MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Ação e Reação
André Luiz
(Parte
18)
Damos continuidade nesta edição
ao
estudo da obra
Ação e Reação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1957 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Quanto tempo seria
necessário à preparação
de Clarindo e Leonel
para seu retorno à vida
corpórea?
Segundo Silas, essa
preparação duraria cerca
de vinte e cinco anos,
pois eles precisariam
reconstituir as ideias
no campo do bem,
plasmando-as de modo
indelével na mente, a
fim de se consagrarem à
efetivação dos novos
planos. No decurso desse
prazo, se engajariam no
serviço ativo, ajudando
aos outros e criando,
assim, preciosas
sementeiras de
simpatia, que lhes
facilitariam as lutas na
Terra.
(Ação e Reação, cap. 10,
pp. 142 e 143.)
B. Como, nesse retorno à
vida corpórea, seria a
situação de Antônio
Olímpio?
Sendo ele o autor da
criminosa trama que
vitimou os dois irmãos,
do grupo de
reencarnantes seria o
companheiro menos
favorecido na Lei, pelas
agravantes que lhe
marcavam o problema
individual. Com o
Espírito ainda sombreado
de angústia e
arrependimento,
ressurgirá no berço da
família que ele
prejudicou,
movimentando-se num
horizonte mental muito
restrito, uma vez que,
instintivamente, a sua
maior preocupação será
devolver aos irmãos
espoliados a existência
física, o dinheiro e as
terras que deles furtou.
(Obra citada, cap. 10,
pp. 142 e 143.)
C. A música erudita faz
bem aos desencarnados?
Sim. A Pastoral de
Beethoven, que Silas e
seus amigos ouviram na
casa do filho do irmão
Paulino, valeu para eles
como abençoada oração,
visto que os lances da
magnífica sinfonia como
que os elevaram a
círculos harmoniosos de
ignota beleza e possuíam
a faculdade de
lavar-lhes,
miraculosamente, os
refolhos do ser. Seus
pensamentos vibravam em
sintonia mais pura e
seus corações pareciam
mais fraternos.
Dirigiram-se então, a
pedido de Leonel, até o
lago. A noite ia alta e
o luar coroava o campo
de prateadas
fulgurações. Leonel
passou, então, a
relatar o que André e
seus amigos já sabiam,
detendo-se em copioso
pranto, ao referir-se à
morte da cunhada, sobre
quem atirara as farpas
da sua ira.
(Obra citada, cap. 10,
pp. 144 a 147.)
Texto para leitura
66. O tempo é a
nossa bênção -
Reparando que Clarindo e
Leonel haviam sido
tocados por suas
revelações, Silas passou
a dar-lhes mais atenção,
o que suscitou em ambos
o desejo de abrir-se aos
novos amigos. Clarindo
falou então de seus
sonhos na existência
bruscamente
interrompida pelo crime
do irmão Antônio
Olímpio, quando anelava
organizar um reduto
agrícola em que lhe
fosse possível
consagrar-se a
nobilitantes
experiências. Leonel
referiu-se à sua
inclinação para a
música e aos seus
planos com relação à
carreira de pianista. A
amargura de suas
palavras não
apresentava, porém, o
rancor de antes. Leonel
disse mesmo compreender
que, se suas existências
foram ceifadas em plena
juventude, é que
deveriam possuir débitos
que justificassem tal
provação, embora o fato
não eximisse Olímpio da
culpa que carregava pelo
crime cometido. Silas o
apoiou, dizendo que tal
pensamento da parte
deles denunciava grande
renovação, mas não pôde
continuar, porque
Leonel, mergulhando a
cabeça nas mãos, clamou
em lágrimas: "... ó
Deus, por que só
conhecemos a alta
virtude do perdão,
quando já nos enodoamos
no crime? por que só tão
tarde o desejo de
restaurar o campo de
nossas aspirações,
quando a vingança já nos
crestou a vida no
incêndio do mal?!..."
Clarindo acompanhou a
explosão de dor e
remorso do irmão, com
sinais de aprovação, e
Silas, generoso, o
acolheu de encontro ao
peito, porque era
evidente que Leonel se
reportava, com aquele
desabafo, à morte de
Alzira. "Chora, meu
amigo! Chora, que as
lágrimas purificam o
coração!...", disse-lhe
Silas, aduzindo: "Ainda
assim, não permitas que
o pranto te esmague a
lavoura de esperança...
Quem de nós, aqui, jaz
sem culpa? Todos temos
compromissos a resgatar
e o Tesouro do Senhor
jamais se empobrece de
compaixão. O tempo é a
nossa bênção..." André
percebeu que Leonel
propunha-se a falar,
desabafar, confessar-se,
mas Silas,
restituindo-os à
meditação, convidou os
amigos ao regresso,
prometendo voltar na
noite seguinte.
(Capítulo 10, pp.
140 a 142)
67. O trabalho no
bem facilita a nossa
marcha - Leonel
e Clarindo,
completamente
modificados,
reinstalaram-se no lar
de Luís. O processo
Antônio Olímpio atingia
bom termo, pois a
renovação dos obsessores
coroara-se de êxito.
Alzira os veria na noite
imediata, dando início
ao entendimento para a
reencarnação de ambos
como filhos dela, após a
necessária preparação,
que Silas estimou durar
cerca de vinte e cinco
anos. Por que tanto
tempo? Silas explicou:
"Precisarão reconstituir
as ideias, no campo do
bem, plasmando-as de
modo indelével na mente,
a fim de que se
consagrem à efetivação
dos novos planos.
Refugiar-se-ão no
serviço ativo, ajudando
aos outros e criando,
assim, preciosas
sementeiras de
simpatia, que lhes
facilitarão as lutas na
Terra, amanhã... No
trabalho e no estudo,
tanto quanto nos
empreendimentos da pura
fraternidade, amealharão
incorruptíveis valores
morais, e a reeducação,
dessa forma,
aperfeiçoar-lhes-á as
tendências,
predispondo-os à vitória
de que necessitam nas
provações remissoras".
Já Antônio Olímpio
voltaria mais cedo,
cerca de dois a três
anos após a
reconciliação com os
manos. A enorme
diferença entre um caso
e o outro foi elucidada
por Silas: "Não podemos
esquecer que foi ele
quem cometeu a criminosa
trama sob nosso estudo.
Por isso, do grupo de
reencarnantes, será o
companheiro menos
favorecido na Lei,
durante a viagem
prevista à esfera
humana, pelas agravantes
que lhe marcam o
problema individual.
Com o espírito ainda
sombreado de angústia e
arrependimento,
ressurgirá no berço da
família que ele
prejudicou, pela prática
da usura,
movimentando-se num
horizonte mental muito
restrito, uma vez que,
instintivamente, a sua
maior preocupação será
devolver aos irmãos
espoliados a existência
física, o dinheiro e as
terras que deles furtou...
Em razão disso, apenas
disporá de facilidades
íntimas para a cultura e
o aprimoramento de si
mesmo, na idade madura
do corpo, quando houver
encaminhado os filhos
para o triunfo que a
eles compete alcançar".
Se Clarindo e Leonel
haviam matado Alzira,
não se podia negar-lhes
atenuante no lamentável
delito... (Capítulo 10,
pp. 142 e 143)
68. Aquele que ama
governa a vida -
Silas lembrou então que
Antônio Olímpio
planejou o crime,
friamente, para tirar
vantagens materiais de
seu ato, enquanto
Clarindo e Leonel agiram
sob o pesadelo do ódio e
traumatizados pela dor.
Evidentemente, os dois
irmãos deveriam sofrer
doloroso resgate, em
ocasião oportuna, mas
naquele momento eram
credores daquele que
lhes retardou os passos.
O caso de Alzira era bem
diferente. Tendo
conseguido entesourar
bastante amor para
entender, perdoar e
auxiliar, dispunha do
poder de ajudar, não só
ao ex-esposo, como aos
cunhados e ao filho
Luís, visto que quanto
mais amor puro exista no
Espírito, mais amplos
recursos possui a alma
perante Deus. "Aqueles
que amam realmente --
acentuou Silas --
governam a vida." No dia
seguinte, Silas, após
entender-se com Alzira,
pediu-lhe que se
encontrasse com o
grupo, a determinada
hora, no mesmo lago em
que ocorrera a sua
desencarnação. Depois,
junto com André e
Hilário, o Assistente
se reuniu com os dois
irmãos em casa de Luís,
de onde foram até o
hospital visitado na
véspera, onde Silas
administrou novamente
passes magnéticos em
Laudemira e no filhinho
recém-nascido. Findo o
atendimento, o
Assistente transportou
os amigos para vasto
domicílio, em cujo
umbral um velhinho
desencarnado, de
fisionomia simpática, os
recebeu amavelmente.
Era o irmão Paulino, que
vinha amparando as obras
do filho, dedicado à
engenharia na Crosta. No
interior da casa, um
homem maduro jazia
debruçado sobre um
livro. Paulino o
apresentou como sendo o
filho encarnado. Silas
rogou-lhe então os bons
ofícios, junto ao filho,
para que lhes fosse
propiciado, ali, o
prazer de alguns
momentos de música,
solicitando-lhe, se
possível, alguma página
especial de Beethoven.
(Capítulo 10, pp. 144 e
145)
69. O efeito
notável da música
- Com surpresa, André
viu o ancião abeirar-se
do filho, segredando-lhe
algo aos ouvidos. O
cavalheiro interrompeu
então a leitura,
dirigiu-se à eletrola e
consultou pequena
discoteca, de onde
retirou a Pastoral do
referido compositor. Em
breves momentos, o
recinto povoou-se de
encantamento e alegria,
sonoridade e beleza.
Aqueles minutos valeram
para todos eles como
abençoada oração, visto
que os lances da
magnífica sinfonia como
que os elevavam a
círculos harmoniosos de
ignota beleza e possuíam
a faculdade de
lavar-lhes,
miraculosamente, os
refolhos do ser. Findas
as notas derradeiras,
Silas e seus amigos
despediram-se,
maravilhados. Seus
pensamentos vibravam em
sintonia mais pura e
seus corações pareciam
mais fraternos.
Dirigiram-se então, a
pedido de Leonel, até o
lago. A noite ia alta e
o luar coroava o campo
de prateadas
fulgurações. Leonel
passou, então, a
relatar o que André e
seus amigos já sabiam,
detendo-se em copioso
pranto, ao referir-se à
morte da cunhada, sobre
quem atirara as farpas
da sua ira... Silas a
tudo ouvia,
pacientemente. Mais
tarde, a sós com André e
Hilário, explicou que
não interrompeu a
narrativa de Leonel,
porque este tinha
necessidade de expungir
do coração ferido as
suas dores e não seria
conveniente cercear-lhe
a confissão, mas
recolhê-la
fraternalmente,
partilhando-lhe a carga
de aflição, para que se
lhe aliviassem as chagas
do pensamento. Após o
desabafo de Leonel,
Silas envolveu a ambos
os irmãos numa
interessante palestra,
propondo-lhes o
reajustamento por meio
de luta reparadora. Por
que não abraçarem
trabalho novo, buscando
o renascimento na mesma
família de que
provinham? Não seria
mais agradável e mais
fácil conquistar a
reconciliação e, assim,
reentrar na posse das
antigas aspirações,
marchando com elas, no
plano físico, para a
Vida Superior? Os irmãos
de Olímpio diziam-se, no
entanto, amargurados por
haverem cedido às
sugestões do ódio e da
loucura e nada lhes doía
tanto como a violência
praticada contra Alzira
que, horrorizada ante a
perseguição deles, se
havia arrojado naquelas
águas de terríveis
recordações... (Capítulo
10, pp. 146 e 147)
(Continua no próximo
número.)