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Há no meio espírita um
número crescente de
técnicas de cirurgias
espirituais que deixam
nas entrelinhas, ou
mesmo explicitamente, a
promessa de cura. Tendo
em vista a lei de causa
e efeito e a proposta de
evolução espiritual do
Espiritismo, como
conciliar tais práticas?
Raul Teixeira:
Jamais ousaríamos
desacreditar a
existência da nobre
faculdade mediúnica de
curas, bem como do seu
afluente cirúrgico.
Entretanto, o bom-senso
recomendado por Jesus e
pelo Espiritismo – ao se
referirem aos falsos
profetas – nos devem
levar a ter todas as
cautelas diante do
incremento das cirurgias
espirituais.
Gradualmente, o Mundo
dos Espíritos vem
aprofundando o seu
convite, às vezes apelo,
à vivência do
Espiritismo – no seio de
sua fase de aplicação,
como ensinou Allan
Kardec – diante das
carências múltiplas de
que se reveste a
humanidade.
Aí
estão no mundo o
progresso da medicina,
os avanços tecnológicos
do seu maquinário, os
progressos da bioquímica
e da farmacologia, a fim
de facilitarem a nossa
passagem pelo planeta,
atendidos em nossas
necessidades da saúde,
de conformidade com a
posição que ocupemos no
campo das causas e dos
efeitos, ou da lei do
mérito.
O
Espiritismo, e
consequentemente os
espíritas, não tem como
oferecer ou garantir
curas a quem quer que
seja, visto que o
Nazareno já afirmou que
a cada um é concedido
conforme suas obras.
Logo, que as
instituições sérias do
Movimento Espírita se
abstenham de expor o
Espiritismo ao ridículo
de, por meio de seus
médiuns e dirigentes, de
modo tácito ou nas
entrelinhas, prometer
curas que não se pode
garantir.
O
respeito devido à humana
medicina, com todo o
conjunto de suas
possibilidades
contemporâneas, ao lado
da fluidoterapia e da
oração, formará o kit
bom-senso que jamais
comprometerá a Doutrina
Espírita nem os seus
responsáveis lidadores.
Extraído de entrevista
concedida especialmente
a esta revista em 30 de
abril de 2011.
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