MARCELO
DAMASCENO DO
VALE
marcellus.vale@gmail.com
São Bento do
Sul, SC
(Brasil)
Deus,
uma decepção?
– Embora não
possamos
compreender a
natureza íntima
de Deus, podemos
formar ideia de
algumas de Suas
perfeições?
“De
algumas, sim. O
homem as
compreende
melhor à
proporção que se
eleva acima da
matéria.
Entrevê-as pelo
pensamento.”
(Questão 12 de
O Livro dos
Espíritos.)
O escritor
norte-americano Phillip Yancey
narra em seu
livro
Decepcionado com
Deus a
história de seu
amigo Richard, o
qual, em uma
noite de crise,
desafia Deus a
se manifestar
fisicamente em
seu quarto. De
tradição
evangélica,
Richard esperava
que Ele
aparecesse da
mesma forma que
se apresentou
para Moisés numa
planta pegando
fogo, ou ainda
no meio de um
redemoinho como
para Jó.
Como Deus não se
materializou
para responder
às questões de
Richard, ele se
decepciona com o
Deus no qual
tinha fé e,
depois, nele
deixou de crer.
A compreensão
incorreta sobre
Deus, baseada em
uma
interpretação
literal da
Bíblia, leva
muitos crentes
para a decepção.
Preso às
questões mais
materiais da
existência,
aguardam que
Deus,
magicamente,
resolva seus
problemas ou
solucione suas
dúvidas.
O crente sincero
da Doutrina
Espírita aprende
que:
Precisamente
porque a ideia
de Deus está
falseada,
desnaturada por
uns,
desconhecida por
muitos outros, é
que a Humanidade
atual erra no
meio das
tempestades, sem
piloto, sem
bússola, sem
guia, presa da
desordem,
entregue a todas
as aflições.
(1)
E também é
esclarecido que:
A parte mais
importante da
revelação do
Cristo, no
sentido de fonte
primária, de
pedra angular de
toda a sua
doutrina, é o
ponto de vista
inteiramente
novo sob o que
considera ele a
Divindade. Esta
já não é o Deus
terrível,
ciumento,
vingativo, de
Moisés; (...)
mas o Pai comum
do gênero
humano, que
estende a sua
proteção por
sobre todos os
seus filhos e os
chama todos a
si; (...) Já não
é o Deus que faz
da vingança uma
virtude e ordena
se retribua olho
por olho, dente
por dente; mas o
Deus de
misericórdia,
que diz:
"Perdoai as
ofensas, se
quereis ser
perdoados; fazei
o bem em troca
do mal; não
façais o que não
quereis que vos
façam". Já não é
o Deus mesquinho
e meticuloso,
que impõe, sob
as mais
rigorosas penas,
o modo como quer
ser adorado; que
se ofende pela
inobservância de
uma fórmula; mas
o Deus grande,
que vê o
pensamento e que
se não honra com
a forma. Enfim,
já não é o Deus
que quer ser
temido, mas o
Deus que quer
ser amado.
(2)
Elevando o
pensamento acima
das ideias
materiais,
formamos uma
compreensão
realista de
Deus, sabendo
exatamente o que
esperar desse
ser superior -
para não
encontrarmos a
decepção, filha
das esperanças
vazias e,
principalmente,
aprendermos o
que Ele espera
de nós – para
não nos
decepcionarmos
com nós mesmos.
Referências:
(1)
O Grande Enigma,
p. 76 – Léon
Denis.
(2)
A Gênese, cap.
I, item 25 –
Allan Kardec.