Ante paixões
Joanna de
Ângelis
A
paixão é
reminiscência da
natureza animal
predominante no
homem.
Leva-o a
tormentos
inimagináveis,
escravizando-o e
dilacerando-lhe
os sentimentos
mais nobres.
Irrompe,
violenta, qual
temporal
imprevisto,
devastando e
consumindo tudo
quanto se lhe
antepõe ao
avanço.
Desafiadora,
ensandece e
fulmina quem lhe
padece a
injunção,
deixando sempre
destroços, quer
chegue ao ponto
de destino ou
seja
interrompida a
golpe de
violência
equivalente.
Ela é a alma dos
desejos
incontrolados,
vestígio do
instinto que a
razão deve
conduzir.
Nesse estágio de
primarismo é o
maior inimigo do
homem, porque o
asselvaja e
domina.
Canalizada pela
vontade
disciplinada
para objetivos
elevados,
transforma-se em
força motriz que
dá vida ao
herói,
resistência ao
mártir, asas ao
anjo, beleza ao
artista e glória
ao lutador.
*
Domina os teus
sentidos mais
grosseiros,
corrigindo as
más inclinações
sob o comando da
razão fixada em
metas elevadas.
Transforma o
fogo devorador
que te consome
em força que
produza para o
benefício geral.
Uma chispa
descuidada ateia
incêndio voraz,
destruidor,
enquanto as
labaredas
voluptuosas, sob
controle, fundem
e purificam os
metais para fins
úteis.
*
Considera a
paixão de
Alarico, o
conquistador
impiedoso, e a
de Agostinho, o
libertador, seu
contemporâneo...
Recorda a paixão
de Nero, o
dominador
arbitrário e a
de Sêneca, seu
mestre-escravo,
a quem ele
mandou matar.
A
paixão de
Herodes pelo
trono e a de
Jesus pela
Verdade possuíam
a mesma
intensidade,
somente que a
canalização das
suas forças era
dirigida em
sentidos
opostos.
Do cap. 19 do
livro
Momentos de
Meditação,
de Joanna de
Ângelis, obra
psicografada
pelo médium
Divaldo P.
Franco.