ROGÉRIO
COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, Minas Gerais (Brasil)
A Guerra Santa nos
tempos modernos
Os
telespectadores
assistem a uma
disputa a cada
dia mais
acirrada pelo
domínio dos
corações humanos
- Adellunar
Marge
Basta um rápido
passeio pelos
canais de
televisão
captados,
principalmente
por antena
parabólica, para
testemunharmos
uma verdadeira
luta por
audiência entre
os diversos
canais de
fundamentação
religiosa ou que
difundem
determinadas
instituições
religiosas.
Poderíamos
enumerar, por
exemplo, a TV
Record, a Rede
Vida, a TV
Bandeirantes, a
TV Mulher, a
Canção Nova, a
Século XXI, que
eu me lembro de
momento. Em cada
uma delas, com
maior ou menor
espaço de tempo,
uma preocupação
em arregimentar
fiéis,
oferecendo as
mais diversas
linhas
espirituais e as
mais variadas
promessas...
Algumas
restringem suas
promessas ao
plano
espiri¬tual,
outras, mais
imediatistas, ao
plano terreno,
com testemunhos
vivos que vão,
desde o sucesso
profissional até
a aquisição de
bens materiais,
como carros de
passeio,
veículos de
transporte,
residências,
casas na praia e
outras
conquistas
materiais,
conseguidas após
a adesão a uma
determinada
Igreja.
Dos padres
cantores e
dançantes a
pastores que
desdemonizam
pessoas num
piscar de olhos,
os
telespectadores
assistem a uma
disputa a cada
dia mais
acirrada pelo
domínio da
audiência e dos
corações
humanos. Imagino
como o poderoso
Criador do
Universo, com
infinita
inteligência e
na Sua infinita
compreensão das
limitações
humanas, deve
assistir a essas
disputas, tão
distantes
daquilo que Ele
deve ter em
mente e deseja.
Pobres mortais
que, dizendo-se
portadores da
palavra Divina,
não fazem outra
coisa senão
servir aos
interes¬ses de
suas próprias
instituições.
O mais grave dos
erros e que
talvez se
constitua no
maior dos
equívocos é
justamente
querer
identificar pura
e simplesmente
"Igreja" com
"espiritualidade".
Igreja
continuará
sempre sendo uma
instituição
formada e
dirigi¬da pelos
homens e
sujeita,
portanto, às
limitações e aos
interesses
humanos.
Espiritualidade,
ao contrário,
vai muito mais
além, sendo o
elo de ligação
entre o homem e
o Criador, a
chama divina que
nos liga ao
infinito, a
nossa
pertinência com
Deus.
A
espiritualidade
independe da
instituição que
queiramos ou não
seguir.
Independe de
Islamismo
(sunita ou
xiita), de
judaísmo, de
budismo, de
catolicismo, de
protestantismo e
de tantas outras
linhas
veiculadas ontem
como hoje pelo
mundo.
A disputa que se
trava nas telas
da TV acentua
cada vez mais
uma luta por
espaços entre
instituições
religiosas e se
estende pelos
bairros e ruas
das cidades com
o surgi¬mento de
um sem-número de
templos e casas
de oração.
Principalmente
nas periferias
urbanas e nas
áreas rurais. O
povo, sofrido
por suas
carências
materiais e
afetivas e
afetado
profundamente em
sua autoestima,
justamente por
esse sofrimento
torna-se
vulnerável a
todo tipo de
discurso que
prometa
esperança.
Trabalhar pela
promoção humana
e pelo seu
cresci¬mento
econômico,
social e moral é
dever de cada um
de nós e de
qualquer
instituição, mas
usar o
sofrimento do
próxi¬mo e
promessas de
melhoria
econômica como
instrumen¬tos
para alistá-lo
nas fileiras
dessa ou daquela
instituição é
faltar
justamente ao
princípio ético
e eminentemente
humano que deve
orientar
qualquer
instituição,
principalmente
aquelas que se
proponham falar
em nome de Deus
aos homens da
Terra...