SIDNEY FRANCEZ
FERNANDES
1948@uol.com.br
Bauru, São Paulo
(Brasil)
Bullying –
Crueldade ou
Falha na
Educação?
"Seu filho não
quer mais ir à
escola. Não
consegue
concentrar-se no
aprendizado. Tem
lapsos de
memória. Falta
de apetite. Você
quer conversar,
mas ele se
esquiva. Você
liga a TV para
se distrair e
assiste, com
interesse, a uma
entrevista com a
psiquiatra Dra.
Ana Beatriz
Barbosa Silva.
Autora de vários
livros, está
falando sobre
sua mais recente
obra: Mentes
Perigosas nas
Escolas.”
Bullying é uma
expressão
inglesa que
sintetiza a
violência
continuada,
física, verbal
ou através da
internet.
Geralmente é
praticada por
grupos, com
intenção
injustificável
de provocar
sofrimentos
físicos ou
morais.
Normalmente a
vítima é
indefesa,
quieta, e sofre
a violência em
silêncio com
medo de mais
represálias.
Acontece
geralmente nas
escolas, mas
também em locais
de trabalho ou
outros
ambientes.
Não é um
problema novo,
mas muito mais
comum do que
sempre se
imaginou. Seus
efeitos, graves
para os
agressores e
vítimas,
começaram a ser
pesquisados nos
últimos anos.
Quem sofre ou vê
sofrer o
bullying pode
passar a ter
medo, depressão,
pânico, anorexia
e bulimia. Em
casos mais
extremos chegam
a ocorrer
suicídios e
homicídios. 60%
dos agentes têm
a progressão de
suas
“brincadeiras”
para conflitos
no trânsito,
agressões em
mulheres,
envolvimento em
brigas e têm, no
mínimo, uma
passagem pela
polícia até os
24 anos de
idade.
Dra. Ana Beatriz
Barbosa Silva
está
empreendendo uma
verdadeira
cruzada
brasileira
contra o
bullying. E o
assunto ganhou
tal repercussão
na mídia, órgãos
de ensino e
autoridades, que
começam a surgir
novas leis,
punições
pecuniárias e
medidas visando
ao despertamento
da sociedade
para o problema.
Dra. Ana foi
entrevistada,
nos últimos
meses, por nada
menos do que
Serginho
Groisman, Jô
Soares, Amaury
Jr., Marília
Gabriela e Ana
Maria Braga, só
para citar os
mais conhecidos.
Agentes do
bullying agridem
porque querem se
tornar
populares,
porque têm
problemas em
casa, porque não
tiveram bons
exemplos dos
pais ou porque
sofreram algum
tipo de
violência.
Poucos,
felizmente a
minoria,
praticam o
bullying pelo
prazer mórbido
de provocar o
sofrimento.
Na escolha de
uma escola, os
pais da
Inglaterra estão
dando hoje mais
importância à
existência de
uma política de
“não bullying”,
passando para
segundo plano a
qualidade e os
métodos de
ensino. Os
responsáveis
tomam cuidado
com as
expressões de
marketing “nesta
escola não há
bullying”, pois,
ao invés de
negar a
existência da
violência,
torna-se
fundamental
preveni-la e
controlá-la.
O problema é
geral. Da
sociedade, da
escola e das
autoridades, mas
o seu controle
está nas mãos
dos pais. Serão
os pais que
detectarão a
mudança de
comportamento da
vítima. Serão os
pais que deverão
exigir o
envolvimento de
diretores,
professores,
alunos e de toda
escola. Serão os
pais dos
agressores que
reconhecerão os
males que seus
filhos estão
provocando,
adotando limites
e tratamentos,
para que não se
degenerem e
venham a perder
suas vidas.
Se nada é feito
em relação a
essa
agressividade,
nosso filho pode
vir a perder os
melhores
momentos de sua
vida escolar.
Mas, se nada é
feito em relação
ao agressor, ele
pode se tornar
um agressivo
marginal.
Absurdamente,
alguns mitos e
equívocos
começam a se
formar em torno
do bullying: a
culpa é da
vítima, ela deve
resolver o
problema por si
própria, a
vítima é fraca e
sensível demais,
a criança deve
defender-se, ou
ainda
justificando as
atitudes do
agressor.
O que fazer para
combater essa
prática nas
escolas? Exigir
a implantação de
política
antibullying
envolvendo
professores,
funcionários,
alunos e pais.
Informar.
Sensibilizar.
Conscientizar.
Mobilizar.
Estabelecer
limites em casa
e regras na
escola. A melhor
forma de tratar
o bullying é
evitar que ele
ocorra. Ele
geralmente
acontece nas
escolas onde não
há supervisão.
Escolas menores
e fisicamente
bem tratadas
desencorajam o
bullying. A
qualidade de
vida dos alunos
de cada escola e
o tipo de
relação
intrafamiliar
influenciam na
sua incidência.
Todas as ações
sugeridas são
importantes. Mas
a principal
atitude será a
de darmos a
devida atenção
aos nossos
filhos,
passando-lhes
confiança, senso
moral e respeito
ao próximo.
Agressor, vítima
e testemunhas
silenciosas
devem merecer
nossos cuidados.
Todos que querem
uma sociedade
menos violenta e
mais justa devem
combater o
bullying. Dessa
forma, estaremos
moldando uma
sociedade
melhor, enquanto
é possível.
“Temos que mudar
a sociedade
enquanto ela é
mutável: na
infância, na
juventude e nos
bancos
escolares.”
(Dra. Ana
Beatriz Barbosa
Silva.)