MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Ação e Reação
André Luiz
(Parte
8)
Damos continuidade nesta edição
ao
estudo da obra
Ação e Reação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1957 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Até quando os
internos na casa cuidada
por Orzil ali ficariam?
Aqueles enfermos
permaneceriam presos ali
até se renovarem. Silas
explicou: "O problema é
de natureza mental.
Modifiquem as próprias
ideias e
modificar-se-ão". "Isso,
porém, não é tão fácil.
Consagram-se vocês,
presentemente, a estudos
especiais dos princípios
de causa e efeito.
Fiquem pois sabendo que
nossas criações mentais
preponderam fatalmente
em nossa vida.
Libertam-nos quando se
enraízam no bem que
sintetiza as Leis
Divinas, e
encarceram-nos quando se
firmam no mal, que nos
expressa a delinquência
responsável,
enleando-nos por essa
razão ao visco sutil da
culpa.”
(Ação e Reação, cap. 5,
pp. 69 a 71.)
B. Que diferença existe,
quanto aos seus efeitos,
entre o bem e o mal?
Como foi dito
anteriormente, nossas
criações mentais
libertam-nos quando se
enraízam no bem que
sintetiza as Leis
Divinas, e
encarceram-nos quando se
firmam no mal, que nos
expressa a delinquência
responsável,
enleando-nos por essa
razão ao visco sutil da
culpa. Depois de dizer
tais palavras, Silas
lembrou que o
pensamento, atuando à
feição de onda, possui
velocidade muito
superior à da luz e que
toda mente é dínamo
gerador de força
criativa. "Ora, sabendo
que o bem é expansão da
luz e que o mal é
condensação da sombra –
asseverou o Assistente –
, quando nos transviamos
na crueldade para com os
outros, nossos
pensamentos, ondas de
energia sutil, de
passagem pelos lugares e
criaturas, situações e
coisas que nos afetam a
memória, agem e reagem
sobre si mesmos, em
circuito fechado, e
trazem-nos, assim, de
volta, as sensações
desagradáveis, hauridas
ao contacto de nossas
obras inferiores." Na
sequência, Silas disse
que todos estamos
ligados uns aos outros,
na carne e fora da
carne, e achamo-nos
livres ou prisioneiros,
no campo da experiência,
segundo as nossas obras,
através dos vínculos de
nossa vida mental. "O
bem é a luz que liberta,
o mal é a treva que
aprisiona... Estudando
as leis do destino, é
preciso atentar para
semelhantes realidades
indefectíveis e
eternas."
(Obra citada, cap. 5,
pp. 69 a 71.)
C. As regiões
espirituais menos
elevadas proporcionam ao
Espírito oportunidades
de crescimento?
Sim. Segundo Silas,
mesmo nas chamadas zonas
infernais dispomos de
preciosas oportunidades
de trabalho, não apenas
vencendo as aflições
purgatoriais que
estabelecemos em nós
mesmos, mas preparando
novos caminhos para o
céu interior que devemos
edificar. O trabalho no
bem é importante sempre,
não importa o lugar.
(Obra citada, cap. 6,
pp. 75 e 76.)
Texto para leitura
29. Um enfermo em
chagas - Dava
para notar a
intraduzível angústia
daquele Espírito, entre
o remorso e o
arrependimento, mas, a
leve chamado de Silas,
despertou como fera
roubada à quietude do
sono, bramindo: "Não há
testemunhas... Não há
testemunhas!... Não fui
eu quem atropelou o
infeliz, não obstante o
odiasse com razão... Que
pretendem de mim?
Denunciar-me? Covardes!
Espreitavam, então, a
rua morta?" Ninguém lhe
respondeu, e o grupo se
afastou, compadecido.
Aqueles irmãos infelizes
viviam entre as imagens
mantidas por eles
mesmos, através da força
mental com que as
alimentavam. A equipe
acercou-se então do
terceiro cubículo, onde
um homem feridento
esvurmava as feias
chagas, usando as
próprias unhas. A
atmosfera francamente
pestilencial exigia
enorme disciplina contra
a eclosão de náuseas em
todos. Percebendo a
presença do grupo, o
doente avançou, clamando
amargamente:
"Compadecei-vos de mim!
Sois médicos? Atendei-me
por amor de Deus! Vede
os detritos em que me
apoio!..." De fato,
André viu que o mísero
se movimentava num
montão de sujeira,
coberto por filetes de
sangue podre, mas o
quadro repugnante era
constituído pelas
emanações mentais do
próprio enfermo.
"Doutores! – continuou
ele – há quem diga que
roubei dos outros, a fim
de satisfazer meus
vícios no alcoice
(1)
que eu frequentava...
Mas é mentira, é
mentira!... Juro-vos que
morava no bordel por
espírito de caridade...
As mulheres desditosas
requeriam defesa...
Auxiliei-as quanto
pude... Ainda assim,
adquiri, junto delas, a
enfermidade que me
aniquilou o corpo físico
e que ainda me empesta
a respiração,
convertendo-se aqui em
meu próprio hálito!...
Socorrei-me por quem
sois!... Socorrei-me por
quem sois!..." A
repetição dos rogos,
porém, derramava-se em
tom imperativo, como se
as palavras humildes do
petitório fossem apenas
o disfarce de uma ordem
tiranizante. Tratava-se
de antigo e inveterado
gozador que despendeu em
prazeres inúteis largos
recursos que lhe não
pertenciam. "Por muito
tempo ainda – explicou
Silas – , a mente dele
oscilará entre a
irritação e o
desencanto, nutrindo o
ambiente horrível de que
se fez o fulcro
desequilibrado."
(Capítulo 5, pp. 67 a
69)
30. O bem nos
liberta, o mal aprisiona
- De retorno ao tugúrio
de Orzil, Silas informou
que aqueles enfermos
permaneceriam presos
ali, até se renovarem. E
explicou: "O problema é
de natureza mental.
Modifiquem as próprias
ideias e
modificar-se-ão". Na
sequência, após ligeira
pausa, acrescentou:
"Isso, porém, não é tão
fácil. Consagram-se
vocês, presentemente, a
estudos especiais dos
princípios de causa e
efeito. Fiquem pois
sabendo que nossas
criações mentais
preponderam fatalmente
em nossa vida.
Libertam-nos quando se
enraízam no bem que
sintetiza as Leis
Divinas, e
encarceram-nos quando se
firmam no mal, que nos
expressa a delinquência
responsável,
enleando-nos por essa
razão ao visco sutil da
culpa. Afirma velho
aforismo popular na
Terra que `o
criminoso volta ao local
do crime'. Daqui
podemos asseverar que,
mesmo desfrutando a
possibilidade de
ausentar-se da paisagem
do crime, o pensamento
do criminoso está preso
ao ambiente e à própria
substância da falta
cometida". Silas lembrou
então que o pensamento,
atuando à feição de
onda, possui velocidade
muito superior à da luz
e que toda mente é
dínamo gerador de força
criativa. "Ora, sabendo
que o bem é expansão da
luz e que o mal é
condensação da sombra –
asseverou o Assistente –
, quando nos transviamos
na crueldade para com os
outros, nossos
pensamentos, ondas de
energia sutil, de
passagem pelos lugares e
criaturas, situações e
coisas que nos afetam a
memória, agem e reagem
sobre si mesmos, em
circuito fechado, e
trazem-nos, assim, de
volta, as sensações
desagradáveis, hauridas
ao contacto de nossas
obras inferiores." Assim
é que as ondas do
pensamento paternal do
velho usurário,
dirigidas a seus filhos,
voltavam a ele
carregadas pelos
princípios mentais de
ódio e egoísmo dos
jovens litigantes, do
mesmo modo que o
companheiro em chagas
reabsorvia as ondas de
seu próprio campo
mental, acumuladas de
fatores deprimentes, que
a elas se incorporavam
nos lugares por onde
passavam, restituídas a
ele com multiplicados
elementos de corrupção.
Ante a lição recebida,
Hilário observou:
"Agora percebo com mais
clareza o benefício
concreto da oração e da
piedade, da simpatia e
do socorro que, na
Terra, deveríamos
dispensar,
sinceramente, aos
chamados mortos..."
"Sim, sim... –
respondeu Silas – todos
estamos ligados uns aos
outros, na carne e fora
da carne, e achamo-nos
livres ou prisioneiros,
no campo da experiência,
segundo as nossas obras,
através dos vínculos de
nossa vida mental." "O
bem é a luz que liberta,
o mal é a treva que
aprisiona... Estudando
as leis do destino, é
preciso atentar para
semelhantes realidades
indefectíveis e
eternas." (Capítulo 5,
pp. 69 a 71)
31. No serviço da
prece - O
serviço da prece em
conjunto era realizado
na Mansão, duas vezes
por semana, em local
próprio. Nessas
ocasiões
materializavam-se,
habitualmente, um ou
outro dos orientadores
que, de esferas mais
altas, superintendiam a
instituição. Druso e
seus assessores mais
responsáveis recolhiam
então, na oportunidade,
ordens e instruções
variadas, pertinentes
aos numerosos processos
em movimento, ao mesmo
tempo em que questões
eram respondidas e
providências de trabalho
eram, com segurança,
indicadas. Convidado a
participar da prece,
André rogou a Jesus
inspiração para que sua
presença não fosse ali
motivo de perturbação.
Druso recebeu André e
Hilário em uma sala
simples, onde em uma
vasta mesa, ladeada de
poltronas modestas, se
acomodavam dez pessoas
simpáticas – sete
mulheres e três homens.
Na cabeceira bem ampla
sentou-se o diretor da
casa; do outro lado, à
frente, surgia larga
tela translúcida,
medindo aproximadamente
seis metros quadrados.
Qual seria a função dos
dez companheiros
postados ao lado de
Druso? "São amigos
nossos que aprimoraram
condições mediúnicas
favoráveis à realização
dos serviços a se
desdobrarem aqui",
informou Silas.
"Colaboram com fluidos
vitais e elementos
radiantes, altamente
sublimados, de que os
nossos Instrutores se
servem com eficiência
para se manifestarem."
(Capítulo 6, pp. 73 a
75)
32. Mediunidade na
vida espiritual
- Seriam eles santos em
atividade na Mansão? A
esta pergunta
despropositada de
Hilário, Silas
respondeu,
bem-humorado: "De modo
algum. São trabalhadores
prestimosos. Tanto
quanto nós, padecem
ainda a pressão de
reminiscências
perturbadoras do plano
físico, carreando
consigo as raízes dos
débitos que adquiriram
no passado, para o justo
resgate em porvir talvez
próximo, na
reencarnação. Ainda
assim, pela disciplina a
que se afeiçoam no
devotamento aos
semelhantes, conquistam
simpatias providenciais
que funcionam à maneira
de valores expressivos a
lhes atenuarem
dificuldades e provas
nas lutas porvindouras".
O Assistente mostrava,
assim, que nas zonas
infernais também
dispomos de preciosas
oportunidades de
trabalho, não apenas
vencendo as aflições
purgatoriais que
estabelecemos em nós
mesmos, mas preparando
novos caminhos para o
céu interior que devemos
edificar. Fora do
círculo em que se
encontrava Druso, havia
três Assistentes, cinco
Enfermeiros, Silas,
Hilário, André e duas
senhoras de aspecto
humilde. Estas duas
últimas eram irmãs que,
por mérito em serviço,
receberam o direito de
partilhar a reunião, de
modo a suplicarem
auxílio na solução de
problemas que lhes
tocavam a alma de perto.
"Conheço-as
pessoalmente", disse
Silas. "São mulheres
desencarnadas que
primam pela abnegação,
atuando em socorro de
Espíritos familiares
que sofrem nestas
regiões as duras
consequências dos
delitos a que se
entregaram,
imprevidentes." Eram
Madalena e Sílvia, que
desposaram na última
existência dois irmãos
consanguíneos que se
odiaram terrivelmente,
da mocidade até à morte,
e, em razão de suas
desavenças, cometeram
erros deliberados e
clamorosos nos setores
da política regional, em
que estiveram situados.
Impedindo, por suas
discórdias, o progresso
da coletividade que lhes
cabia servir,
alimentaram a cizânia e
a crueldade entre os
seus companheiros, e
muitos crimes derivaram
dessa luta insana, razão
por que expiavam, nas
linhas inferiores do
sofrimento, os delitos
de lesa-fraternidade que
praticaram contra si
mesmos. (Capítulo 6, pp.
75 e 76)
(Continua no próximo
número.)
(1)
Alcoice ou alcouce (do
árabe al-qos, 'cabana de
eremita') é o mesmo que
prostíbulo.