MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Ação e Reação
André Luiz
(Parte
17)
Damos continuidade nesta edição
ao
estudo da obra
Ação e Reação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1957 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Onde se situavam as
causas das aflições que
acometiam Laudemira, a
gestante posta em
situação de risco?
Suas penas resultavam de
pesados débitos
contraídos cinco séculos
atrás. Dama de elevada
situação na Corte de
Joana II, rainha de
Nápoles, de 1414 a 1435,
possuía então dois
irmãos consanguíneos que
lhe apoiavam todos os
planos de vaidade e
domínio. Vendo no seu
marido um entrave às
suas leviandades,
arrastou-o para a
morte. Viúva e dona de
bens consideráveis,
cresceu em prestígio e
fez-se confidente da
rainha, confiando-se a
prazeres e dissipações
em que perturbou a
conduta de muitos homens
de bem e arruinou muitos
lares. Foi assim que, ao
desencarnar, nos meados
do século XV, desceu a
medonhas profundezas
infernais, onde padeceu
o assédio de seus
ferozes inimigos que não
lhe perdoaram os
delitos. Sofreu por
mais de cem anos
consecutivos nas trevas
densas, voltando à carne
por quatro vezes
sucessivas, por
intercessão de amigos do
Plano Superior, em
cruciantes problemas
expiatórios, no decurso
dos quais, na condição
de mulher, embora
abraçando novos
compromissos,
experimentou pavorosos
vexames e humilhações da
parte de homens sem
escrúpulos que lhe
asfixiavam todos os
sonhos.
(Ação e Reação, cap. 10,
pp. 135 e 136.)
B. Como Deus atende às
criaturas que a Ele
recorrem?
Como sabemos, ninguém
está condenado ao
abandono. Segundo
palavras ditas por Silas
a André Luiz e seus
amigos, o Criador atende
à criatura por
intermédio das próprias
criaturas. Tudo pertence
a Deus, até mesmo o
inferno, visto que o
inferno, embora seja
obra dos homens,
situa-se, como uma
construção indigna e
calamitosa, no terreno
da vida, que é Criação
de Deus. "Tendo abusado
de nossa razão e
conhecimento para gerar
semelhante monstro, no
Espaço Divino,
compete-nos a obrigação
de destruí-lo para
edificar o Paraíso no
lugar que ele ocupa
indebitamente”,
acrescentou Silas.
(Obra citada, cap. 10,
pp. 137 e 138.)
C. Laudemira teria
recordado, antes de
reencarnar, as
peripécias que enfrentou
no passado?
Até certo ponto, sim.
Ela se internara na
Mansão trinta anos
atrás, após padecer
longos anos nas esferas
inferiores. Acusava
então terrível demência
e foi graças à hipnose
que pôde revelar os
fatos que Silas
reportara aos amigos. Os
instrutores não acharam
necessário mais amplo
recuo mnemônico, e
Laudemira, conturbada
como estava, não
dispunha de forças para
articular qualquer
reminiscência.
(Obra citada, cap. 10,
pp. 138 e 139.)
Texto para leitura
62. O socorro à
gestante - Silas
informou que aquela irmã
seria novamente mãe, em
minutos breves, mas se
encontrava algemada a
provas difíceis,
porquanto no passado
valera-se da beleza
física para
acumpliciar-se com o
crime: "Bela mulher,
atuou em decisões
políticas que arruinaram
a estrada de muita
gente. Padeceu muitos
anos nas trevas
infernais, entre a carne
e a sombra, até que
mereceu agora a
felicidade de renascer
com a tarefa de
restaurar-se,
restaurando alguns dos
companheiros de
crueldade que, na feição
de filhos, com ela se
levantarão para mais
amplos serviços
regeneradores..." Sob o
olhar de Clarindo e
Leonel, o Assistente
convocou, então, os dois
pupilos para o socorro
imediato. Determinando
permanecessem ambos em
oração, com a destra
colada ao cérebro da
doente, começou a fazer
operações magnéticas
excitantes sobre o colo
uterino. Substância
leitosa, qual neblina
leve, irradiava-se-lhe
das mãos, espalhando-se
sobre todos os
escaninhos do aparelho
genital. Passados alguns
minutos de pesada
expectativa, surgiram
contrações que, pouco a
pouco, se acentuaram
intensamente. Silas
controlou a evolução do
parto, até que o médico
ingressou no recinto,
sorrindo satisfeito, a
solicitar o concurso da
enfermeira. A cesariana
foi esquecida. Laudemira
poderia, assim, dar
prosseguimento à tarefa
que lhe competia, com o
êxito necessário.
Leonel, que a tudo
percebia, perguntou a
Silas se os trabalhos a
que se dedicava
constituiriam alguma
preparação diante do
porvir, e o Assistente
respondeu: "Sem dúvida.
Ainda ontem lhes falei
dos meus erros de
médico, que praticamente
jamais o fui, e comentei
o plano de abraçar a
Medicina no futuro,
entre os encarnados,
nossos irmãos. Todavia,
para que eu mereça a
ventura de tal
reconquista,
consagro-me, nas regiões
inferiores que me
servem de domicílio, ao
ministério do alívio,
criando causas benéficas
para os serviços que
virão..." (Capítulo 10,
pp. 133 e 134)
63. O passado de
Laudemira - O
Assistente aclarou
melhor a questão: "Um
dia, consoante as
dívidas que me pedem
resgate, estarei
novamente entre as
criaturas encarnadas e,
para solver minhas
culpas, também sofrerei
obstáculos e dúvida,
enfermidade e aflição...
Que mãos caridosas e
amigas me amparem daqui,
em nome de Deus, porque
isoladamente ninguém
consegue vencer... E
para que braços amorosos
se me estendam, mais
tarde, é imperioso
movimente agora os meus
no voluntário exercício
da solidariedade". De
retorno à fazenda,
Hilário perguntou se
Laudemira era conhecida
de Silas e que papel
representavam os filhos
junto dela. Tendo o
cuidado de evitar
qualquer indiscrição, em
face da confiança que a
Mansão lhe outorgava,
Silas relatou em linhas
gerais o caso da
gestante, cujas penas
resultavam de pesados
débitos por ela
contraídos cinco séculos
atrás. Dama de elevada
situação na Corte de
Joana II, rainha de
Nápoles, de 1414 a 1435,
possuía então dois
irmãos consanguíneos que
lhe apoiavam todos os
planos de vaidade e
domínio. Vendo no seu
marido um entrave às
suas leviandades,
arrastou-o para a
morte. Viúva e dona de
bens consideráveis,
cresceu em prestígio e
fez-se confidente da
rainha, confiando-se a
prazeres e dissipações
em que perturbou a
conduta de muitos homens
de bem e arruinou muitos
lares. Foi assim que, ao
desencarnar, nos meados
do século XV, desceu a
medonhas profundezas
infernais, onde padeceu
o assédio de seus
ferozes inimigos que não
lhe perdoaram os
delitos. Sofreu por
mais de cem anos
consecutivos nas trevas
densas, voltando à carne
por quatro vezes
sucessivas, por
intercessão de amigos do
Plano Superior, em
cruciantes problemas
expiatórios, no decurso
dos quais, na condição
de mulher, embora
abraçando novos
compromissos,
experimentou pavorosos
vexames e humilhações da
parte de homens sem
escrúpulos que lhe
asfixiavam todos os
sonhos... (Capítulo 10,
pp. 135 e 136)
64. O inferno é
obra humana - Em
todas as vezes que se
retirou nas quatro
existências mencionadas,
a antiga dama de Nápoles
permaneceu jungida às
sombras, visto que,
quando a queda no abismo
é de longo curso,
ninguém pode emergir de
um salto. "Ela
naturalmente -- informou
Silas -- entrava pela
porta do túmulo e saía
pela porta do berço,
transportando consigo
desajustes interiores
que não podia sanar de
momento para outro."
Hilário indagou então:
"Se a situação era assim
inalterável, para que
retomar o corpo físico?
não lhe bastaria sofrer
na dolorosa purgação
daqui deste lado, sem
renascer na esfera
carnal?" "A observação é
compreensível --
esclareceu Silas --,
entretanto, nossa irmã,
com o amparo de
abnegados companheiros,
voltou ao pagamento
parcelado das suas
dívidas,
reaproximando-se de
credores reencarnados,
não obstante mentalmente
jungida aos planos
inferiores, desfrutando
a bênção do olvido
temporário, com o que
lhe foi possível
angariar preciosa
renovação de forças."
Silas acrescentou então
que, embora ressarcisse
parte de seus débitos,
visto que padecera
tremendos golpes no
orgulho que trazia
cristalizado no coração,
Laudemira acabou
contraindo novas
dívidas, porquanto em
certas ocasiões não
conseguiu superar a
aversão instintiva,
diante dos seus
adversários, chegando ao
infortúnio de afogar uma
criancinha que mal
ensaiava os primeiros
passos, para ferir a
senhora da casa em que
servia de ama, como
vingança por crueldades
recebidas. De retorno à
pátria espiritual, ela
contava, evidentemente,
com o auxílio dos
benfeitores espirituais,
porque ninguém está
condenado ao abandono.
"Vocês não ignoram --
disse Silas -- que o
Criador atende à
criatura por intermédio
das próprias criaturas.
Tudo pertence a Deus."
Até o inferno, visto que
o inferno, embora seja
obra dos homens,
situa-se, como uma
construção indigna e
calamitosa, no terreno
da vida, que é Criação
de Deus. "Tendo abusado
de nossa razão e
conhecimento para gerar
semelhante monstro, no
Espaço Divino,
compete-nos a obrigação
de destruí-lo para
edificar o Paraíso no
lugar que ele ocupa
indebitamente. Para
isso, o Infinito Amor do
Pai Celeste nos auxilia
de múltiplos modos, a
fim de que possamos
atender à Perfeita
Justiça", concluiu
Silas. (Capítulo 10, pp.
137 e 138)
65. Maternidade
une Laudemira a cinco
ex-cúmplices -
Seria possível saber as
existências de Laudemira,
antes de haver
ingressado na Corte de
Joana II, Rainha de
Nápoles, no século XV?
"Sim -- respondeu Silas
--, será fácil
conhecê-las, mas não nos
convém num simples
estudo efetuar o
tentame, porque o
assunto em si reclamaria
largas quotas de
atenção e de tempo.
Basta lhe pesquisemos a
condição referida para
definir-lhe as lutas
redentoras de agora,
porquanto nossos
estágios em qualquer
eminência social no
mundo, seja no campo da
influência ou das
finanças, da cultura ou
da ideia, servem como
pontos vivos de
referência da nossa
conduta diga ou indigna,
no usufruto das
possibilidades que o
Senhor nos empresta,
designando com clareza
nosso avanço na direção
da luz ou nosso
aprisionamento maior ou
menor nos círculos da
treva, pelas virtudes
conquistadas ou pelos
débitos assumidos."
Laudemira teria
recordado, antes da
atual encarnação, os
estágios por que passou
nas difíceis provações
do pretérito? O
Assistente informou que
a citada mulher se
internara na Mansão
trinta anos atrás, após
padecer longos anos nas
esferas inferiores.
Acusava então terrível
demência e foi graças à
hipnose que pôde revelar
os fatos que Silas já
reportara. Os
instrutores não acharam
necessário mais amplo
recuo mnemônico, e
Laudemira, conturbada
como estava, não
dispunha de forças para
articular qualquer
reminiscência. Conduzida
à reencarnação sob os
auspícios da Mansão, ela
deveria receber, em seu
lar, cinco de seus
antigos cúmplices, para
reerguer-lhes os
sentimentos, na condição
de mãe, o que, em caso
de êxito, lhe propiciará
enorme prêmio, diante da
Lei amorosa e justa.
(Capítulo 10, pp. 138 e
139)
(Continua no próximo
número.)