MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Ação e Reação
André Luiz
(Parte
10)
Damos continuidade nesta edição
ao
estudo da obra
Ação e Reação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1957 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Que significa a
palavra “carma”?
Expressão vulgarizada
entre os hindus, carma,
que em sânscrito quer
dizer ação,
compreende causa e
efeito, uma vez que
toda ação ou movimento
deriva de causa ou
impulsos anteriores.
Para nós, expressa a
conta de cada um,
englobando os créditos e
os débitos que, em
particular, nos digam
respeito. Por isso
mesmo, há conta dessa
natureza, não apenas
catalogando e definindo
individualidades, mas
também povos e raças,
estados e instituições.
(Ação e Reação, cap. 7,
pp. 86 e 87.)
B. É certo dizer que nós
somos simples
usufrutuários dos bens
que possuímos?
Sim. Todos os valores da
vida, desde as mais
remotas constelações à
mais ínfima partícula
subatômica, pertencem a
Deus. Patrimônios
materiais e riquezas da
inteligência, processos
e veículos de
manifestação, tempo e
forma, afeições e
rótulos honoríficos de
qualquer procedência são
de propriedade do
Todo-Misericordioso, que
no-los concede a título
precário, a fim de que
venhamos a utilizá-los
no aprimoramento de nós
mesmos, marchando nas
largas linhas da
experiência, de modo a
entrarmos na posse
definitiva dos valores
eternos, sintetizados no
Amor e na Sabedoria com
que, em futuro remoto,
Lhe retrataremos a
Glória Soberana.
(Obra citada, cap. 7,
pp. 87 a 89.)
C. Como definir o “bem”
e o “mal”?
Eis o que o Ministro
Sânzio disse a respeito:
"O bem, meu amigo, é o
progresso e a
felicidade, a segurança
e a justiça para todos
os nossos semelhantes e
para todas as criaturas
de nossa estrada, aos
quais devemos empenhar
as conveniências de
nosso exclusivismo, mas
sem qualquer
constrangimento por
parte de ordenações
puramente humanas, que
nos colocariam em falsa
posição no serviço, por
atuarem de fora para
dentro, gerando, muitas
vezes, em nosso cosmo
interior, para nosso
prejuízo, a indisciplina
e a revolta". "O bem
será, desse modo –
completou o Ministro –,
nossa decidida
cooperação com a Lei, a
favor de todos, ainda
mesmo que isso nos custe
a renunciação mais
completa, visto não
ignorarmos que,
auxiliando a Lei do
Senhor e agindo de
conformidade com ela,
seremos por ela ajudados
e sustentados no campo
dos valores
imperecíveis. E o mal
será sempre representado
por aquela triste
vocação do bem
unicamente para nós
mesmos, a expressar-se
no egoísmo e na vaidade,
na insensatez e no
orgulho que nos
assinalam a permanência
nas linhas inferiores do
espírito."
(Obra citada, cap. 7,
pp. 89 a 92.)
Texto para leitura
38. O que
significa o "carma"
- André estava encantado
com o Ministro. De
todos os numerosos
Instrutores com quem
convivera, até então,
nenhum lhe trouxera ao
espírito aquele amálgama
de enlevo e carinho,
admiração e respeito que
lhe assomava ao
sentimento. Enquanto
Sânzio falava,
cintilações
roxo-prateadas
nimbavam-lhe a cabeça,
mas não era a sua
dignidade exterior que o
fascinava. Era o
caricioso magnetismo
que ele sabia
exteriorizar. Não
podendo governar a
comoção, lágrimas
ardentes rolaram, então,
pela face de André, que
perguntava sem palavras:
"De onde vinha, Senhor,
aquele vulto tão
ilustre, mas, apesar
disso, tão simples d’alma?
onde conhecera eu
aqueles olhos belos e
límpidos? em que lugar
lhe recebera, um dia, o
orvalho de amor divino,
assim como o verme na
caverna sente a bênção
do calor do Sol?" O
Ministro percebeu a
emotividade de André,
que lhe pediu dissesse
algo acerca do "carma".
Sânzio respondeu: "Sim,
o `carma',
expressão vulgarizada
entre os hindus, que em
sânscrito quer dizer
ação, a rigor,
designa causa e
efeito, uma vez que
toda ação ou movimento
deriva de causa ou
impulsos anteriores.
Para nós expressará a
conta de cada um,
englobando os créditos e
os débitos que, em
particular, nos digam
respeito. Por isso
mesmo, há conta dessa
natureza, não apenas
catalogando e definindo
individualidades, mas
também povos e raças,
estados e
instituições". O
Ministro fez uma pausa e
continuou: "Para melhor
entender o `carma'
ou ‘conta do destino
criada por nós mesmos',
convém lembrar que o
Governo da Vida possui
igualmente o seu sistema
de contabilidade, a se
lhe expressar no
mecanismo de justiça
inalienável. Se no
círculo das atividades
terrenas qualquer
organização precisa
estabelecer um regime
de contas para basear as
tarefas que lhe falem à
responsabilidade, a
Casa de Deus, que é todo
o Universo, não viveria
igualmente sem ordem".
Na sequência, Sânzio
informou que a
Administração Divina
dispõe de sábios
departamentos para
relacionar, conservar,
comandar e engrandecer
a Vida Cósmica, tudo
pautando dentro do mais
amplo amor e da mais
criteriosa justiça.
(Capítulo 7, pp. 86 e
87)
39. Somos simples
usufrutuários dos bens
de que dispomos
- O Ministro informou
que, assim como nas
regiões celestes de cada
orbe fulguram os gênios
angélicos, encarregados
do rendimento e da
beleza, do aprimoramento
e da ascensão da Obra
Excelsa, com ministérios
apropriados à concessão
de empréstimos e
moratórias, créditos
especiais e recursos
extraordinários a todos
os Espíritos que os
mereçam, nas regiões
atormentadas, como
aquela em que se
encontravam, havia
poderes competentes para
promover a cobrança e a
fiscalização, o
reajustamento e a
recuperação de quantos
se fazem devedores
complicados ante a
Divina Justiça. "As
religiões na Terra, por
esse motivo – disse o
Ministro – , procederam
acertadamente,
localizando o Céu nas
esferas superiores e
situando o Inferno nas
zonas inferiores,
porquanto, nas
primeiras, encontramos a
crescente glorificação
do Universo e, nas
segundas, a purgação e
a regeneração
indispensáveis à vida,
para que a vida se
acrisole e se eleve ao
fulgor dos cimos."
Depois, após afirmar que
todos os valores da
vida, desde as mais
remotas constelações à
mais ínfima partícula
subatômica, pertencem a
Deus, Sânzio lembrou que
"somos simples
usufrutuários da
Natureza que
consubstancia os
tesouros do Senhor, com
responsabilidade em
todos os nossos atos,
desde que já possuamos
algum discernimento".
"Patrimônios materiais e
riquezas da
inteligência, processos
e veículos de
manifestação, tempo e
forma, afeições e
rótulos honoríficos de
qualquer procedência são
de propriedade do
Todo-Misericordioso, que
no-los concede a título
precário, a fim de que
venhamos a utilizá-los
no aprimoramento de nós
mesmos, marchando nas
largas linhas da
experiência, de modo a
entrarmos na posse
definitiva dos valores
eternos, sintetizados no
Amor e na Sabedoria com
que, em futuro remoto,
Lhe retrataremos a
Glória Soberana." Ao
ouvir tais palavras,
André lembrou-se de como
o homem conceitua
erradamente a vida na
Terra, ávido de posses,
terras, casas, títulos e
favores... O Ministro,
registrando-lhe os
pensamentos, comentou:
"Realmente, no mundo, o
homem inteligente deve
estar farto de saber que
todo conceito de
propriedade exclusiva
não passa de simples
suposição. Por
empréstimo, sim, todos
os valores da existência
lhe são adjudicados
pela Providência Divina,
por determinado tempo,
uma vez que a morte
funciona como juiz
inexorável, transferindo
os bens de certas mãos
para outras e marcando
com inequívoca exatidão
o proveito que cada
Espírito extrai das
vantagens e concessões
que lhe foram entregues
pelos Agentes da
Infinita Bondade".
(Capítulo 7, pp. 87 a
89)
40. Diferenças
entre o bem e o mal
- Sânzio esclareceu,
ainda, que no uso ou no
abuso das reservas da
vida, que representam a
eterna Propriedade de
Deus, cada alma cria na
própria consciência os
créditos e os débitos
que lhe atrairão
inelutavelmente as
alegrias e as dores, as
facilidades e os
obstáculos do caminho.
"Quanto mais amplitude
em nossos
conhecimentos, mais
responsabilidade em
nossas ações", asseverou
o Ministro. Nesse ponto
da conversação, Hilário
perguntou ao Instrutor
amigo o que devemos
entender como sendo o
"bem" e o "mal". Sânzio
foi direto ao assunto:
"O bem, meu amigo, é o
progresso e a
felicidade, a segurança
e a justiça para todos
os nossos semelhantes e
para todas as criaturas
de nossa estrada, aos
quais devemos empenhar
as conveniências de
nosso exclusivismo, mas
sem qualquer
constrangimento por
parte de ordenações
puramente humanas, que
nos colocariam em falsa
posição no serviço, por
atuarem de fora para
dentro, gerando, muitas
vezes, em nosso cosmo
interior, para nosso
prejuízo, a indisciplina
e a revolta". "O bem
será, desse modo –
completou o Ministro –,
nossa decidida
cooperação com a Lei, a
favor de todos, ainda
mesmo que isso nos custe
a renunciação mais
completa, visto não
ignorarmos que,
auxiliando a Lei do
Senhor e agindo de
conformidade com ela,
seremos por ela ajudados
e sustentados no campo
dos valores
imperecíveis. E o mal
será sempre representado
por aquela triste
vocação do bem
unicamente para nós
mesmos, a expressar-se
no egoísmo e na vaidade,
na insensatez e no
orgulho que nos
assinalam a permanência
nas linhas inferiores do
espírito." Após ligeira
pausa, o Instrutor
observou que possuímos
em Jesus o paradigma do
Eterno Bem sobre a
Terra. "Tendo dado tudo
de si, em benefício dos
outros – lembrou Sânzio
–, não hesitou em
aceitar o supremo
sacrifício no auxílio a
todos, para que o bem de
todos prevalecesse,
ainda mesmo que a ele,
em particular, se
reservassem a
incompreensão e o
sofrimento, a flagelação
e a morte." Na
sequência, o Benfeitor
atendeu a uma dúvida de
André, relativamente aos
sinais cármicos que
trazemos em nós. Ele
comparou então a esfera
humana ao reino vegetal.
Ora, assim como cada
planta produz na época
própria, segundo a sua
espécie, cada alma
estabelece para si mesma
as circunstâncias
felizes ou infelizes em
que se encontra,
conforme as ações que
pratique, através de
seus sentimentos, ideias
e decisões na
peregrinação evolutiva.
"A planta, de começo,
jaz encerrada no
embrião, e o destino,
ao princípio de cada
nova existência, está
guardado na mente",
asseverou o Ministro. Ao
contrário da planta,
porém, que é uma
crisálida de
consciência, que dorme
largos milênios,
rigidamente presa aos
princípios da genética
vulgar que lhe impõe os
caracteres dos
antepassados, a alma
humana é uma
consciência formada que
retrata em si as leis
que governam a vida.
(Capítulo 7, pp. 89 a
92)
(Continua no próximo
número.)