MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Ação e Reação
André Luiz
(Parte
13)
Damos continuidade nesta edição
ao
estudo da obra
Ação e Reação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1957 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Luís, que estava parcialmente desligado do corpo que
dormia, viu Silas e
André?
Não. No local onde
estava, contemplando
grandes maços de
dinheiro, Luís, então
desligado do corpo pela
influência do sono, não
percebeu os dois
visitantes que, no
entanto, foram vistos
pelos irmãos
desencarnados Leonel e
Clarindo. Estes contaram
então qual era o plano
que desenvolviam naquela
casa, decorrente da
vingança que exerciam
contra seu irmão com
vistas a recuperar a
fortuna que lhes foi
tirada.
(Ação e Reação, cap. 8, pp. 107 a 109.)
B. Onde os irmãos Leonel
e Clarindo aprenderam a
técnica obsessiva que
aplicavam naquele caso?
Eles aprenderam essa
técnica nas escolas de
vingadores –
organizações mantidas
por Inteligências
criminosas, homiziadas
temporariamente nos
planos inferiores. A
técnica consistia em
exacerbar em Luís o
sentimento de usura e o
apego ao dinheiro. A
técnica parte do
pressuposto de que todos
possuímos, além dos
desejos imediatistas
comuns, um
"desejo-central" ou
"tema básico" dos
interesses mais íntimos,
que, no caso de Luís,
era a avareza e a
cupidez. (Obra
citada, cap. 8, pp. 109
e 110.)
C. As tentações têm
ligação direta com esse
“desejo-central”?
Sim. Cada pessoas é
tentada exteriormente
pela tentação que
alimenta em si própria.
Segundo Silas, cada qual
de nós vive e respira
nos reflexos mentais de
si mesmo, angariando as
influências felizes ou
infelizes que nos mantêm
na situação que
buscamos...
(Obra citada, cap. 8, pp. 111 e 112.)
Texto para leitura
48. Com Clarindo e
Leonel - Silas e
André penetraram
estreito compartimento,
onde alguém contemplava
grandes maços de
papel-moeda,
acariciando-os com um
sorriso malicioso. Era
Luís, que, desligado do
corpo pela influência do
sono, vinha afagar ali o
dinheiro que lhe nutria
as paixões.
Evidentemente, o dono da
casa não percebeu a
presença dos visitantes,
o que não ocorreu com os
irmãos Clarindo e
Leonel, que, de repente,
penetraram o recinto e
dirigiram-se
desabridamente para
André e Silas, tendo um
deles perguntado: "Quem
são? quem são vocês?"
Silas respondeu, de
forma enigmática: "Somos
amigos". O outro então
informou: "Bem, nesta
casa ingressam somente
aqueles que saibam
valorizar o
dinheiro..." E,
designando Luís,
acrescentou: "Para que
ele não se esqueça de
preservar a fortuna que
é nossa". Silas ajuntou:
"Sim, sim... quem não
estimará os haveres que
lhe pertençam?" Os
irmãos, satisfeitos e
esfregando as mãos, na
alegria de quem
supostamente encontrava
mais combustível para a
fogueira de sua
vingança, exclamaram,
então: "Muito bem! muito
bem!..." E, demonstrando
imediata confiança em
André e Silas, disseram
terem sido vítimas de
terrível traição por
parte de um irmão
infeliz que lhes pilhou
os bens, motivo por que
ali estavam para o
desforço justo.
Clarindo, que era o mais
brutalizado dos dois,
gargalhou de maneira
estranha e acentuou: "O
maldito (...) acreditou
que a morte lhe apagaria
o crime e que nós, os
desventurados que lhe
sucumbimos às mãos,
estaríamos reduzidos a
pó e cinza.
Apossou-se-nos dos
haveres, depois de
promover um acidente
espetacular, no qual
fomos por ele
assassinados sem
compaixão". Na
sequência, acrescentou:
"O bandido sofrerá os
resultados da infâmia
contra nós e aqui
respira o filho dele,
cujos menores movimentos
governaremos, até que
nos restitua a fortuna
de que somos legítimos
senhores..." As
lamentações dos dois
irmãos prosseguiram por
longo tempo, findo o
qual Clarindo indagou a
Silas: "Não admitem
vocês que temos razão?"
Silas concordou,
enigmático: "Sim, todos
temos razão,
entretanto..." O uso do
vocábulo "entretanto"
irritou Leonel, que
atalhou, algo cínico:
"Entretanto? quererá,
porventura, interferir
em nossos propósitos?"
Silas o confortou:
"Nada disso. Desejo
simplesmente lembrar que
por dinheiro já lutei
excessivamente, crendo
que o direito prevalecia
de meu lado..." Como a
observação algo dúbia
chocou os
interlocutores, o
Assistente valeu-se da
expectativa natural e
perguntou: "Amigos,
vemos que esta casa
permanece largamente
povoada de irmãos nossos
ensandecidos... Serão
todos eles credores
desta família
infortunada?" André
compreendeu que a
pergunta afetuosa tinha
o objetivo de entreter a
confiança dos vingadores
intrigados. (Capítulo
8, pp. 107 a 109)
49. Como nossas
ideias centrais se
refletem -
Leonel, que parecia a
André o cérebro da
empresa delituosa,
respondeu: "É que, até
agora, precisávamos
dividir o tempo entre
pai e filho, e, por
isso, localizamos aqui,
temporariamente, os
onzenários enlouquecidos
que, fora do campo
carnal, apenas
mentalizam o ouro e os
bens a que se afeiçoaram
no mundo, de modo a nos
favorecerem a tarefa.
Acompanhando o sovina
que nos obedece ao
comando, constrangem-no
a viver, tanto quanto
possível, com a
imaginação aprisionada
ao dinheiro que ele ama
com tresloucada
paixão". As coisas
tornavam-se, assim,
bastante claras. Luís, o
dono da fazenda, além
do apego doentio à
precária riqueza humana,
sofria também a pressão
de outras mentes,
alucinadas tanto quanto
a dele nos enganos da
posse material, o que
elevava o desejo
enfermiço à tensão
máxima... Os tios de
Luís, no seu propósito
de desforço, aprenderam
essa técnica nas escolas
de vingadores –
organizações mantidas
por Inteligências
criminosas, homiziadas
temporariamente nos
planos inferiores. Todos
possuímos, além dos
desejos imediatistas
comuns, um
"desejo-central" ou
"tema básico" dos
interesses mais íntimos.
Em face disso, emitimos
com mais frequência –
além dos pensamentos
vulgares e rotineiros –
os pensamentos que
nascem do
"desejo-central" que nos
caracteriza, os quais
passam a constituir o
reflexo dominante de
nossa personalidade.
"Desse modo – disse
Leonel –, é fácil
conhecer a natureza de
qualquer pessoa em
qualquer plano, através
das ocupações e posições
em que prefira viver.
Assim é que a crueldade
é o reflexo do
criminoso, a cobiça é o
reflexo do usurário, a
maledicência é o
reflexo do caluniador,
o escárnio é o reflexo
do ironista e a
irritação é o reflexo do
desequilibrado, tanto
quanto a elevação moral
é o reflexo do santo...
Conhecido o reflexo da
criatura que nos
propomos retificar ou
punir é, assim, muito
fácil superalimentá-la
com excitações
constantes,
robustecendo-lhe os
impulsos e os quadros já
existentes na imaginação
e criando outros que se
lhes superponham,
nutrindo-lhe, dessa
forma, a fixação
mental." "Através de
semelhantes processos –
acrescentou Leonel – ,
criamos e mantemos
facilmente o `delírio
psíquico' ou a
`obsessão', que não
passa de um estado
anormal da mente,
subjugada pelo excesso
de suas próprias
criações a pressionarem
o campo sensorial,
infinitamente acrescidas
de influência direta ou
indireta de outras
mentes desencarnadas ou
não, atraídas por seu
próprio reflexo."
(Capítulo 8, pp. 109 e
110)
50. Somos tentados
em nossas próprias
imperfeições -
Sorrindo, o inteligente
perseguidor disse,
sarcástico: "Cada um é
tentado exteriormente
pela tentação que
alimenta em si próprio".
André estava surpreso,
visto que nunca ouvira
um Espírito,
aparentemente vulgar,
com tanto conhecimento e
consciência de seu
papel. Silas, revelando
grande interesse em
torno do assunto,
ponderou:
"Indiscutivelmente, a
exposição é perfeita.
Cada qual de nós vive e
respira nos reflexos
mentais de si mesmo,
angariando as
influências felizes ou
infelizes que nos mantêm
na situação que
buscamos... Os Céus ou
as Esferas Superiores
são constituídos pelos
reflexos dos Espíritos
santificados e o
inferno..." "... É o
reflexo de nós mesmos",
completou Leonel com uma
gargalhada. O Assistente
pediu-lhe, então, desse
algum exemplo prático
daquilo que afirmara, ao
que ele assentiu com
prazer, informando: "O
avarento sob nossa vista
guarda o propósito de
comprar ou extorquir
determinada gleba
vizinha, a qualquer
preço, mesmo em se
tratando de transação
criminosa, para
valorizar as aguadas da
propriedade que nos
pertence. Tratando-se de
assunto no tema
essencial da existência
dele, que é a cobiça,
facilmente recolherá as
imagens que eu lhe
deseje transmitir,
utilizando-me da própria
onda mental em que as
suas ideias
habitualmente se
exprimem..." Dito isto,
passando das palavras
para a ação, pôs sua
destra sobre a fronte de
Luís, mantendo-se na
profunda atenção do
hipnotizador governando
a presa, e esta
arregalou os olhos com a
volúpia do faminto que
vê um prato saboroso, a
distância, a falar:
"Agora! agora! as terras
serão minhas! muito
minhas! Ninguém
concorrerá com meus
preços! ninguém!..."
Logo após, lépido,
afastou-se, indo na
direção da fazenda
fronteiriça. "Viram? –
perguntou Leonel –
transmiti-lhe ao campo
mental um quadro
fantástico, através do
qual as terras do
vizinho estariam em
leilão, caindo-lhe,
enfim, nas unhas. Bastou
que eu mentalizasse uma
tela nesse sentido,
arquitetando o sítio à
venda, para que ele a
tomasse por realidade
indiscutível,
porquanto, em se
tratando de nosso
reflexo fundamental,
somos induzidos a crer
naquilo que desejamos
aconteça..." (Capítulo
8, pp. 111 e 112) (Continua no próximo
número.)