MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Ação e Reação
André Luiz
(Parte
12)
Damos continuidade nesta edição
ao
estudo da obra
Ação e Reação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1957 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. A avareza, a
sovinice, o apego ao
dinheiro podem atrair
Espíritos que
intensifiquem ainda mais
esse apego?
Sim. Foi o que ocorreu
com Luís, filho de
Antônio Olímpio. Afinado
aos sentimentos do pai e
apegando-se aos lucros
materiais exagerados,
sofria ele tremenda
obsessão no próprio lar.
Ele enamorara-se do ouro
com extremada volúpia e
submetia a esposa e os
dois filhinhos às mais
duras necessidades,
receoso de perder seus
haveres. Clarindo e
Leonel, não satisfeitos
em lhe seviciarem a
mente, conduziam para a
fazenda usurários e
tiranos rurais
desencarnados, para lhe
agravarem a sovinice.
(Ação e Reação, cap. 8,
pp. 99 e 100.)
B. O sono é necessário
no processo de
restauração de Espíritos
enfermos?
Evidentemente. Por isso
é ele largamente usado
pelos benfeitores
espirituais. No caso
Antônio Olímpio, graças
à prece de Alzira, sua
antiga esposa, viu-se
que ele despertou, mas
foi logo levado ao sono
induzido. Silas
explicou: "A oração
trouxe-lhe imenso bem,
mas não lhe convém o
despertamento senão
gradativo. O sono
natural e reparador
ainda é uma necessidade
em sua restauração
positiva".
(Obra citada, cap. 8,
pp. 103 e 104.)
C. Há indivíduos que
mesmo estando
desencarnados continuam
apegados ao dinheiro?
Sim. O caso de Luís,
filho de Olímpio e
Alzira, constitui
exemplo disso. Em sua
residência, atraídos por
seus tios, desencarnados
de horripilante aspecto
iam e vinham, através
dos corredores extensos,
conversando, aloucados,
como se estivessem
falando para dentro de
si próprios. E o ouro
constituía o assunto
fundamental de todos os
solilóquios que se
entrechocavam sem nexo.
(Obra citada, cap. 8,
pp. 105 e 106.)
Texto para leitura
44. Obsessão pelo
dinheiro - Após
seis dias desde o
encontro com o Ministro
Sânzio, a irmã Alzira
(ex-esposa de Antônio
Olímpio) compareceu
à Mansão, em obediência
ao programa que Druso
lhe traçara. A nobre
mulher informou, então,
que Luís, seu filho, que
se afinava com os
antigos sentimentos
paternos, apegando-se
aos lucros materiais
exagerados, sofria
tremenda obsessão no
próprio lar. Sob teimosa
vigilância dos tios
desencarnados, que lhe
acalentavam a
mesquinhez, detinha
larga fortuna, sem
aplicá-la em coisa
alguma. Ele enamorara-se
do ouro com extremada
volúpia e submetia a
esposa e os dois
filhinhos às mais duras
necessidades, receoso de
perder seus haveres.
Clarindo e Leonel, não
satisfeitos em lhe
seviciarem a mente,
conduziam para a fazenda
usurários e tiranos
rurais desencarnados,
cujos pensamentos ainda
se enrodilhavam na
riqueza terrestre, para
lhe agravarem a
sovinice. Luís
respirava, assim, num
mundo de imagens
estranhas, em que o
dinheiro era tema
constante, e acreditava
no poder do cofre
recheado para
solucionar quaisquer
dificuldades da vida.
Adquirira, em face
disso, doentio temor de
todas as situações em
que pudessem surgir
despesas inesperadas e
relaxara a própria
apresentação pessoal,
obcecado pela sovinice
e pelo pesadelo do ouro
que lhe consumia a
existência. (Capítulo 8,
pp. 99 e 100)
45. O reencontro
com Antônio Olímpio
- Alzira informou que o
afogamento dos cunhados
se verificara em seus
tempos de recém-casada,
quando Luís mal ensaiava
os primeiros passos, e
que, após seis anos
sobre a dolorosa
ocorrência, ela também
encontrara a
desencarnação no mesmo
lago. Antônio Olímpio
lhe sobrevivera, na
esfera carnal, quase
três lustros e, por
vinte anos,
precisamente, padecera
nas trevas, período em
que suas vítimas se
transformaram em
carcereiros ferozes do
delinquente,
impossibilitando, de
parte dela, qualquer
aproximação. O filho já
se encontrava, assim, em
plena madureza, havendo
atravessado os quarenta
anos de experiência
física. Silas, incumbido
por Druso de ajudar as
tarefas de socorro ao
filho e aos irmãos de
Antônio Olímpio,
permitiu que Alzira
mantivesse ligeiro
encontro com o antigo
esposo, antes da partida
para a Crosta. O
encontro dos ex-cônjuges
deu-se em circunstâncias
comoventes. O semblante
de Alzira acusava
visível alteração e as
lágrimas
borbulhavam-lhe,
incoercíveis, dos olhos,
conturbados então por
imensa dor. Alzira
afagou a cabeça de
Olímpio e chamou-o pelo
nome várias vezes. Ele
abriu os olhos, mas
pronunciou monossílabos
desconexos.
Percebendo-lhe a ruína
mental, ela pediu a
Silas permissão para
orar, junto dele. Ante a
aquiescência do
Assistente, ajoelhou-se
à cabeceira do enfermo,
conchegou-lhe o busto de
encontro ao colo, à
maneira de abnegada mãe
procurando conservar
entre os braços um
filhinho doente, e,
levantando os olhos
lacrimosos para o Alto,
orou, humilde, a Maria
de Nazaré, a quem rogou
lançasse seu caridoso
olhar sobre ela e seu
companheiro, jungidos
ambos às consequências
do duplo homicídio.
(Capítulo 8, pp. 100 a
102)
46. A
prece e seus efeitos
- Em sua prece, Alzira
pediu que a Mediadora
Celeste os ajudasse a
voltar, juntos, à carne
em que haviam
delinquido, para poderem
expiar os seus erros.
"Concede-me a graça de
segui-lo, como servidora
contente e agradecida,
religada a quem devo
tanta felicidade!...
Reúne-nos novamente no
mundo e auxilia-nos a
devolver com lealdade e
valor aquilo que
roubamos", rogou Alzira.
"Não permitas, Anjo
Divino, que venhamos a
sonhar com o Céu, antes
de resgatar nossas
contas na Terra, e
ajuda-nos a aceitar,
dignamente, a dor que
reedifica e salva!..." A
suplicante, enquanto
falava, coroara-se de
safirino esplendor. A
doce claridade que se
irradiava do seu
coração inundara todo o
aposento e, assim que
sua voz emudeceu,
embargada e ofegante,
excelso jorro de
prateada luz desceu do
Alto, atingindo a todos,
especialmente o enfermo,
que desferiu longo
gemido de dor
humanizada e
consciente. A prece de
Alzira lograra um êxito
que as operações
magnéticas de Druso não
haviam conseguido
alcançar. Antônio
Olímpio descerrou
desmesuradamente as
pálpebras e mostrou no
olhar a lucidez dos que
despertam de longo e
torturado sono...
Agitou-se, sentindo na
face as lágrimas da
esposa que o beijava, e
bradou, tomado de
selvagem contentamento:
"Alzira! Alzira!..." Ela
conchegou-o, de
encontro ao peito, com
mais ternura, como quem
quisesse pacificar-lhe o
espírito atormentado,
mas, a um sinal de
Silas, dois enfermeiros
aproximaram-se,
restituindo-o ao sono.
Todos encontravam-se,
ali, envolvidos por
profunda comoção, e até
o Assistente tinha
lágrimas nos olhos...
Contemplando Alzira,
agora de pé, acariciando
os cabelos do infeliz,
André teve a impressão
de que um anjo do Céu
visitava ali um
penitente do inferno.
Silas ofereceu, então, o
braço à abnegada irmã e
explicou, prestimoso: "A
oração trouxe-lhe imenso
bem, mas não lhe convém
o despertamento senão
gradativo. O sono
natural e reparador
ainda é uma necessidade
em sua restauração
positiva". Alzira
afastou-se mais
tranquila, apesar da
flagelação moral do
reencontro, e pouco
depois partiram os
quatro – ela, Silas,
Hilário e André – para
as terras de Luís,
antigo lar de Alzira.
(Capítulo 8, pp. 103 e
104)
47. De volta ao
antigo lar terrestre
- A sólida construção
estava em franca
decadência. Porteiras
desconjuntadas, tapumes
derruídos e as varandas
imundas falavam, sem
palavras, da desídia dos
moradores. Entidades
estranhas, embuçadas em
largos véus de sombra,
transitavam por ali,
absortas, como se
ignorassem a presença
umas das outras. Alzira
informou que eram
onzenários
desencarnados, levados
até ali por Leonel e
Clarindo, de modo a
fortalecerem a usura no
espírito de seu filho.
Será que tais Espíritos
os enxergavam? A
pergunta, feita por
Hilário, foi respondida
por Silas: "Não. Com
certeza nos identificam
a chegada, entretanto,
pelo que deduzo,
encontram-se
demasiadamente fixados
nas ideias em que se
mancomunam. Não se
preocupam com a nossa
presença, desde que lhes
não penetremos a faixa
mental, comungando-lhes
os interesses". O grupo
penetrou no interior da
casa de Luís, onde o
movimento era de
pasmar. Desencarnados de
horripilante aspecto iam
e vinham, através dos
corredores extensos,
conversando, aloucados,
como se estivessem
falando para dentro de
si próprios. O ouro
constituía o assunto
fundamental de todos os
solilóquios que se
entrechocavam sem nexo.
De repente, Silas
ausentou-se e,
decorridos alguns
minutos, voltou ao
recinto. Conduziu então
Alzira para o aposento
em que Adélia, a dona da
casa, repousava junto
dos filhinhos,
explicando que não era
conveniente que Alzira
se encontrasse logo com
os cunhados
transformados em
verdugos. Hilário,
embora a contragosto,
ali ficou, para a
proteção da
companheira. A sós com
André, Silas
explicou-lhe que, para
efetuar o socorro com o
proveito desejável, era
preciso saber ouvir e
que, em razão disso,
procurasse não lhe
estorvar as atividades,
mesmo que estranhasse as
atitudes que ele viesse
a assumir. André
compreendeu
perfeitamente o recado
de Silas. (Capítulo 8,
pp. 105 e 106) (Continua no próximo
número.)