MARCELO
FERNANDES COSTA
costamf@usp.br
São Paulo, SP
(Brasil)
O
Espiritismo
Filosófico
Como espíritas,
sabemos que a
doutrina
espírita está
alicerçada em um
tripé, composto
de filosofia,
ciência e as consequências
morais (as quais
alguns preferem
chamar de
religião).
Embora saibamos
deste tripé e o
dizemos
frequentemente,
poucos têm, ao
certo, a noção
filosófica e
científica da
doutrina e,
muitas vezes,
ficam presos na
tentativa de se
entender as consequências
morais sem,
primeiro,
entender os
pressupostos
filosóficos e
científicos que
são a base para
o entendimento
destas consequências
morais.
Neste ponto, os
aspectos
filosóficos do
Espiritismo são
algo
praticamente não
entendido, não
explorado pelos
estudos
espíritas, não
desenvolvido
como ferramenta
crucial para a
aquisição de
novos horizontes
e novos
conhecimentos.
Reduzimos os
aspectos
filosóficos da
doutrina apenas
às perguntas que
se assemelham
aos
questionamentos
filosóficos
realizados por
pensadores como,
por exemplo, o
que é Deus, de
onde nós viemos,
para onde vamos,
entre outros. No
entanto, estes
questionamentos
certamente
permanecerão por
muito ainda sem
respostas e
apenas temos uma
vaga ideia do
nosso processo
evolutivo. O uso
das ferramentas
filosóficas
deveria ser
matéria
introdutória nas
casas espíritas.
Tópicos como
Teoria do
Conhecimento,
Lógica,
Raciocínio
Crítico são
pequenos
exemplos de
assuntos da
filosofia que
servem de base
para o
entendimento dos
ensinamentos de Kardec e também
de nosso grande
irmão Jesus.
Todos conhecemos
a frase de
Cristo:
“Conhecereis a
verdade, e a
verdade vos
libertará!”? Ou
seja, somente
através do
conhecimento do
que é verdade é
que alcançaremos
a nossa
liberdade, nossa
jornada
evolutiva não
mais necessitará
de encarnações.
Aqui, nos
pegamos
questionando
dois fundamentos
importantes para
entender o que
Jesus disse e o
que Kardec
inicialmente
explora em O
Livro dos
Espíritos: O que
é verdade e o
porquê da
necessidade da
Reencarnação?
Como vimos, a
lógica nos faz
associar estes
dois princípios,
mas como
responder a
isso?!
Alguns diriam
que é somente
pela
reencarnação que
adquirimos
conhecimento e
aos poucos vamos
acumulando-o e
evoluindo. Este
raciocínio está
correto, porém
ele é uma
interpretação
literal,
simples, do que
está escrito no
LE, mas ainda
não responde
COMO.
Para tal,
necessitamos
recorrer aos
recursos da
filosofia, mais
especificamente
à Teoria do
Conhecimento.
Esta área da
filosofia
explora
exatamente este
ponto,
questionando “O
que é a
verdade?”, “Como
obtemos a
verdade?”. Os
estudos deste
assunto mostram
que uma das
formas de
aquisição da
verdade é por
meio de nossas
percepções. Mas
são nossas
percepções uma
representação
fiel da
realidade? O
quanto de
verdade eu tenho
em minhas
percepções?
O conhecimento
atual deste
assunto sugere
que nossas
percepções são
representações
relativamente
reais do mundo.
Às vezes,
chegamos muito
perto de
conhecer o mundo
real, por
outras, ficamos
distantes ou até
mesmo sequer o
percebemos.
Voltamos a
Kardec e vemos
que ele associa
a liberdade com
a depuração da
alma. LE,
pergunta 166:
Como pode a
alma, que não
alcançou a
perfeição
durante a vida
corpórea, acabar
de depurar-se?
“Sofrendo a
prova de uma
nova
existência”.
Portanto, a
perfeição está
associada à
depuração da
alma. Então
perguntamos,
COMO esta
depuração se
associa com o
conhecimento da
verdade? LE
pergunta 94: De
onde tira o
Espírito o seu
envoltório
semimaterial? Do
fluido universal
de cada globo. É
por isso que ele
não é o mesmo em
todos os mundos;
passando de um
mundo para
outro, o
Espírito muda de
envoltório, como
mudais de roupa.
LE pergunta
94-a: Dessa
maneira, quando
os Espíritos de
mundos
superiores vêm
até nós, tomam
um perispírito
mais grosseiro?
É necessário que
eles se revistam
da vossa
matéria, como já
dissemos.
Conforme o
Espírito evolui,
seu perispírito
vai ficando cada
vez mais etéreo,
menos material.
Com isso, vamos
nos tornando
cada vez mais
capazes de
perceber o mundo
como ele
realmente o é. A
cada encarnação,
vamos depurando
nosso
perispírito,
vamos sendo
capazes de
sintonizar
vibrações
diferentes e
esta ampliação
na capacidade de
enxergar a
verdade é que
nos garante a
tão desejada
salvação.