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O Espiritismo responde
Ano 5 - N° 215 - 26 de Junho de 2011
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)




O leitor Isaias Fernandes escreveu-nos a propósito da divergência de informação que existe entre textos produzidos por Erasto, André Luiz e Ernesto Bozzano, com relação aos fenômenos de transporte.

Segundo Erasto, conforme está dito em O Livro dos Médiuns, no tocante aos objetos transportados de um recinto a outro, o Espírito pode torná-los invisíveis, mas não penetráveis, porque ele não poderia romper a agregação da matéria, o que seria a destruição do objeto. André Luiz diz-nos coisa bem diferente no livro Nos Domínios da Mediunidade e Bozzano, tratando do assunto, o confirma.

De fato, o leitor tem razão. A divergência é evidente, o que leva a crer que Erasto se equivocou ou evitou, propositadamente, dar uma informação que a ciência de sua época não admitia e, por esse motivo, não seria também acolhida por Kardec.

Quem já leu a respeito do método kardequiano, compreenderá perfeitamente que é preciso cautela diante de uma informação que contrarie o conhecimento científico firmado no momento, sinalizando ao receptor da informação que aguarde o decurso do tempo.

Não foi por outro motivo que, aludindo à progressividade da ciência espírita, Kardec consignou em seu livro A Gênese: “Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará”. (A Gênese, cap. I, item 55.)

O caso do fenômeno de transporte parece-nos semelhante ao caso do tema possessão, que Kardec também rejeitou até determinada época, inclusive em O Livro dos Médiuns, para depois admiti-la de forma clara, como podemos ver no livro A Gênese.

A diferença entre um caso e outro é que, no tocante ao fenômeno de transporte, seria necessário que os fatos comprovassem o equívoco de Erasto, conquista essa que devemos a Ernesto Bozzano e ao seu extraordinário Fenômenos de Transporte, obra traduzida por Francisco Klörs Werneck e publicada pelas  Edições FEESP, cujo estudo sequencial e metódico foi publicado em nossa revista nas edições 175 a 183. Para ver a primeira parte desse estudo, publicada na edição 175, basta clicar em http://www.oconsolador.com.br/ano4/175/classicosdoespiritismo.html

De forma resumida, podemos afirmar que Bozzano reuniu provas mais do que suficientes de que os “transportes” se produzem por força do processo, quase instantâneo, de desintegração e reintegração, processo que algumas vezes assume forma inversa com desintegração e reintegração de um furo nas portas e nas paredes, o que não muda a essência do fenômeno. 

Anos depois, André Luiz examinou a questão em seu livro Nos Domínios da Mediunidade, cap. 28, pp. 268 a 271, em que relata o fato a seguir sintetizado.  Findo o trabalho medicamentoso, um Espírito tomou pequena porção das forças materializantes do médium sobre as mãos e afastou-se, para trazer, daí a instantes, algu­mas flores que foram distribuídas com os irmãos encarnados, no intuito de sossegar-lhes a mente excitadiça. O Assistente Aulus explicou: “É o transporte comum, realizado com reduzida cooperação das energias me­dianímicas. Nosso amigo apenas tomou diminuta quantidade de força ec­toplásmica, formando somente pequeninas cristalizações superficiais do polegar e do indicador, em ambas as mãos, a fim de colher as flores e trazê-las até nós”.

Hilário observou a facilidade com que a energia ectoplásmica atravessou a matéria densa, porque o Espírito, usando-a nos dedos, não encontrou qualquer obstáculo na transposição da parede. Aulus lembrou-lhe que também as flores transpuseram o tapume de alve­naria, penetrando o recinto graças ao concurso de técnicos bastante competentes para desmaterializar os elementos físicos e reconstituí-los de imediato. O Assistente informou que, caso hou­vesse utilidade, um objeto poderia ser removido da sala de sessões para o exterior, com a mesma facilidade. “As cidadelas atômicas, em qualquer construção da forma física, não são fortalezas maciças, qual acontece em nossa própria esfera de ação. O espaço persiste em todas as formações e, através dele, os elementos se interpenetram”, explicou Aulus.

 


 
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