JOSÉ REIS CHAVES
jreischaves@gmail.com
Belo Horizonte,
MG
(Brasil)
Nós nos movemos
no tempo, mas é
ele que se move
em Deus
A Teoria da
Relatividade de
Einstein nos
ensina que,
embora nós
sintamos o tempo
como algo móvel,
sua mobilidade,
na realidade, é
ilusória. De
fato, as
aparências nos
enganam. Que o
digam os
especialistas em
ilusão ótica.
Seria, então, o
tempo um
atributo divino,
já que Deus, por
ser imutável, é
também imóvel?
A favor dessa
hipótese ainda
se diz muito: “o
tempo não tem
fronteiras”,
seria o tempo,
pois, também
infinito, sem
fim? O
substantivo
concreto tem
limite visível,
o abstrato nem
invisível o tem.
E o tempo é um
substantivo
abstrato mais
importante do
que um concreto.
Einstein afirma
que um indivíduo
em movimento
chega ao futuro
mais rápido do
que quem está
parado. Assim,
um astronauta
viajando muito
tempo numa nave
espacial, o
tempo corre-lhe
mais rápido.
Para Einstein,
nós é que
passamos no
tempo para o
futuro. E com a
nossa caminhada
até determinado
lugar, cria-se
uma alteração de
tempo em nós tal
qual acontece
com o espaço. O
tempo não vem ao
nosso encontro,
nós é que vamos
ao encontro
dele,
modificando-o.
Vimos que é como
se o tempo se
movimentasse,
mas que isso é
uma ilusão. Já
com o espaço, a
coisa é clara.
Nós nos movemos
nele, e essa é a
nossa sensação.
E o nosso
deslocamento no
espaço depende
também do ritmo
de velocidade do
nosso movimento
nele.
Espaço e tempo
são correlativos
e estão
impregnados um
do outro. Com o
espaço podemos
medir o tempo, e
com o tempo
podemos medir o
espaço. Não é
à-toa que se usa
muito a
expressão “no
tempo e no
espaço”. Até se
diz que não há
tempo sem
espaço, nem
espaço sem
tempo. E tudo no
Universo é
relativo, menos
Deus, que é
absoluto.
Se Deus é a
Causa não
causada, a Causa
Primeira de
todas as coisas,
segundo a
Doutrina
Espírita, e o
único Ser incontingente de
São Tomás de
Aquino, Deus não
depende do tempo
e do espaço. Nós
sim, e tudo o
mais que existe
é que dependemos
de Deus, do
espaço e do
tempo. Mas o
tempo não vai,
não vem, e nem
fica. É como se
ele nem
existisse. Nós é
que passamos
pelo tempo. A
nossa condição
diante do tempo
é oposta à de
Deus, que é
sempre a mesma
coisa, já que
Deus e os seus
atributos são
imutáveis.
Vimos que não
existe movimento
do tempo. Nós é
que passamos
pelo tempo. E
nós passamos
também pelo
espaço, nos
transformando
constantemente.
E nós nos
transformamos
também em nossa
evolução
espiritual, que
é uma
constância. Mas
não sofreria o
tempo, pelo
menos em nós,
uma espécie de
ação relativa de
ser movido, não
por ele, mas por
nós que nele nos
movemos? Isso
equivaleria a
dizermos que o
tempo não faz a
ação de passar,
mas sofre a ação
de passar.
Observando-se
essas
elucubrações
sobre o tempo
sob o ponto de
vista
filosófico-teológico
a respeito de
Deus, essa
questão se torna
mais complexa
ainda. Como diz
o dito popular,
toda regra tem
exceção. E aqui
temos um exemplo
da verdade desse
conhecido rifão.
É que Deus, como
vimos, é
imutável, como o
afirmam com mais frequência os
orientais. E
essa
imutabilidade de
Deus não permite
que Ele passe
pelo tempo e nem
pelo espaço, mas
o tempo, o
espaço, nós e
tudo o mais que
existe é que
passamos por
Deus. E pela
própria Teoria
da Relatividade,
sabemos que tudo
no Universo é
relativo, e nada
é absoluto,
exceto Deus, ou
seja, a Causa
Primeira de
todas as coisas
e o único Ser incontingente.
Dessas
conjeturas
todas, podemos
inferir que o
tempo é móvel,
pelo menos para
Deus,
confirmando
aquela máxima de
que toda regra
tem exceção.
Aliás, Deus
transcende toda
regra e toda
exceção!