Janet Duncan, 83 anos de
uma existência profícua
Os
espíritas da Inglaterra
festejam o 83º
aniversário da pioneira
do moderno movimento
espírita inglês
Neste mês em que
celebramos seu 83º
aniversário, gostaríamos
de homenagear Janet
Duncan (fotos), pioneira na
divulgação do
Espiritismo no Reino
Unido, relembrando fatos
importantes e curiosos
de sua vida.
“A coisa mais
importante, a razão de
tudo. Eu vivo, eu penso
Espiritismo... O único
motivo para eu continuar
a minha encarnação com
alegria, com força, com
ânimo são estes
abençoados
ensinamentos.”
É assim que Janet
Duncan, inglesa por
nascimento, mas
brasileira de coração,
como ela mesma se
define, fala emocionada
sobre a importância do
Espiritismo na sua vida.
Janet nasceu em um
bairro próximo do Jardim
Botânico Kew Gardens,
em Londres, mas durante
30 anos viveu no Brasil.
“É uma longa
história...”,
ela diz sorrindo. “No
fim da Segunda Guerra
Mundial”, prossegue,
“eu me casei com um
polonês e o governo
inglês mandou que todos
os poloneses se
retirassem do
país depois da guerra.
Eles não podiam mais
ficar aqui. Meu marido
tinha um amigo, também
polonês, que tinha
parentes em São Paulo.
Ele foi para lá e ficou
insistindo para que nós
fôssemos também. Havia
uma outra possibilidade
de ir para os Estados
Unidos, onde teríamos
garantido um contrato de
trabalho. Mas enquanto
estávamos começando a
arrumar a documentação
para ir para os Estados
Unidos, chegou mais uma
carta do amigo que
estava no Brasil,
insistindo de novo.
Meu marido não sabia o
que fazer. Então ele me
passou a carta e disse:
Olhe, você decide. Eu
segurei a carta nas
minhas mãos, levantei
meus pensamentos para o
alto, fechei os olhos e
esperei a resposta:
Tínhamos que ir para o
Brasil.”
Ela continua a narrativa
que nos embala:
“Chegando a Santos eu me
encontrei envolta por um
comitê de recepção
espiritual, todo mundo
tão feliz, tão alegre.
Eu sentindo tanto amor,
tanta alegria de estar
lá, e eles me dizendo:
Você chegou em casa,
você está em casa de
novo. Então eu entendi
que eu tinha tido várias
encarnações no Brasil,
fato que foi verificado
por mim durante os
anos.”
Vozes altas insistiram
para que ela fosse
visitar
Chico Xavier e
Janet as atendeu
Médium desde os 4 anos e
meio de idade, inúmeras
manifestações mediúnicas
ocorreram em sua vida,
mas a que mais marcou
foi, sem dúvida, seu
encontro com Chico
Xavier.
Nada melhor do que ela
mesma nos contar esse
maravilhoso episódio:
“… Guardo ainda muito
viva a lembrança de como
tudo aconteceu… Mais ou
menos em abril de 1971
eu comecei a escutar
vozes muito altas,
dizendo que eu tinha que
ir falar com Chico
Xavier. Eles ficavam
falando comigo cada
quinze minutos frases
pequenas como: ‘Vai ver
Chico Xavier, tem que ir,
tem que falar com
Chico’, coisas assim...
Durou três dias sem
parar. Aí eu achei que
alguma coisa tinha que
ser feita. Consultei uma
vizinha minha, ela
também achou a mesma
coisa, mas eu estava
passando por um tempo
sem dinheiro, mais uma
das fases muito difíceis
financeiramente, e não
tinha dinheiro para
viajar coisa nenhuma. Não
estava trabalhando, não
estava ganhando. Então eu
me sentei, fiz uma boa
prece e disse que iria
visitar Chico Xavier tão
logo eu tivesse condição
financeira. Eles
aceitaram e eu parei de
ouvir as vozes. Logo em
seguida minha vida
começou a se modificar
completamente, comecei a
trabalhar, comecei a
ganhar de novo e, na
correria do dia-a-dia,
eu preciso dizer que
esqueci o incidente. Mas,
três meses depois,
lá estão eles de novo
falando sem parar.
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Claramente
eu disse: ‘Tudo
bem, eu agora
posso ir’.” |
“Então – Janet prossegue
a narrativa – recebi
deles a orientação de
como proceder: o dia que
eu tinha de ir para
comprar minha passagem
de ônibus, o horário de
ônibus que eu tinha que
pegar etc. Tudo bem, eu
fui à rodoviária,
comprei meu bilhete, mas
fiquei resmungando com
eles lá em cima. Eu
dizia: Olha, eu tenho o
nome da pessoa e o nome
da cidade, mas eu sou
inglesa, eu não posso
viajar sem ter o
endereço da pessoa. Eles
não quiseram nem saber,
não falaram nada. Na
véspera, eu estava
arrumando a minha
malinha e continuava
resmungando com eles
mas, no fim, veio a
resposta: ‘Está bom...
Você vai encontrar
alguém no ônibus que vai
te levar ate lá...’ E eu
falei: Mas por que você
não me falou antes?
(risos). Bom, nem
preciso dizer que
ocorreu exatamente como
eles haviam falado.”
(risos)
Foi no Grupo Espírita
Batuíra que Janet
estudou a
doutrina durante dez
anos
Mantemo-nos atentos às
suas recordações:
“… À noite, a família
que estava me pajeando
levou-me para o Centro.
Fui a 6ª pessoa a falar
com o Chico naquela
noite e, assim como a
espiritualidade me havia
dito que aconteceria, no
fim dos trabalhos, às
seis e meia da manhã do
outro dia, o próprio
Chico me entregou uma
mensagem. Era de Bezerra
de Menezes me dizendo
onde eu tinha que ir
estudar o Espiritismo.
Porque eu já tinha
tentado, mas não tinha
encontrado o lugar
certo. Ele então me
disse que deveria
procurar o Grupo
Espírita Batuíra, no
bairro de Perdizes em
São Paulo. Foi lá que
eu estudei e trabalhei
com o senhor Spartacos Ghilardi
por 10 anos.”
Segundo Janet, naquela
oportunidade ela
aprendeu que havia
necessidade de difundir
o Espiritismo pelo mundo
afora, pois o homem
poderia encontrar maior
felicidade e progresso
em termos espirituais do
que em termos materiais.
Após retornar a Londres
em janeiro de 1981, era
óbvio para ela que
precisaria iniciar, em
pouco tempo, um grupo de
estudos, pois não havia
nenhum Centro Espírita
na Grã-Bretanha.
Entretanto, isso não
ocorreu até 1983, em
razão de uma série de
circunstâncias pessoais.
Ressalte-se que Janet
decidiu retornar a
Londres em virtude da
debilitada saúde de sua
mãe, que era cega e
morava sozinha.
Precursora do moderno
movimento espírita
inglês, ela mesma nos
conta como tudo
aconteceu:
“… Costumo dizer que o
movimento espírita na
Inglaterra começou na
sala da minha casa
(risos), com seis
ingleses, no começo dos
anos 80…”
Prossegue: “… Um dia fui
impulsionada, por um
amigo espiritual, a ir
para uma livraria
próxima, onde encontrei
seis amigos ingleses
procurando por algo que
lhes ensinasse sobre a
natureza espiritual! O
grupo de estudos
iniciou-se imediatamente
em minha residência.
Gradualmente as seis
pessoas tornaram-se
quinze. Mas isso foi
dois anos antes de os
primeiros espíritas
brasileiros chegarem
para me ajudar. O nome
começou a tomar forma
imediatamente, por causa
da força que depositava
no fato de que os
ensinos eram coordenados
por Allan Kardec, e
algumas pessoas passaram
a chamá-lo de Grupo
Allan Kardec.
Gradualmente ele se
tornou conhecido como
AKSG - Allan Kardec
Study Group.”
Janet apoiou com
entusiasmo a fundação do
Conselho Espírita
Internacional
Após a chegada dos
colaboradores
brasileiros o AKSG
iniciou o primeiro grupo
do Centro de Orientação
e Educação Mediúnica
(COEM) com os quinze
participantes ingleses.
Em 1988, o Grupo deu
início aos encontros
públicos às
segundas-feiras em um
salão alugado por hora.
Após uns doze anos de
locação do salão, um
novo e melhor local para
os encontros foi
descoberto com os
Quakers, um grupo
religioso bastante
conhecido na
Grã-Bretanha, que é
muito simpático aos
ensinos espíritas.
Atualmente, o AKSG
realiza três reuniões
por semana: uma de
fluidoterapia (pública),
uma para mediunidade –
desobsessão (privativa)
e uma terceira para
estudos avançados,
realizadas na residência
de Janet, mediante
convite.
O AKSG administrou a
publicação de três
títulos: O Evangelho
segundo O Espiritismo (The
Gospel According to
Spiritism), em duas
edições; Nosso Lar (The
Astral City), Agenda
Cristã (Christian
Agenda), assim como a
revisão da 3ª edição de
O Evangelho segundo O
Espiritismo, a qual foi
cedida ao Conselho
Espírita Internacional
(CEI) para publicação.
Embora Janet tenha
colaborado em muitas
revisões, o único livro
que ela traduziu
inteiramente foi O
Evangelho segundo O
Espiritismo.
Vale ressaltar que o
primeiro contato de
Janet Duncan com o
Conselho Espírita
Internacional ocorreu ao
final do Congresso
Espírita Internacional
realizado pela FEB, em
Brasília, no ano de
1989. Representantes de
diversos países estavam
presentes e ela foi
informada, no decorrer
do Congresso, de que se
pensava em formar uma
organização
internacional, já que
muitos países possuíam
Federações Nacionais.
Ela nos conta:
“…Perguntaram minha
opinião e verificaram
que eu era entusiasta da
ideia. Prontamente me
apresentaram ao então
presidente da FEB,
Francisco Thiesen, e
mantivemos um agradável
diálogo. Tornei-me uma
das apoiadoras do
projeto e participei
ativamente de várias
reuniões anteriores à
fundação do CEI, em
Madrid, no ano de 1992…”
“Reverenciemos as obras
de Kardec”, pede-nos
Janet Duncan
A British Union of
Spiritist Societies (BUSS)
representa o Movimento
Espírita Britânico junto
ao CEI e Janet foi sua
presidente no período de
2000 até 2002.
Atualmente a BUSS é
presidida por Elsa
Rossi.
Neste sábado, dia 6 de
agosto de 2011, foi
realizado em Londres um
importante Seminário
sobre o Passe e, ao
final, alegremente e
extremamente
agradecidos, todos os
presentes cantaram
“Parabéns a Você”,
visando homenagear os 83 anos dessa maravilhosa
mulher que lançou, com
amor e dedicação, as
primeiras sementes da
Doutrina Espírita em
solo inglês.
Para finalizar esta
matéria, gostaríamos de
transcrever estas
importantes palavras de
Janet Duncan:
“…Hoje,
desafortunadamente, há
muitas pessoas, alguns
espíritas militantes,
que pensam que sabem
demais! De acordo com os
seus pontos de vista,
Kardec está envelhecido
e ultrapassado, de
maneira que acham
necessário atualizar e
modernizar os livros de
Kardec! Isto é
inacreditável!
Recordemos o que foi
feito com o Novo
Testamento, que em
idioma inglês se tornou
irreconhecível. É de
fazer o Cristo chorar!
Meus queridos amigos
espíritas, não vamos
negá-Lo outra vez.
Reverenciemos as Obras
de Kardec, recordando
que representam a
promessa feita por
Jesus, que enviaria o
Consolador, para estar
conosco por todo o
tempo!...”
E completa:
“… Para o querido povo
espírita brasileiro
desejo que continue
firme com a disseminação
da bela doutrina
preparada por nosso
amado irmão Allan
Kardec. Porém, para os
irmãos e irmãs que
pensam em levar os
ensinamentos espíritas
para o estrangeiro, peço
que se façam os devidos
preparos, que devem
incluir não só a
aprendizagem da língua
do país onde pensam em
morar, mas, por favor,
procurar saber de algo
da história desse país,
como também a cultura do
povo hoje em dia. Cada
povo é diferente em
atitudes e costumes que
precisam ser levados em
consideração quando
pretenderem disseminar a
doutrina por ali. Senão
será difícil para os
dois lados e até pode
comprometer a aceitação
do povo daquele país em
relação à doutrina.”
Nota:
As fotos que ilustram
esta matéria mostram
Janet Duncan em
diferentes momentos de
sua atual encarnação,
inclusive durante o
almoço no restaurante La
Forchetta, ao lado da
BUSS, onde se festejou
na intimidade seu
aniversário de 83 anos.
Leia ainda sobre Janet
Duncan a entrevista que
ela concedeu a esta
revista, publicada na
edição n. 20. Eis o
link:http://www.oconsolador.com.br/20/entrevista.html
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