de combatê-las,
geram imagens como essa,
estabelecendo epidemias
de pavor alucinatório.
As Entidades entregues à
perversão valem-se
desses quadros e
imprimem-lhes
temporária vitalidade...
Hilário, que também
observara o duelo íntimo
entre a enferma e a
forma-pensamento, falou:
"Lembro-me de haver
manuseado, há muitos
anos, na Terra, um livro
de autoria de Collin de
Plancy, aprovado pelo
arcebispo de Paris,
trazendo a descrição
minuciosa de diversos
demônios, e creio haver
visto uma figura gravada
nessa obra, semelhante à
que temos sob nossa
direta observação".
Silas confirmou: "Isso
mesmo. É o demônio
Belfegor, segundo as
anotações de Jean Weier,
que imprevidentes
autoridades da Igreja
permitiram se
espalhasse nos círculos
católicos". (Capítulo 4,
pp. 53 e 54)
23. O pensamento é
mais veloz que a luz
- O caso anterior mostra
que estamos ainda longe
de conhecer todo o poder
criador e aglutinante
encerrado no pensamento
puro e simples; por
isso, tudo devemos fazer
por libertar os entes
humanos de todas as
expressões perturbadoras
da vida íntima. "Tudo o
que nos escravize à
ignorância e à miséria,
à preguiça e ao egoísmo,
à crueldade e ao crime é
fortalecimento da treva
contra a luz e do
inferno contra o Céu",
asseverou Silas. Em
seguida, ele valeu-se
do exemplo da televisão,
para recordar que na
radiofonia e na
televisão os elétrons
que carreiam as
modulações da palavra e
os elementos da imagem
se deslocam no espaço
com velocidade igual à
da luz, ou seja, a
300.000 quilômetros por
segundo. "Ora, num só
local – lembrou Silas –
podem funcionar um
posto de emissão e
outro de recepção,
compreendendo-se que,
num segundo, as palavras
e as imagens podem ser
irradiadas e captadas,
simultaneamente, depois
de atravessarem imensos
domínios do espaço, em
fração infinitesimal de
tempo. Imaginemos agora
o pensamento, força viva
e atuante, cuja
velocidade supera a da
luz. Emitido por nós,
volta inevitavelmente a
nós mesmos,
compelindo-nos a viver,
de maneira espontânea,
em sua onda de formas
criadoras, que
naturalmente se nos
fixam no espírito quando
alimentadas pelo
combustível de nosso
desejo ou de nossa
atenção. Daí, a
necessidade imperiosa de
nos situarmos nos ideais
mais nobres e nos
propósitos mais puros da
vida, porque energias
atraem energias da mesma
natureza, e, quando
estacionários na
viciação ou na sombra,
as forças mentais que
exteriorizamos retornam
ao nosso espírito,
reanimadas e
intensificadas pelos
elementos que com elas
se harmonizam,
engrossando, dessa
forma, as grades da
prisão em que nos
detemos
irrefletidamente,
convertendo-se-nos a
alma num mundo fechado,
em que as vozes e os
quadros de nossos
próprios pensamentos,
acrescidos pelas
sugestões daqueles que
se ajustam ao nosso modo
de ser, nos impõem
reiteradas alucinações,
anulando-nos, de modo
temporário, os sentidos
sutis." "Eis por que –
concluiu o Assistente –
, efetuada a supressão
do corpo somático, no
fenômeno vulgar da
morte, a criatura
desencarnada,
movimentando-se num
veículo mais plástico e
influenciável, pode
permanecer longo tempo
sob o cativeiro de suas
criações menos
construtivas,
detendo-se em largas
faixas de sofrimento e
ilusão com aqueles que
lhe vivem os mesmos
enganos e pesadelos."
(Cap. 4, pp. 55 a 57)
24. Um passeio
fora da Mansão -
A morte do corpo denso é
sempre o primeiro passo
para a colheita da vida.
Não é, pois, sem razão
que o Umbral viva
repleto de homens e
mulheres que vararam a
grande fronteira, em
plena conexão com a
experiência carnal. Não
existe, por isso, local
melhor para se estudar
os princípios de causa e
efeito nas criaturas
recém-desencarnadas. Foi
esse o motivo que levou
Silas a convidar André e
Hilário a um rápido
passeio pelos arredores.
O Assistente comentou
que as províncias
infernais são mais
adequadas às pesquisas
em torno da lei de causa
e efeito do que as
regiões celestes, uma
vez que o crime e a
expiação, o
desequilíbrio e a dor
fazem parte de nossos
conhecimentos mais
simples nas lides
cotidianas, ao passo que
a glória e o regozijo
angélicos representam
estados superiores de
consciência que
transcendem a nossa
compreensão. "Estamos
psiquicamente mais
perto do mal e do
sofrimento...",
relembrou Silas. "Em
razão disso, entendemos
sem qualquer
discrepância os
problemas aflitivos que
se multiplicam aqui."
Após transporem largo
portão, que dava acesso
ao exterior, o grupo se
deslocou, a contemplar
os quadros tristes em
derredor. À medida que
se afastavam, penetravam
mais profundamente na
sombra densa, cada vez
mais espessa, alumiada,
contudo, aqui e ali, por
tochas mortiças, como se
a luz, nos sítios em
torno, lutasse para
sobreviver. Gritos,
soluços, imprecações e
blasfêmias emergiam da
treva. Aquele local
situava-se numa zona
posterior à Mansão, em
larga faixa superlotada
de Entidades conturbadas
e sofredoras, que
pareciam relegadas à
intempérie, fora da área
abarcada pelos muros da
instituição. (Capítulo
5, pp. 58 e 59)
(Continua no próximo
número.)