O
explosivo
Oriente
Médio
Se o
verdadeiro
sentido
da
palavra
“Religião”
fosse
entendido,
haveria
paz no
mundo
“(...)
Ai de ti
Jerusalém,
que
continuas
impura!
Até
quando ainda?
Aos
sacerdotes, aos
profetas
e a
todos
os
habitantes
de
Jerusalém,
os
estraçalharei
uns
contra
os
outros.”
-
Jeremias,
13:13,
14 e 27.
Segundo
os
entendidos
no
assunto,
qualquer
amálgama entre
os
diversos
tipos
de
fundamentalismos
religiosos
é
totalmente
absurdo,
haja
vista a
distância
existente, por exemplo, entre os furiosos
milicianos
islamitas
de
Moqtada
Al-Sadr
e os
fundamentalistas batistas americanos
que acreditam na
Criação
Divina do mundo
em 7 dias,
detestam
os
homossexuais,
defendem
a pena de morte e postulam por um
“sionismo-cristão”
favorável
à
reunião
de
todos
os
judeus
da
Terra
em um
só ponto para melhor
convertê-los
à
fé
cristã.
Sem
embargo,
numa
coisa
os
fundamentalistas
se
parecem:
todos, sem exceção, são misoneístas... Essa forte
característica
do
fundamentalismo
tende a perenizar o “status quo” vigente, avesso
à
ordem
natural
do
progresso.
Estão
todos
ciosamente “engessados”
entre
as
grossas
e
altas
muralhas
do
dogmatismo
insano.
Este é
um
dos
motivos
pelo qual a situação de beligerância
no
Oriente
Médio
permanece
a
mesma
há milênios, conforme
podemos
comprovar
até
mesmo pelos
registros
históricos
exarados
na
Bíblia,
a exemplo dos versículos
em epígrafe
do
profeta
Jeremias.
Para
compreendermos
este
contexto
histórico, precisamos
conhecer
um pouco
mais do Islamismo
que, tal
como o Cristianismo,
está
dividido em vertentes.
Para
ser
mais
preciso, o Islamismo
divide-se
em
três
segmentos: 1 – “aggiornamento”
ou
acomodação;
2 –
Islã
tradicional;
3 – Fundamentalismo.
PRIMEIRA
VERTENTE
A
primeira vertente
(aggionarmento
ou
acomodação)
caracteriza-se
pela tentativa de acomodar a realidade hodierna com as tendências
secularizantes,
tal
como
tentou o
apóstolo
Tiago
fazer
no
Cristianismo
com
o
Velho
Testamento
e as
escrituras
Neotestamentárias.
Essa
vertente não
se
distingue
–
propriamente
–
por
mudanças
intestinas
radicais, visto que adota
um viés
de “mescla”
do
velho
com
o
novo,
para atender aos reclamos das realidades
emergentes no
contexto
histórico-cultural-contemporâneo.
Sobressai-se,
portanto, nesta
primeira
tendência uma
mistura
do “nacionalismo
árabe” de Nasser, com
o “socialismo
islâmico” da Argélia, alcançando até mesmo leves nuanças das teses
“fundamentalistas”,
procedentes da revolução
islâmica de Khomeini. Todo o esforço desta primeira
tendência consiste,
portanto,
numa
espécie
de
“atualização”
ou
seja,
“acomodação,
aggiornamento” com as ideologias
mais recentes.
SEGUNDA
VERTENTE
A
segunda vertente
conhecida por
“Islã
tradicional”
caracteriza-se
por um padrão de maior tolerância
e
menos
radicalismo
com relação
às
outras
culturas
e aos diferentes credos
religiosos. A
visão
“místico-contemplativa”
faz parte desta vertente, e no campo prático as
produções da arte
e da
cultura
são
muito valorizadas.
Seus
profitentes
são
pacíficos
e
consequentemente
preferem
recorrer
às orações, às meditações
e à
generosidade
do
que
às
armas
para
evidenciarem
seus
pontos
de
vista.
Embora
politicamente
fracos,
e sem a relevância
material das outras duas vertentes, acreditam no “poder
da
verdade”
exercendo
grande
influência
tanto entre
a
elite
intelectual
quanto entre
as
criaturas
menos
afeitas
à
violência, portanto, piedosas e fraternas.
TERCEIRA
VERTENTE
Esta
última vertente,
conhecida por
“Fundamentalismo”,
é a
mais
radical
e
fanática...
Espraia-se em um largo leque de posições que vão desde os seguidores pacíficos
que se apegam à
interpretação
literal dos
textos
do
Corão,
tal
como os protestantes
o fazem
com
os
textos
da
Bíblia,
até
os
enfurecidos
e
renhidos seguidores do líder
Osama
bin
Laden,
que não medem os meios
e
consequências
para
atingir
seus objetivos.
Vemos,
assim, que
dentro desta vertente existem extremos de gradações
mais amenas e
mais
agressivas
no
que
se
refere
ao
“modus
vivendi”
de
seus
integrantes. A destes últimos (os mais
agressivos) que levam o fanatismo a paroxismos
da
loucura,
lutam
por
um retorno
às
bases, à
pureza
primitiva
do
Islã,
ancorado
numa interpretação literal
e
limitada
do
Alcorão.
Com
esta
característica
de
volta
às
origens,
esta
vertente
colide –
de
frente
– com as outras duas que
têm
espírito
mais
conciliador
e
tolerante...
O
líder inspirador desta tendência (que
possui
no
Islamismo
o
mesmo
peso que
Moisés
teve
junto
aos hebreus) chamava-se Mohamed ibn abb al Wahab, daí o codinome “Wahabismo”
para nomear seus seguidores.
São,
portanto,
avessos
às
mudanças
e
tentativas
de
acomodação
do
velho
com
o
novo. Como só
valorizam
seus
usos
e
costumes,
naturalmente
profligam
todos
os
aspectos
da
cultura
ocidental
de
maneira
apaixonada, fanática, violenta, que
constitui
o “modus-operandi”
das mentes baldas
de
senso...
Acrescente-se
a
isso
a “doutrinação”
que sofrem os
jovens
muçulmanos da ala
radical, que
não veem boas
perspectivas
à
frente:
não
têm
dinheiro
para custear um bom casamento, não têm condição
de
frequentar
uma boa
escola,
o futuro apresenta-se-lhes,
portanto,
pouco promissor...
Aderem,
então,
às
falaciosas promessas de felicidade
junto a Alá, acompanhados de setenta virgens que
estarão
à
disposição
para
proporcionar a cada
um o que
aqui lhes
foi
negado.
Basta
a
opção
pelo martírio pela pátria e pela causa que farão jus a tudo isso, além de
conquistarem
o
respeito
de seus conterrâneos
que os considerarão heróis – postumamente
–
lógico.
As
mulheres-bomba,
com
o gesto suicida também buscam o respeito
e a
consideração,
ainda
que
depois
de
mortas, mormente se são
mães solteiras execradas pela sociedade. O martírio (geralmente junto com seu rebento) é uma forma de se redimirem do “pecado” da gravidez fora do
casamento.
Com
todos
esses
ingredientes, não
é de
causar
admiração
o “bolo explosivo” que
há
milênios
vem
causando vítimas e cruentas tragédias
no
Oriente
Médio.
Não
fica
difícil
concluir
que as implicações
morais dessas
práticas
religiosas
em
relação
ao
mundo
moderno
ocidental
serão
tranquilas com relação à convivência com as
duas
primeiras
tendências
(Aggiornamento
e
Islã
Tradicional),
uma
vez que elas têm tolerância e respeito
para com as demais culturas.
O
mesmo
já
não acontece com
relação à
terceira
tendência (fundamentalismo)
cujos adeptos
não aceitam usos
e
costumes
diferentes
dos
seus,
combatendo seus antípodas
de
forma
cruenta
e
impiedosa.
Infelizmente,
esta última tendência
é a
mais
ostensiva,
visto que
poderíamos
–
metaforicamente
–
dizer com a querida
Joanna
de
Ângelis
que
“o
bem anda de sandálias
de
veludo
na
semiobscuridade, enquanto o mal ganha títulos
de
cidadania
sob
os
‘spotligths’
da
promoção”,
ou seja: a mídia
valoriza
e
divulga
os
atos terroristas e não
enfatiza
os
atos
de
altruísmo
e
tolerância
que
existem
e
não
são
raros, até
mesmo entre
árabes e judeus.
O
mundo não
teria do
que
se
queixar
e a Humanidade viveria em
paz sem
os
apetites
de
beligerância
que caracterizam tanto os governos
totalitários,
como os
fanáticos fundamentalistas e – também
– se o
sentido
do
verdadeiro
significado do
que
deve
ser
uma
religião
fosse
realmente
entendido
como uma porta
de
acesso
para
o
retorno
do
filho
pródigo ao
Aprisco
Divino.