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Crônicas e Artigos

Ano 5 - N° 210 - 22 de Maio de 2011

MARCELO DAMASCENO DO VALE
marcellus.vale@gmail.com

São Bento do Sul, SC (Brasil)
 

Mistérios de Deus


Será dado um dia ao homem compreender o mistério da Divindade? “Quando não mais tiver o espírito obscurecido pela matéria. Quando, pela sua perfeição, se houver aproximado de Deus, ele o verá e compreenderá.”
(Questão 11 de O Livro dos Espíritos.)


Nas belas palavras do Gênesis, Deus criou o homem à sua imagem e semelhança. Sem poder compreender a divindade, o ser humano imagina o Criador à sua imagem, limitado, finito. Para muitos é um soberano com muitos poderes, que vive em um trono inacessível e por vezes se permite vir à Terra. 

O cinema expressou essa visão antropomórfica de Deus em duas obras interessantes. No Brasil, o filme Deus é Brasileiro mostra um Deus que resolve tirar férias e vem a nosso país em busca de um substituto. Em O Todo Poderoso, um jornalista que tem um bom emprego na TV e uma bela namorada, num acesso de fúria, ele questiona Deus e seu modo de fazer tudo funcionar. O Senhor, então, resolve descer à Terra como um homem comum e lhe entregar o poder de comandar o planeta por um dia. 

Poderemos, a partir de visões simplistas como a do cinema, entender os mistérios de Deus? Como entender Sua essência e compreendê-lo?  

Léon Denis propõe na obra O Grande Enigma:

Deus, tal qual o concebemos, não é, pois, o Deus do panteísmo oriental, que se confunde com o Universo, nem o Deus antropomorfo, monarca do céu, exterior ao mundo, de que nos falam as religiões do Ocidente. Deus é manifestado pelo Universo – do qual é a representação sensível –, mas não se confunde com este. (1) 

Allan Kardec esclarece no comentário à questão 11 de O Livro dos Espíritos:

A inferioridade das faculdades do homem não lhe permite compreender a natureza íntima de Deus. Na infância da Humanidade, o homem O confunde muitas vezes com a criatura, cujas imperfeições lhe atribui; mas, à medida que nele se desenvolve o senso moral, seu pensamento penetra melhor no âmago das coisas; então, faz ideia mais justa da Divindade e, ainda que sempre incompleta, mais conforme à sã razão. 

O apego às sensações grosseiras decorrentes da nossa visão equivocada de prazer, que busca a satisfação apenas do estômago para baixo, escraviza-nos. Enquanto escravizados, desconhecemo-nos. Sem o autoconhecimento, pensamos flutuar acima dos nossos semelhantes, mantendo, contudo, ideias simplistas, porém, ideias recheadas de orgulho e observações precipitadas. 

O cientista britânico Stephen Hawking afirma no livro "The Great Design" (lançado em 2010) que a Física moderna descarta a participação de Deus na origem do Universo e diz que aparentemente o Big Bang foi uma consequência natural das leis da Física. Hawking faz as seguintes afirmações:

- "A criação espontânea é a razão pela qual existe algo em vez de nada";

- "Devido à existência de uma lei como a da gravidade, o Universo pode e vai criar a si mesmo do nada";

- "A criação espontânea é a razão pela qual existe algo em vez de nada, do por quê o Universo existe, do por quê nós existimos". 

O Mestre Jesus, ainda insuperável, ensinou acerca dos mistérios:

Disse, então, Jesus, estas palavras: "Graças te rendo, meu Pai, Senhor do céu e da Terra, por haveres ocultado estas coisas aos doutos e aos prudentes e por as teres revelado aos simples e aos pequenos".(2)

 

(1) O Grande Enigma, p. 163.

(2) Mateus, 12:25.




 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita