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Crônicas e Artigos

Ano 5 - N° 210 - 22 de Maio de 2011

ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, Minas Gerais (Brasil)
 

A Guerra Santa nos
tempos modernos
 

Os telespectadores assistem a uma disputa a cada dia mais acirrada pelo domínio dos corações humanos - 
Adellunar Marge


Basta um rápido passeio pelos canais de televisão captados, principalmente por antena parabólica, para testemunharmos uma verdadeira luta por audiência entre os diversos canais de fundamentação religiosa ou que difundem determinadas instituições religiosas. 

Poderíamos enumerar, por exemplo, a TV Record, a Rede Vida, a TV Bandeirantes, a TV Mulher, a Canção Nova, a Século XXI, que eu me lembro de momento. Em cada uma delas, com maior ou menor espaço de tempo, uma preocupação em arregimentar fiéis, oferecendo as mais diversas linhas espirituais e as mais variadas promessas...   

Algumas restringem suas promessas ao plano espiri¬tual, outras, mais imediatistas, ao plano terreno, com testemunhos vivos que vão, desde o sucesso profissional até a aquisição de bens materiais, como carros de passeio, veículos de transporte, residências, casas na praia e outras conquistas materiais, conseguidas após a adesão a uma determinada Igreja.   

Dos padres cantores e dançantes a pastores que desdemonizam pessoas num piscar de olhos, os telespectadores assistem a uma disputa a cada dia mais acirrada pelo domínio da audiência e dos corações humanos. Imagino como o poderoso Criador do Universo, com infinita inteligência e na Sua infinita compreensão das limitações humanas, deve assistir a essas disputas, tão distantes daquilo que Ele deve ter em mente e deseja. 

Pobres mortais que, dizendo-se portadores da palavra Divina, não fazem outra coisa senão servir aos interes¬ses de suas próprias instituições. 

O mais grave dos erros e que talvez se constitua no maior dos equívocos é justamente querer identificar pura e simplesmente "Igreja" com "espiritualidade".  Igreja continuará sempre sendo uma instituição formada e dirigi¬da pelos homens e sujeita, portanto, às limitações e aos interesses humanos.  Espiritualidade, ao contrário, vai muito mais além, sendo o elo de ligação entre o homem e o Criador, a chama divina que nos liga ao infinito, a nossa pertinência com Deus. 

A espiritualidade independe da instituição que queiramos ou não seguir. Independe de Islamismo (sunita ou xiita), de judaísmo, de budismo, de catolicismo, de protestantismo e de tantas outras linhas veiculadas ontem como hoje pelo mundo. 

A disputa que se trava nas telas da TV acentua cada vez mais uma luta por espaços entre instituições religiosas e se estende pelos bairros e ruas das cidades com o surgi¬mento de um sem-número de templos e casas de oração. Principalmente nas periferias urbanas e nas áreas rurais. O povo, sofrido por suas carências materiais e afetivas e afetado profundamente em sua autoestima, justamente por esse sofrimento torna-se vulnerável a todo tipo de discurso que prometa esperança. 

Trabalhar pela promoção humana e pelo seu cresci¬mento econômico, social e moral é dever de cada um de nós e de qualquer instituição, mas usar o sofrimento do próxi¬mo e promessas de melhoria econômica como instrumen¬tos para alistá-lo nas fileiras dessa ou daquela instituição é faltar justamente ao princípio ético e eminentemente humano que deve orientar qualquer instituição, principalmente aquelas que se proponham falar em nome de Deus aos homens da Terra...  



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita