ARTUR FELIPE DE
AZEVEDO FERREIRA
arturfelipeazevedo@msn.com
Goiânia, Goiás
(Brasil)
Espiritismo sim,
Kardecismo não
Dentre as
confusões mais frequentes
disseminadas por
redutos seitistas e de
tendência
sincrética e
comumente
repetidas por
pessoas
desconhecedoras
do Espiritismo
encontra-se o
uso incorreto de
termos ou
palavras para
designar a
Doutrina
Espírita. Um
deles é o termo
"kardecismo",
dando a ideia de
que há vários "Espiritismos",
enquanto, na
verdade, o
Espiritismo é um
só, aquele que
surgiu em 1857
com a publicação
de "O Livro dos
Espíritos".
Aliás, foi Allan Kardec que criou
a palavra
"Espiritismo"
justamente no
intuito de
diferenciá-la de
tudo que existia
e do
Espiritualismo
em geral.
O espírito Ramatis e os ramatisistas
estão entre
aqueles que
gostam de se
utilizar
dos termos
"kardecista" e
"kardecismo" até
mesmo de uma
forma algumas
vezes pejorativa
com o intuito de
passarem a ideia
de que são
espíritas, porém
não
"kardecistas", e
sim
"universalistas",
criando pois uma
pretensa
ramificação no
seio da
Doutrina, algo
que Allan Kardec
sempre
desaconselhou e
desestimulou,
como já vimos
aqui em outros
artigos.
Luiz Antonio
Milleco, bem a
propósito,
escreveu um
interessante
artigo sobre a
questão,
intitulado
"Espiritismo ou
Kardecismo?":
"De um tempo
para cá um
estranho
fenômeno ocorre
em nosso meio:
pessoas
respeitáveis
aceitam a
Doutrina
Espírita,
entusiasmam-se
com seus
postulados e se
beneficiam da
consolação por
Ela propiciada.
No entanto,
chegado o
momento das
definições,
afirmam-se não
espíritas, mas
espiritualistas
ou
‘kardecistas’.
Quanto ao
espiritualismo,
a definição é
incompleta, já
que todas as
crenças baseadas
na
existência da
alma são
espiritualistas.
E quanto ao
‘kardecismo’?
As origens
históricas do
termo, embora
não possam
situar-se no
tempo, são
perfeitamente
caracterizadas
quanto aos
fatos. Ao
chegarem ao
Brasil, os
escravos
trouxeram
consigo suas
crenças, seus
cultos, que ali
se fundiram, com
o crescimento
das crenças
indígenas e
católicas. Esses
grupos étnicos
já praticavam a
mediunidade.
Ora, com o
aparecimento
entre nós da
Doutrina
Espírita, uma de
cujas bases
principais é
exatamente o
fenômeno
mediúnico, foram
inevitáveis as
generalizações.
Tudo quanto se
referisse ao
intercâmbio com
o outro plano
era considerado
Espiritismo.
Tal equívoco
ocasionou
lamentáveis
deturpações. Não
queremos aqui
discriminar os
grupos
afro. Há entre
eles os que,
embora
divergindo da
Doutrina
Espírita quanto
ao aspecto
religioso e à
prática
mediúnica, leem
Allan Kardec,
adotam seus
postulados
filosóficos e
servem ao
próximo com
desprendimento e
abnegação.
Não se pode
negar,
entretanto, as
deturpações a
que nos
referimos acima.
Eram comuns em
certos setores
da imprensa
manchetes como:
"Assassinato em
um Centro
Espírita",
"Incorporado
pelo Guia
Fulano...". Além
disso, não são
raros os
folhetos em que
se lê: "Madame
Fulana de tal.
Vidente
Espírita,
soluciona todos
os problemas,
resolve caso de
amor e dinheiro,
prevê o
futuro..." etc.
Resultado: para
não se
embarafustarem
com toda esta
confusão, alguns
companheiros
abrem mão do
termo espírita e
preferem a
expressão
"kardecista".
Haverá, porém,
algum fundamento
para tal
posição?
Em primeiro
lugar, Allan
Kardec sempre
fez questão de
assinalar que,
ao contrário de
todas
as doutrinas
anteriores, o
Espiritismo não
foi fundado por
homens, mas é
consequência das
revelações
trazidas pelo
Plano
Espiritual.
Em segundo
lugar, não
podemos
descartar a gama
de preconceitos
que envolve a
substituição dos
termos espírita
e Espiritismo
pelos termos
"kardecista" e
"kardecismo".
Não querem,
estes
companheiros,
que suas crenças
sejam
confundidas com
aquelas que,
para eles, são
"inferiores".
Não querem ser
identificados
como
"feiticeiros" ou
"macumbeiros".
Tal confusão, no
entanto, não
advém deste ou
daquele termo,
mas da posição
de cada um
perante a vida e
diante de si
mesmo.
Ao invés de
simplificarmos
as coisas dando
à Doutrina
Espírita nomes
que ela não
possui,
chamando-a
"kardecismo",
"mesa branca",
"Espiritismo
Científico",
etc., arquemos
com os incômodos
das explicações;
e, definindo-nos
claramente como
espíritas,
esclareçamos
simplesmente os
que nos abordem
sobre o que é, e
o que não é
Espiritismo".