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O que nos advém
da
ausência de
bom senso
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De novo em discussão a
fantasiosa ideia de que
o médico
Carlos Chagas
desencarnado tenha sido
o autor
da conhecida
série “Nosso Lar” |
Há certos assuntos que,
verdade seja dita, só
conseguem tomar o nosso
tempo e nada edificam.
Um deles é essa polêmica
sobre a real identidade
de André Luiz. Amigos
de Chico Xavier, como o Hércio Arantes, afirmam
ter o médium
identificado em Carlos
Chagas a pessoa de
André. Não satisfeito
com o uso de um
pseudônimo, episódios e
fatos relacionados com
sua vida e sua família
teriam sido também
modificados.
Segundo relatou no livro
“Nosso Lar”, André Luiz
tinha filhas e um filho
e falecera relativamente
moço, visto que seus
descendentes estavam
ainda no início da
adolescência. Carlos
Chagas teve dois filhos,
ambos já formados por
ocasião de seu
falecimento.
André arrependeu-se de
ter apoiado seu pai numa
decisão que levou uma
pessoa à miséria. Chagas
ficou órfão de pai aos 4
anos.
E assim – se aceita a
informação de Hércio
Arantes – vários
episódios mencionados
como tendo ocorrido
efetivamente com André
Luiz não seriam
verdadeiros, como sempre
se pensou, especialmente
dois deles, dos mais
emocionantes de sua
obra, que foram seu
reencontro com a esposa,
casada novamente, e com
o seu velho avô, um
indivíduo avarento que
confundia poeira com
ouro em pó.
Se fôssemos adotar para
com essa suposta
revelação o critério
de Erasto, tão conhecido
dos espíritas ("Melhor
é repelir dez verdades
do que admitir uma única
falsidade, uma só teoria
errônea"),
é evidente que ela, tão
deslocada da boa lógica,
não passaria por crivo
nenhum e morreria na
própria fonte em que
surgiu. (Leia
sobre o assunto artigo
de Jáder Sampaio
publicado na edição n.
12 desta revista, que o
interessado pode ver
clicando neste link
-
http://www.oconsolador.com.br/12/especial.html.)
Desde 1941 Chico Xavier
via André Luiz, futuro
autor de Nosso Lar, ao
lado de Emmanuel
É, no entanto, bom que
não percamos tempo com
isso, porque há outros
pontos – pelo menos
quatro deles – que estão
a nos indicar ser
realmente temerário
admitir, sem maior
exame, que Carlos Chagas
desencarnado tenha sido
o autor da série Nosso
Lar.
Ei-los:
1. Nunca
se viu, em lugar nenhum,
declaração feita pelo
próprio Chico Xavier
sobre o assunto. O que
existe são relatos que
atribuem a ele tal
declaração. O que Chico
Xavier escreveu é o que
Suely Caldas Schubert
inseriu no seu livro Testemunhos
de Chico Xavier,
pág. 96 e seguintes. Em
carta datada de
12/10/1946, Chico
escreveu a Wantuil de
Freitas que desde fins
de 1941 Emmanuel vinha
se dedicando aos
trabalhos de André Luiz.
Desde então, ele via
sempre aquele cavalheiro
espiritual ao lado de
Emmanuel e assim
decorreram quase dois
anos.
2. O
livro Nosso
Lar foi
concluído antes de
3 de outubro de 1943,
data em que Emmanuel
assinou o prefácio da
obra, confirmando assim
a informação posta em
carta pelo médium, que
disse que quase dois
anos foi o tempo que
decorreu entre seu
primeiro contato com
André (fins de 1941) e a
conclusão do primeiro
livro (outubro de
1943).
3. Carlos Justiniano
Ribeiro Chagas, que
faleceu no Rio
de Janeiro em 8
de novembro de 1934,
nasceu em
9 de julho de 1879.
Tinha ele, portanto, dez
anos de idade quando foi
proclamada a República
do Brasil e, com isso, o
fim do período imperial.
Ora, no livro Testemunhos
de Chico Xavier, na
pág. 98, Chico Xavier
informou ter-se
familiarizado, em pouco
tempo, com André Luiz,
que participava de suas
preces e perdia tempo
conversando com ele. Diz
o médium: "Contava-me
histórias interessantes
e muitas vezes
relacionou recordações
do Segundo Império, o
que me faz acreditar
tenha sido ele, André
Luiz, também
personalidade da época
referida". É de admirar
como alguém, ainda
criança, de apenas dez
anos de idade, pudesse
ser uma personalidade de
um período que se
encerrou em novembro de
1889.
4. André
Luiz fora informado por
Lísias ter passado mais
de 8 anos no Umbral.
Essa informação, como
todas as demais, poderia
ter sido também um dado
inventado. Ele talvez
nem tenha passado pelo
Umbral; é isso que
certamente todo mundo
imagina, sobretudo
quando se conhece a
biografia de Carlos
Chagas. Afinal, se sua
história foi alterada,
por que esse dado seria
verdadeiro? Ocorre que
essa informação foi
confirmada pelo Espírito
do próprio Carlos
Chagas, segundo consta
do livro Na Próxima
Dimensão, do
Espírito de Inácio
Ferreira, psicografia de
Carlos A. Baccelli, 1ª
edição, no qual lemos,
no capítulo 35, pág.
221:
“(...) Durante um bom
tempo, eu também achei
tudo muito diferente por
aqui; inclusive, o
Umbral, onde estive
durante uns oito anos,
me parecia mais
humano... Aos poucos,
porém, me habituei e,
hoje, quando devo ir à
Terra, confesso-lhes
que, para mim, os nossos
irmãos encarnados ainda
vivem de maneira
primitiva (...)”. (Grifamos.)
André Luiz desfila em
sua obra informações
pormenorizadas sobre a
2ª Guerra Mundial
Em face do exposto,
admitindo como verdade
esse dado, o Espírito de
Carlos Chagas teria
saído do Umbral nos
últimos meses de 1942,
o que não corresponde ao
que Chico Xavier disse
em carta a Wantuil de
Freitas. Não esqueçamos
que Chico disse que
André era visto ao lado
de Emmanuel desde fins
de 1941.
Além disso, temos em sua
obra informações
pormenorizadas sobre a
eclosão da 2ª Guerra
Mundial, iniciada em
1939, relatos que teriam
sido mera fantasia de
alguém que, estando na
mesma época no Umbral,
sem contato com ninguém,
não poderia ter
acompanhado os
mencionados
acontecimentos.
Saindo do Umbral em fins
de 1942, não teria sido
possível a ele ter
escrito as três
primeiras obras
atribuídas a André Luiz.
Conforme Chico Xavier
registrou em carta,
foi-lhe preciso um prazo
de preparação de quase
dois anos, além do
próprio tempo necessário
à elaboração das obras.
(Sobre o assunto
sugerimos a leitura do
artigo escrito por Pedro
Bezerra Neto, publicado
na edição n. 138 desta
revista, que o leitor
pode ver clicando neste
link -
http://www.oconsolador.com.br/ano3/138/especial.html.)
Aos que insistem em
defender e divulgar tais
ideias deixamos, por
fim, registrado aqui um
alerta.
Imaginem o
que aconteceria se
alguém ligado à família
de Carlos Chagas viesse
a público para dizer que
o filme "Nosso Lar"
baseia-se numa farsa;
que o grande médico não
teve filhas; que não
deixou crianças órfãs;
que sua esposa não se
casou segunda vez, e
que, por fim, havendo
falecido em 1934 e tendo
passado 8 anos no Umbral
(como ele próprio disse
numa das obras
publicadas por Carlos A.
Baccelli), não poderia
ter visto e acompanhado
os primeiros momentos da
2ª Guerra Mundial,
iniciada, como todos
sabem, em 1939.