MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Ação e Reação
André Luiz
(Parte
9)
Damos continuidade nesta edição
ao
estudo da obra
Ação e Reação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1957 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Como se chamava o
Ministro que se
materializou na Mansão e
qual o objetivo de sua
vinda àquela instituição
socorrista?
Sânzio era o seu nome.
Investido nas funções de
Ministro da Regeneração,
tinha ele tinha grandes
poderes sobre aquela
casa de reajuste, com o
direito de apoiar ou
determinar qualquer
medida, referente à
obra assistencial, em
benefício dos
sofredores, podendo
homologar e ordenar
providências de
segregação e justiça,
reencarnação e
banimento. Foi para isso
que ele se encontrava.
(Ação e Reação, cap. 6,
pp. 78 e 79.)
B. Que solução foi dada
ao caso Antônio Olímpio?
O Ministro Sânzio
aprovou a solução
proposta, que deveria
contar com o apoio de
Alzira, ex-esposa de
Antônio Olímpio. Este
retornaria à carne no
lar do próprio filho e,
mais tarde, ela se
consorciaria novamente
com ele para receber nos
braços Clarindo e Leonel
por filhos do coração,
aos quais Antônio
Olímpio restituiria,
desse modo, a existência
terrestre e os haveres.
Um sorriso de ventura
brilhou no semblante de
Alzira, conquanto tenha
ela denotado algum
temor. Ciente disso,
Sânzio lhe disse: "Não
desfaleças. Serás
sustentada por esta
Mansão, em todos os teus
contactos com os nossos
amigos fixados na
vingança e atenderemos
pessoalmente a todos os
assuntos que se refiram
à transferência de tuas
atividades para este
sítio, perante as
autoridades a que te
subordinas. Nossos
irmãos infortunados não
estarão insensíveis aos
teus rogos...
Sofreste-lhes impiedosos
golpes nos derradeiros
dias de tua permanência
no mundo e a humildade
dos que sofrem é fator
essencial na renovação
dos que fazem sofrer..."
(Obra citada, cap. 6,
pp. 81 a 83.)
C. Existe alguma
criatura que possa com
razão considerar-se
esquecida pelo
Senhor da vida?
Não. O Ministro Sânzio,
ao dizer a André e
Hilário que também
estudava a questão da
dor e sua função na vida
humana, esclareceu: “Sou
funcionário humilde dos
abismos. Trago comigo a
penúria e a desolação de
muitos. Conheço irmãos
nossos, portadores do
estigma de padecimentos
atrozes, que se
encontram animalizados,
há séculos, nos
despenhadeiros
infernais; entretanto,
cruzando as trevas
densas, embora o enigma
da dor me dilacere o
coração, nunca
surpreendi criatura
alguma esquecida pela
Divina Bondade".
(Obra citada, cap. 6 e
7, pp. 83 a 86.)
Texto para leitura
33. O recurso da
câmara -
Momentos antes do início
da sessão de preces,
Druso concitou a todos à
necessária preparação,
recomendando guardassem
plena abstenção de
pensamentos menos dignos
e de quaisquer
recordações
desagradáveis, para que
não se verificassem
interferências na
câmara cristalina,
nome pelo qual designou
o grande espelho
colocado à sua frente.
Explicou que as forças
associadas dos médiuns
presentes se
caracterizavam por
extremo poder plástico e
que uma simples ideia,
incompatível com a
dignidade do recinto,
poderia materializar-se,
criando imagens
impróprias na face do
aparelho. O dirigente
avisou, ainda, que,
através de dispositivos
especiais, todos os
recursos dos medianeiros
presentes seriam
concentrados na câmara
que, daquele minuto em
diante, estaria
sensibilizada para os
misteres da hora em
curso. Brando silêncio
fez-se no recinto e
Druso, erguendo-se, orou
comovidamente a Jesus,
rogando-lhe bênçãos para
a reunião que se
iniciava e a
assistência dos
protetores espirituais.
Na prece, o dirigente
da Casa lembrou a Jesus
a carência dos que ali
se reuniam e enfatizou
a sua confiança no
Divino Amigo, dizendo:
"Sabemos que, sem o
calor de tuas mãos
compassivas, nos fenece
a esperança, à maneira
de planta frágil sem a
bênção do Sol!..."
(Capítulo 6, pp. 76 e
77)
34. O Ministro
Sânzio - A
oração de Druso,
proferida com grande
sinceridade, levou-o às
lágrimas. A inflexão de
suas palavras, repletas
de dor, como se ele
próprio fosse ali um
Espírito recluso em
padecimentos amargos,
impressionou vivamente a
André, que, sem poder
controlar a
emotividade, foi também
tomado pelo pranto. Na
sequência da oração,
todos também choraram,
contagiados pelas
lágrimas abundantes que,
vertidas por Druso,
impediram a continuidade
da rogativa. Extensa
massa de vaporosa
neblina cobriu, então, a
face do espelho. André
fixou-a, admirado, e
pareceu-lhe identificar
largo floco de névoa
primaveril a
distender-se, alva e
móvel. Emergiu, então,
da leitosa nuvem a
figura respeitável de um
homem aparentemente
envelhecido na forma,
revelando, contudo, a
mais intensa
juvenilidade no olhar.
Era o Ministro Sânzio, a
quem o dirigente Druso
agradeceu, reverente, a
presença. Vasta auréola
de safirino esplendor
coroava-lhe os cabelos
brancos, a derramar-se
em sublimes cintilações
na túnica simples e
acolhedora que lhe
velava o corpo esguio.
No semblante nobre e
calmo, vagava um
sorriso que não chegava
a fixar-se. O Ministro,
após um minuto de
silenciosa
contemplação, levantou a
destra, que despediu
grande jorro de luz
sobre todos, e saudou:
"A paz do Senhor seja
convosco". Havia tanta
doçura e tanta energia,
tanto carinho e tanta
autoridade naquela voz,
que André precisou
manter-se atento para
não cair de joelhos.
(Capítulo 6, pp. 78 e
79)
35. Discussão do
caso Antônio Olímpio
- O Ministro, que ali
aparecia materializado,
mantendo o campo
vibratório em que os
demais se encontravam,
avançou para os
componentes da reunião e
estendeu-lhes as mãos
num gesto paternal,
colocando-os à vontade.
"Não desejava
cerimônias", disse o
visitante, que
recomendou ao diretor
apresentasse os
processos em estudo.
Druso exibiu, assim,
vinte e duas fichas de
largo tamanho, cada qual
condensando a síntese
das informações
necessárias ao socorro
de 22 Entidades
recentemente internadas
na instituição. Naquele
momento, André não pôde
fazer qualquer indagação
direta, mas,
posteriormente, Silas
lhe informou que Sânzio,
investido nas funções de
Ministro da
Regeneração, tinha
grandes poderes sobre
aquela casa de
reajuste, com o direito
de apoiar ou determinar
qualquer medida,
referente à obra
assistencial, em
benefício dos
sofredores, podendo
homologar e ordenar
providências de
segregação e justiça,
reencarnação e
banimento. O Ministro,
atento, examinou todos
os autos ali expressos
em rápidas súmulas, das
quais transpareciam não
apenas informes
escritos, mas também
microfotografias e
recursos de
identificação que
lembram os elementos
dactiloscópicos da
Terra, aceitando ou não
as sugestões de Druso,
depois de ligeiras
considerações em torno
de cada caso particular
e apondo em cada ficha o
selo que lhe assinalava
a responsabilidade das
decisões. Um dos
processos referia-se a
Antônio Olímpio. O
Ministro concordou com o
parecer da Casa quanto à
conveniência de breve
reencarnação do
ex-fazendeiro no círculo
em que delinquira, a fim
de restituir, aos irmãos
espoliados, os sítios de
que haviam sido
expulsos. Sânzio
acentuou, porém, que o
criminoso, conforme
suas próprias alegações,
não desfrutava qualquer
atenuante, visto que
vivera apenas para si,
entregue à desvairada
egolatria, isolando-se
em prazeres perniciosos
e sem beneficiar a
ninguém, a não ser a
esposa e o filho, que
surgiam assim como
valores benéficos para o
delinquente, porquanto
todo bem realizado, com
quem for e seja onde
for, constitui recurso
vivo, atuando em favor
de quem o pratica.
Sânzio pediria, então,
que Alzira (ex-esposa
de Antônio Olímpio)
comparecesse ao
recinto, para ser
consultada, o que não se
faria com Luís, filho do
casal, por este
encontrar-se ainda
internado no corpo
físico. (Capítulo 6, pp.
79 a 81)
36. A
solução programada
- O Ministro proferiu
uma prece silenciosa e,
em resposta a seu apelo,
a tênue matéria
justaposta ao espelho
se movimentou, de leve,
dando passagem a uma
suave figura de linda
mulher. Era a irmã
Alzira, que não
demonstrou qualquer
surpresa ante o chamado
e, ciente dos fatos,
aquiesceu prontamente à
proposta que envolvia
seu companheiro.
"Ajudá-lo a reerguer-se,
para a minha alma, não é
apenas dever, mas também
inexprimível
felicidade...", acentuou
a nobre Entidade, que
revelou saber que os
dois irmãos
assassinados
perseveravam no ódio e
no desejo de vingança.
Alzira contou também que
ambos nunca lhe
permitiram qualquer
aproximação com Antônio
Olímpio, no vale de
trevas em que se
demoravam por tantos
anos... "Além disso –
acrescentou – ,
ressarcindo meus débitos
do passado, sucumbi por
minha vez às mãos deles
dois, em tremenda
obsessão, no mesmo lago
em que perderam o corpo
físico. Isso, porém, não
é motivo para recuo.
Estou pronta para o
serviço em que possa ser
útil." O Ministro
informou-lhe que a
recuperação de Olímpio,
para a reencarnação,
levaria tempo, mas que
ela poderia, com o
auxílio da Mansão,
iniciar a obra
socorrista. E
propôs-lhe: "As vítimas
de ontem, hoje
transformadas em
verdugos enrijecidos,
moram na herdade que
lhes foi arrebatada pelo
irmão fratricida,
alimentando o ódio
contra os seus
descendentes e
conturbando-lhes a
vida. É necessário que
vás em pessoa
suplicar-lhes melhores
disposições mentais para
que se habilitem ao
amparo de nossa
organização,
preparando-se para o
renascimento físico em
época oportuna.
Conseguida essa fase
inicial de assistência,
colaborarás na volta de
Olímpio ao lar do
próprio filho, e, por
tua vez, tornarás à
carne, logo após, a fim
de que de novo te
consorcies com ele, em
abençoado futuro, para
que recebas nos braços
Clarindo e Leonel, por
filhos do coração, aos
quais Olímpio restituirá
a existência terrestre e
os haveres..." Um
sorriso de ventura
brilhou no semblante de
Alzira, mas, porque
denotasse algum temor,
Sânzio exclamou: "Não
desfaleças. Serás
sustentada por esta
Mansão, em todos os teus
contactos com os nossos
amigos fixados na
vingança e atenderemos
pessoalmente a todos os
assuntos que se refiram
à transferência de tuas
atividades para este
sítio, perante as
autoridades a que te
subordinas. Nossos
irmãos infortunados não
estarão insensíveis aos
teus rogos...
Sofreste-lhes impiedosos
golpes nos derradeiros
dias de tua permanência
no mundo e a humildade
dos que sofrem é fator
essencial na renovação
dos que fazem sofrer..."
(Capítulo 6, pp. 81 a
83)
37. A
dor e o homem
- Alzira, em lágrimas de
jubiloso
reconhecimento, osculou
a destra do Ministro e
afastou-se. A cena
emocionou,
profundamente, a André,
que sentiu que o
incomensurável amor de
Deus semeia a esperança
e a alegria até nas
regiões infernais do
crime, do mesmo modo que
faz nascer rosas de
beleza e perfume no seio
dos sarçais. A seguir,
o Ministro atendeu
Madalena e Sílvia, que,
autorizadas por Druso,
lhe imploraram a
intercessão para que
seus esposos fossem
atendidos naquela Casa.
Sânzio acolheu-lhes as
súplicas, determinando o
recolhimento de ambos os
infelizes e prometendo
facilitar-lhes a
reencarnação para
breve. André e Hilário
puderam, então,
aproximar-se do
Ministro, a quem – após
exporem a finalidade de
seus estudos na Mansão
– perguntaram sobre a
dor e sua função na vida
humana. "A dor, sim, a
dor..." – murmurou o
grande mensageiro,
acrescentando:
"Estudo-a, igualmente,
filhos meus. Sou
funcionário humilde dos
abismos. Trago comigo a
penúria e a desolação de
muitos. Conheço irmãos
nossos, portadores do
estigma de padecimentos
atrozes, que se
encontram animalizados,
há séculos, nos
despenhadeiros
infernais; entretanto,
cruzando as trevas
densas, embora o enigma
da dor me dilacere o
coração, nunca
surpreendi criatura
alguma esquecida pela
Divina Bondade".
(Capítulos 6 e 7, pp. 83
a 86)
(Continua no próximo
número.)