APARECIDO
FERREIRA DE
SOUZA
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Curitiba, PR
(Brasil)
A incongruência
e a consequência
“Os Judeus
estudavam
minuciosamente a
Lei antiga que
está no
velho
testamento. Os
Cristãos estudam
a lei nova que
está no Novo
testamento, os Espíritas, que são os cristãos renascidos da água e do
espírito, devem
estudar as obras
de Kardec.”
(1)
(Miguel Vives -
O espírita
perante a
doutrina.)
Observando as
necessidades
das casas
espíritas e o
esforço
desenvolvido em
favor do estudo
da Doutrina pela
Federação
Espírita
Brasileira e
suas federativas
estaduais, ainda
assim nos
deparamos com a
falta de unidade
de princípio no
entendimento dos
postulados
espíritas, cuja
ação Amélie
Gabriela Boudet
nos legou
oportunamente
através de
Pierre Gaetan
Leymarie em
Obras Póstumas,
assinalando que
um dos fatores
capazes de
retardar a
propagação da
doutrina seria a
interpretação
divergente. E o
Espírito de
Verdade assinala
que todas as
verdades se
encontram no
Cristianismo, e
que os erros que
nele se
enraizaram são
de origem
humana. (2)
Nascidas das
ideias pessoais
e absolutistas,
formadas pelas
antigas
religiões do
passado em que
estagiamos, ou
empenhados em
ligar seus nomes
a coisas novas,
surgem as ideias
e ganham corpo,
sejam pela
incapacidade de
interpretação ou
entendimento,
abrem-se as
fendas e fecham
teorias
absurdas,
conspurcando
aquilo que
deveria ser um
dever de todos
os espíritas:
preservar e
manter a pureza
e a clareza
doutrinária.
O saldo desta
falta de
entendimento
respinga nas
casas espíritas
em forma de
música, seja no
“vinde a mim as
criancinhas,
porque delas é o
reino dos céus”,
na oração
improvisada,
afirmando-nos
que fomos
criados à imagem
e à semelhança
do Criador, que
Deus é Espírito,
que somos
Espíritos
eternos e
gerados por
Deus, ou
reverenciando os
anjos com asas
nas salas de
evangelização.
No entanto,
sabemos
perfeitamente
que a claridade
com que alguns
veem a doutrina
não é a mesma
que todos
enxergam, mesmo
porque temos a
lente
proporcional ao
grau de
entendimento que
é facultado pela
vivência
evangélica, em
consequência da
maturidade
moral.
Sabemos ainda
que o
Espiritismo não
veio impor suas
ideias ou
exterminar as
outras crenças,
mas trabalhar
por
transformá-las,
elevando as
concepções
antigas para o
clarão das
verdades
imortalistas,
esclarecendo o
erro religioso
onde quer que
ele se encontre,
revelando a luz
em cada ato e
ensinamento, e
transformando
cada um de nós
em operários da
regeneração do
templo do
Senhor.
Mas como
constituir
grupos de
estudos com
adeptos
esclarecidos, se
somos os
semeadores da
divergência
doutrinária?
Como buscar a
união se somos
objetos de
fragmentação?
Como empregar a
audição a
palestrantes
despreparados,
cujo conteúdo é
mal versado.
Se a doutrina é
nobre, seus
estudos devem
ser elevados a
título de
nobreza,
tratados com o
mesmo interesse
com que seu
codificador nos
legou,
deixando-se
abater pelo
corpo para
vivificar o
espírito de sua
obra.
A boa semente já
foi lançada e
merece o
devotamento do
bom lavrador,
tanto quanto o
ensino exige
recinto para o
magistério, a
cultura reclama
a sua
publicação, a
arte pede a
representação,
da mesma forma o
Espiritismo não
dispensa as
obras que possam
expor a sua
grandeza e
atingir seu
objetivo que é a
transformação da
humanidade.
Qualificando-se
a boa semente,
não devemos
admitir que
qualquer obra
dita espírita
possa frequentar
o recinto de
nossas casas,
especialmente
aquelas que
contrariam os
princípios
básicos do
Espiritismo. Se
isso acontecer,
estamos deixando
que o joio se
misture ao bom
grão, com a
iminência de uma
futura colheita
prejudicada.
Nossos cuidados
devem ser
redobrados,
principalmente
em uma época em
que o brilho das
ideias se
destaca diante
da opacidade
moral, em que
ávidos
personalistas
buscam novidades
nos sistemas
exclusivistas,
dizendo que
Kardec está
superado para
fazer carreira
literária no
Espiritismo à
custa da
ignorância do
neófito.
Mesmo sendo uma
doutrina de
liberdade, o
espírita é livre
para agir e
pensar. Convém,
porém, não
esquecer que a
liberdade que
tem não lhe dá
licença para
agir e pensar em
nome da
codificação, não
sendo legal, nem
moralmente
conveniente, a
elucidação
particular.
(3)
Estudar as obras
básicas do
Espiritismo, eis
a necessidade
imperiosa de
todos nós, o que
não deve ser
postergado, e
não somente ler,
mas analisar,
entender,
refletir e
ponderar,
estudando as
perguntas e as
respostas do
codificador,
buscando o
entendimento no
sentido
científico,
filosófico e
religioso,
transmitindo com
segurança aquilo
que temos como
verdade até os
dias que se
chamam hoje.
Referências:
(1)
O Tesouro dos
Espíritas, in O
espírita perante
a Doutrina, de
Miguel Vives.
(2)
O Evangelho
segundo
Espiritismo,
cap. VI, item
5.
(3)
À Luz do
Espiritismo, in
Advertência
fraternal, de
Vianna de
Carvalho,
psicografado por
Divaldo Franco.