ALEXANDRE
FONTES
DA
FONSECA
afonseca@puvr.uff.br
Volta
Redonda,
RJ
(Brasil)
Espiritismo:
único
conhecimento
humano
que tem
o duplo
caráter
de uma
Revelação!
Em
recente
matéria
publicada
no
Reformador
[1],
revemos
a
análise
de
Kardec
sobre o
caráter
da
revelação
espírita
(primeiro
capítulo
de A
Gênese
[2]),
destacando,
em
especial:
i) o
significado
da
palavra
revelação;
ii) o
que
caracteriza
uma
revelação
científica;
iii) o
que
caracteriza
uma
revelação
divina;
e iv)
que
tipos de
pessoas
realizam
cada um
desses
dois
tipos de
revelações.
Este
capítulo
de A
Gênese é
de
extrema
importância
para nós
espíritas,
pois
fornece
bases
para a
fé
raciocinada
no
Espiritismo.
Dizemos
mais: é
através
da
análise
do
caráter
da
revelação
espírita
que
percebemos
a fragilidade
de
outras
doutrinas,
teorias,
práticas
e
modismos
em
matéria
de
espiritualismo,
mesmo os
que se
consideram
baseados
na
Ciência.
Essas
doutrinas
e
práticas
só têm
encontrado
abrigo
no
movimento
espírita
junto
àqueles
que,
mesmo
bem-intencionados,
não
compreendem
os
critérios
de
veracidade
de uma
doutrina
e, por
isso,
acabam
aceitando
novidades
que
depõem
contra o
Espiritismo.
Nesta
matéria,
pretendemos
chamar a
atenção
do
leitor
espírita
para uma
característica
que só o
Espiritismo
possui: o
caráter
duplo de
uma
revelação.
O
Espiritismo
é o
único
conhecimento
humano
que
possui
os caracteres
divino e
o
científico de
uma
revelação.
E é isso
que
garante
que
nenhuma
doutrina,
teoria
ou
prática
espiritualista
tem o
mesmo
grau de
confiança
que o
Espiritismo
tem! No
aspecto
religioso,
embora
diversas
mensagens
e obras
mediúnicas
pretendam
ser uma
revelação
do tipo
divina, nenhuma
dessas
revelações,
na
atualidade,
demonstrou
estar
acima do
Espiritismo
em
matéria
de
confiança,
conforme
os
exemplos
que
analisaremos
a
seguir.
A
importância
desse
estudo
para nós
espíritas
pode ser
verificada
já no
primeiro
item do
capítulo
1 de A
Gênese
[2],
através
das
questões
que
Kardec
apresenta
sobre o
valor do
Espiritismo.
Por
exemplo,
ele
questiona
“Pode
o
Espiritismo
ser
considerado
uma
revelação?”,
“Neste
caso,
qual o
seu
caráter?”,
“Em
que se
funda
sua
autenticidade?”,
“A
quem e
de que
maneira
foi ela
feita?”,
“Qual
a
autoridade
do
ensino
dos
Espíritos,
se eles
não são
infalíveis
e
superiores
à
Humanidade?”
etc. As
respostas
para
essas
questões
determinam
a força
de nossa
fé na
Doutrina
Espírita
e a
confiança
que
podemos
ter no
seu
conteúdo,
a ponto
de
pautar
nosso
comportamento
e modo
de vida,
pelo que
ela
ensina.
É a
falta
dessas
certezas
que tem
levado
muitas
pessoas,
inicialmente
espíritas,
a
optarem
por
adotar
práticas
espiritualistas
diferentes
e
alternativas,
acreditando
estarem
praticando
doutrinas
modernas,
seduzidas
pelo
discurso
de
atualidade
que elas
apresentam.
A
definição
da
palavra
revelação
foi dada
por
Kardec:
“Do
latim revelare cuja
raiz, velum,
véu,
significa
sair de
sob o
véu
(...),
descobrir,
dar a
conhecer
uma
coisa
secreta
ou
desconhecida”
(grifos
em
itálico
originais)
[2]. Mas
nessa
definição
está
implícita
a ideia,
enfatizada
por
Kardec,
de que
para uma
coisa
ser
considerada
uma
“revelação”,
é
necessário
que seja verdade e
por isso
diz que
“toda a
revelação
desmentida
por
fatos
deixa de
o ser,
se for
atribuída
a Deus”
[2].
Como
fazer,
então,
para
analisar
as
mensagens
dos
Espíritos?
E se
elas não
forem verdadeiras?
Como
distinguir
as
mensagens
e
ensinamentos
verdadeiros
dos
falsos?
Por essa
razão,
Kardec
não se
limitou
a
receber
as
mensagens
dos
Espíritos
e
transcrevê-las
no corpo
da
Doutrina,
mas
buscou
através
dos
fatos a
verificação
dos seus
ensinos.
Foi,
portanto,
na forma
como
Kardec
trabalhou
a
descoberta
do
Espiritismo
que o
duplo
caráter
da
revelação
espírita
se
tornou
claro, o
que
podemos
verificar
nas
seguintes
palavras
do item
13 de A
Gênese
[2] que
reproduzimos
por
inteiro
aqui:
“13.
Por sua
natureza,
a
revelação
espírita
tem
duplo
caráter:
participa
ao mesmo
tempo da
revelação
divina e
da
revelação
científica.
PARTICIPA
DA
PRIMEIRA,
porque
foi
providencial
o seu
aparecimento
e não o
resultado
da
iniciativa,
nem de
um
desígnio
premeditado
do
homem;
porque
os
pontos
fundamentais
da
doutrina
provêm
do
ensino
que
deram os
Espíritos
encarregados
por Deus
de
esclarecer
os
homens
acerca
de
coisas
que eles
ignoravam,
que não
podiam
aprender
por si
mesmos e
que lhes
importa
conhecer,
hoje que
estão
aptos a
compreendê-las.
PARTICIPA
DA
SEGUNDA,
por não
ser esse
ensino
privilégio
de
indivíduo
algum,
mas
ministrado
a todos
do mesmo
modo;
por não
serem os
que o
transmitem
e os que
o
recebem
seres passivos,
dispensados
do
trabalho
da
observação
e da
pesquisa,
por não
renunciarem
ao
raciocínio
e ao
livre-arbítrio;
porque
não lhes
é
interdito
o exame,
mas, ao
contrário,
recomendado;
enfim,
porque a
doutrina
não foi ditada
completa,
nem
imposta
à crença
cega;
porque é
deduzida,
pelo
trabalho
do
homem,
da
observação
dos
fatos
que os
Espíritos
lhe põem
sob os
olhos e
das
instruções
que lhe
dão,
instruções
que ele
estuda,
comenta,
compara,
a fim de
tirar
ele
próprio
as
ilações
e
aplicações.
Numa
palavra, o
que
caracteriza
a
revelação
espírita
é o ser
divina a
sua
origem e
da
iniciativa
dos
Espíritos,
sendo a
sua
elaboração
fruto do
trabalho
do homem.”
(Grifos
em
itálico,
originais,
grifos
em
maiúsculas,
meus.)
A origem
do
Espiritismo
é
divina,
isto é,
ele foi
revelado
pelos
Espíritos
que não
agem sem
aprovação
do
Criador,
o que o
torna
uma
revelação
divina.
Mas,
como
meio de
elaboração,
usando
as
próprias
palavras
de
Kardec
(item 14
de [2])
“o
Espiritismo
procede
exatamente
da mesma
forma
que as
ciências
positivas,
aplicando
o método
experimental”.
Assim,
como
enfatizamos
em [1],
esse
duplo
caráter
faz do
Espiritismo
uma
doutrina
inédita
e única
na
humanidade!
Em pleno
século
21,
nenhuma
teoria
da
Ciência
e
nenhuma
doutrina
religiosa
possuem,
ao mesmo
tempo, o
duplo
caráter
de uma
revelação,
acima
destacado!
“É a
combinação
de ambos
que
fornece
autenticidade
e
solidez
únicas à
Doutrina
Espírita,
levando-nos
ao
reforço
de nossa
fé na
certeza
de que
ao mesmo
tempo
que ela
surgiu
dos
ensinos
dos
Espíritos,
ela foi
fruto de
um
esforço
elaborado
de
observação
e
análise
como se
faz nas
ciências.
Em
outras
palavras,
o melhor
em
matéria
de
revelação
religiosa
se uniu
ao
melhor
em
matéria
de
revelação
científica
para que
o
Espiritismo
pudesse
chegar à
humanidade!”,
dissemos
em [1].
É isso
que
garante
não
somente
a
veracidade
do
conteúdo
do
Espiritismo,
mas
também a
consideração
do
Espiritismo
como a
terceira
das
grandes
revelações
(Kardec,
item 20
de [2]).
O valor
do
Espiritismo
como uma
importante
revelação
pode ser
analisado
em
comparação
com
outros
conhecimentos
humanos.
Vamos
escolher
dois
conhecimentos
que o
movimento
espírita
considera
muito
importantes
e vamos
analisar
o
caráter
da
revelação
de cada
um deles
em
comparação
com o
Espiritismo.
Primeiro,
analisaremos
o
caráter
da
revelação
da
Física
Quântica
que é
uma das
teorias
científicas
da
Física
de maior
sucesso
no
presente
e que
tem tido
muito
destaque
na mídia
espírita
(por
exemplo,
ver o
seguinte
artigo
de O
Consolador
[3]). Em
seguida,
analisaremos
o
caráter
da
revelação
contida
na série
de obras
de André
Luiz,
recebidas
através
da
psicografia
de
Francisco
Cândido
Xavier e
Waldo
Vieira.
A Física
Quântica
é uma
teoria
desenvolvida
no
século
passado
para
descrever
o
comportamento
da
matéria
em
escala
atômica.
Em
função
de uma
série de
experimentos
que as
teorias
clássicas
não
podiam
explicar,
os
cientistas
se viram
na
necessidade
de
encontrar
uma nova
teoria
que
descrevesse
e
explicasse
esses
fenômenos.
Iniciado
com a
proposta
de
Planck
de que
as
trocas
de
energia
ocorrem
de modo
discreto
e em
múltiplos
de um
determinado
valor,
os
chamados quanta de
energia,
a teoria
quântica
ganhou
enorme
atenção
por ser
capaz de
explicar
muitos
fenômenos
que
ocorriam
na
escala
microscópica.
Niels
Bohr
liderou
um grupo
de
cientistas
na
formulação
de uma
interpretação
da
teoria
quântica
que,
apesar
de ser
eficiente
na
descrição
dos
resultados
experimentais,
é
considerada
polêmica
com
relação
à
interpretação
da
realidade
[4]. A
Física
Quântica,
portanto,
é uma
teoria
desenvolvida
a partir
dos
esforços
intelectuais
de
alguns
cientistas
na
análise
de
determinados
fenômenos
da
natureza.
Na sua
elaboração
os
cientistas
estudaram,
analisaram,
fizeram
testes,
repetiram
experimentos,
com o
propósito
de
chegar à
verdade
com
relação
aos
fenômenos
microscópicos.
Dessa
forma, a
Física
Quântica possui
apenas o
caráter
da
revelação
científica.
O mesmo
se pode
dizer de
qualquer
teoria
científica
e da
Ciência
como um
todo.
A série
de André
Luiz é
bastante
conhecida
no
movimento
espírita.
Ela
conta as
experiências
vividas
por ele
desde o
momento
da sua
morte,
passando
pelo
período
no
umbral e
seu
acolhimento
numa
colônia
espiritual,
até os
estudos
e
atividades
que ele
realizava
tanto na
colônia
quanto
em
regiões
diversas
do mundo
espiritual
e em
visitas
a grupos
encarnados.
André
narra,
de forma
romanceada,
detalhes
sobre as
condições,
boas e
ruins,
em que
as
pessoas
vivem no
mundo
espiritual
em
decorrência
do seu
progresso
espiritual.
As obras
de André
Luiz
foram
obtidas,
em sua
maioria,
através
da
psicografia
do
médium
Francisco
C.
Xavier
e, em
algumas
obras,
em
colaboração
com o
médium
Waldo
Vieira.
Mesmo
reconhecendo
todo o
seu
valor
moral,
literário
e
científico,
a obra
de André
Luiz possui
apenas o
caráter
da
revelação
divina,
simplesmente
porque
seu
conteúdo
é fruto
da
revelação
do autor
espiritual
através
da
mediunidade.
O mesmo
podemos
dizer de
toda a
obra
mediúnica
de
Francisco
C.
Xavier.
Como ele
foi o
intermediário
dos bons
Espíritos
para
aprofundamento
das
verdades
espirituais,
as obras
do Chico não
podem constituir
uma
doutrina com
o mesmo
valor e
caráter
de
revelação que
o
Espiritismo
possui,
por lhe
faltar o
caráter
da
revelação
científica.
Não é o
fato de
algumas
obras de
André
Luiz
terem
conteúdos
relacionados
à
Ciência
que as
tornam
válidas
com
relação
ao
caráter
da
revelação
científica,
mas sim
a forma
como o
conteúdo
das
mesmas
foi
obtido.
Nunca,
psicografias
obtidas
por um
único
médium,
de um
único
autor
espiritual,
satisfarão
o método
do
consenso
universal
no
ensino
dos
Espíritos,
o que é
condição
necessária
para que
o
caráter
da
revelação
científica
exista.
Como não
existe,
além do
Espiritismo,
nada
diferente
em
matéria
de
conhecimento
humano
com o
duplo
caráter
de uma
revelação,
isto é,
não
existe
nada que
não seja
fruto ao
mesmo
tempo da
pesquisa
científica
*e* de
mensagens
mediúnicas
(enfatizamos
o *e*
para
deixar
claro
que não
poderia ser
*ou*),
todas
elas
recaem
ou
apenas
no
caráter
da
revelação
científica,
ou
apenas
no
caráter
da
revelação
divina.
Somente
o
Espiritismo
tem o
caráter
duplo de
uma
revelação:
a
científica
e a
divina!
O
Espiritismo
é,
portanto,
o único
conhecimento
da
Humanidade
que
possui
esse
duplo
caráter.
Apesar
da
repetição
e da
ênfase
dadas a
esse
importante
detalhe
sobre as
características
do
Espiritismo,
em vista
do
surgimento
de
muitas
doutrinas,
práticas,
e
modismos
espiritualistas
alternativos,
algumas
chegando
ao ponto
de se
considerarem
científicas
apenas
por
fazerem
analogias
de suas
práticas
com a
Física
Quântica,
é
importante
que os
espíritas
tenham
consciência
do valor
intrínseco
que o
Espiritismo
tem como
teoria
que
revela
as
verdades
do mundo
espiritual
e das
relações
deste
com o
mundo
material.
Em
outras
palavras,
nenhuma
obra de
natureza
mediúnica
ou de
encarnado
pode ser
considerada
uma
revelação
acima do
Espiritismo,
mesmo
que se
considere
científica.
Fazemos
aqui um
importante
alerta: cuidado
com a
falácia
do
aspecto
progressista
do
Espiritismo! É
verdade
que o
Espiritismo
é
progressista
e
evoluirá
no
desenvolvimento
das
verdades
espirituais.
Mas esse
processo
requer
que se
satisfaçam,
ao mesmo
tempo,
os dois
caracteres
de uma
revelação:
o
científico
e o
divino.
Não é
com
mensagens
que
aparentam
elevação
que
novas
práticas
espíritas
devam
ser
aceitas.
Não é
com
comparações
superficiais
com
conceitos
da
Ciência,
que
novas
práticas
espíritas
devam
ser
aceitas.
Se
*algo*
propuser
que o
Espiritismo
está
errado
em algum
dos seus
pontos,
é
imprescindível
que esse
*algo*
demonstre
de modo
científico
rigoroso
(não
apenas
com
analogias)
que o
tal erro
existe.
Esse
*algo*
tem que
possuir
uma
demonstração
que
tenha
valor,
no
mínimo,
igual ao
que o
duplo
caráter
da
revelação
espírita
provê.
Se isso
não
ocorrer,
coloquemos
esse
*algo*
de lado
e
aguardemos
que no
futuro
ele seja
confirmado
ou
rejeitado.
Essa é a
postura
que
devemos
ter para
com as
novidades,
para nos
prevenirmos
contra a
ação dos
Espíritos
inferiores
que
pretendem
desviar-nos
do
caminho
correto,
através
de
doutrinas,
teorias
e
práticas
espiritualistas
diferentes
e
discordantes
com o
Espiritismo.
Foi por
essa
razão
que
Erasto,
no item
230 de O
Livro
dos
Médiuns
[5],
recomendou
“É
melhor
repelir
dez
verdades
do que
admitir
uma
única
falsidade,
uma só
teoria
errônea”.
Referências:
[1] A.
F. da
Fonseca,
“A
Revelação
Espírita”, Reformador 2185 (Abril),
p. 36
(2011).
[2] A.
Kardec, A
Gênese,
FEB, 34ª
Edição,
Rio de
Janeiro,
(1991).
[3] A.
F. da
Fonseca
“A Obra
a
‘Física
da Alma’
e o
Espiritismo”, O
Consolador 188 (Dezembro),
(2010), http://www.oconsolador.com.br/ano4/188/especial.html.
[4] V.
S.
Comitti,
“Princípio
Antrópico
Cosmológico”, Revista
Brasileira
de
Ensino
de
Física 33,
p. 1504
(2011).
[5] A.
Kardec, O
Livro
dos
Médiuns,
Ed. FEB,
1ª
Edição,
Rio de
Janeiro
(2008).