MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Ação e Reação
André Luiz
(Parte
21)
Damos continuidade nesta edição
ao
estudo da obra
Ação e Reação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1957 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Entrar no Templo da
Mansão nem todos podiam.
Por quê?
Segundo o Assistente
Silas, apenas ingressam
no recinto mencionado
quantos lhe podem
suportar a claridade com
o respeito devido. Quase
todos os irmãos que se
congregavam na praça ao
lado traziam mutilações
que a perversidade lhes
impôs ou eram portadores
de sentimentos tigrinos
que petições comoventes
mal encobrem. Com
semelhantes disposições,
não resistiam ao impacto
da claridade dominante
no Templo, dosada em
fotônios específicos a
se caracterizarem por
determinado teor
eletromagnético. Eis aí
o motivo por que nem
todos podiam nele
ingressar.
(Ação e Reação, cap. 12,
pp. 164 e 165.)
B. Era bem grande o
número de mulheres em
trabalho de oração e
assistência naquele
recinto. Qual a
explicação desse fato?
O fato, que
impressionara Hilário,
mereceu de Silas o
seguinte comentário:
"Raras esposas e raras
mães demandam às regiões
felizes sem os doces
afetos que acalentam no
seio... O imenso amor
feminino é uma das
forças mais respeitáveis
na Criação divina". É
por isso que grande
número delas ali se
encontrava.
(Obra citada, cap. 12,
pp. 166 e 167.)
C. De que maneira Silas
evitou que Marina se
suicidasse?
Não podendo tomar-lhe o
copo da mão, Silas
disse-lhe, em voz
segura: "Como podes
pensar na sombra da
morte, sem a luz da
oração?" A infeliz não
lhe ouviu a pergunta,
mas a frase invadiu-lhe
a cabeça qual rajada
violenta; seus olhos
ganharam novo brilho e o
copo tremeu-lhe nas
mãos, então indecisas.
Silas estendeu-lhe os
braços, envolvendo-a em
fluidos anestesiantes de
carinho e bondade.
Dominada de novos
pensamentos, Marina
recolocou o recipiente
no lugar de antes e, sob
a vigorosa influência do
Assistente, levantou-se
automaticamente,
estirando-se no leito,
em prece: "Deus meu, Pai
de Infinita Bondade,
compadece-te de mim e
perdoa-me o fracasso!
Não suporto mais... Sem
minha presença, meu
marido viverá mais
tranquilo no leprosário
e minha desventurada
filhinha encontrará
corações caridosos que
lhe dispensem amor...
Não tenho mais
recursos... Estou
doente..." Silas
administrou-lhe passes
magnéticos de prostração
e, induzindo-a a ligeiro
movimento do braço, fez
que ela mesma, num
impulso irrefletido,
batesse com força no
copo, derramando o
líquido letal.
Reconhecendo no próprio
gesto impensado a
manifestação de uma
força estranha a
entravar-lhe a
possibilidade da morte
deliberada, ela passou a
orar em silêncio, com
evidentes sinais de
temor e remorso, atitude
mental essa que lhe
acentuou a passividade e
da qual se valeu Silas
para conduzi-la ao sono
provocado.(Obra
citada, cap. 12, pp. 168
e 169.)
Texto para leitura
77. Nem todos
podiam entrar no Templo
- Silas informou que
muitos companheiros de
serviço valem-se daquele
momento para o culto
espontâneo do amor
fraterno, ouvindo ali os
desesperados e os
tristes e, tanto quanto
possível,
administrando-lhes
medicação e consolo, não
só exortando-os à
compreensão e à
serenidade, mas também
os acompanhando aos
círculos tenebrosos ou à
esfera dos encarnados,
para a obra de
assistência aos
familiares que lhes
perturbam o coração. A
visão de André, já
adaptada à sombra
reinante, podia agora
diferençar as figuras
que os cercavam. Viam-se
ali mulheres de duro
semblante que a miséria
desfigurava e homens de
fisionomia torturada
pelo ódio e pela
angústia. O infortúnio
deles convertera-os em
fantasmas de amargura,
quase a irmaná-los
integralmente no mesmo
tipo de configuração
exterior. Muitos
mostravam mãos
semelhantes a
ressequidas garras, e em
quase todos o olhar
enraivecido ou medroso
revelava a dolorosa
fulguração da mente que
desceu ao poço da
loucura. Preces
comoventes misturavam-se
a clamores sinistros de
revolta. Por que não
acolhê-los ao Templo
hospitaleiro, então
quase deserto? Silas
esclareceu:
"Efetivamente,
reportam-se vocês a
medida desejável.
Entretanto, apenas
ingressam no recinto
sagrado quantos lhe
podem suportar a
claridade com o respeito
devido. Quase todos os
irmãos que se congregam
nesta praça trazem
mutilações que a
perversidade lhes impôs
ou são portadores de
sentimentos tigrinos
que petições comoventes
mal encobrem. E, com
semelhantes disposições,
não resistem ao impacto
da claridade dominante,
dosada em fotônios
específicos a se
caracterizarem por
determinado teor
eletromagnético,
indispensável à garantia
de nossa casa". E
ajuntou: "Muitos de
nossos irmãos, aqui
desarvorados, clamam,
com a boca, que anseiam
pelas vantagens da
prece, na intimidade do
santuário; no entanto,
por dentro, lá
estimariam tripudiar
sobre o nome sublime de
nosso Pai Celeste, no
culto à ironia e à
blasfêmia. Para que não
tumultuem a atmosfera
divina que nos cabe
oferecer à oração pura e
reconfortante,
recomendam nossos
orientadores que a luz
permaneça graduada
contra distúrbios e
prejuízos facilmente
evitáveis". (Capítulo
12, pp. 164 e 165)
78. O caso Marina
- Hilário estava
surpreso. Queria Silas
dizer que somente a
sincera compunção da
alma podia entrar em
sintonia com as forças
eletromagnéticas
imperantes no Templo?
"Exatamente, assim é",
respondeu Silas. O
Templo permanecia de
braços abertos à
provação e ao
sofrimento, mas não à
rebeldia e ao desespero.
Não fosse assim, estaria
ele condenado ao
aniquilamento e ao
descrédito. No átrio,
muitos Espíritos
imploravam socorro a
Silas, que os fitava,
compadecido, mas sem se
deter. Foi então que
ansiosa e apressada
mulher o chamou
nominalmente:
"Assistente Silas!
Assistente Silas!..."
Era Luísa, uma senhora
desencarnada, com sinais
de grande angústia, que
clamava sem preâmbulos:
"Socorro!... Socorro!...
Minha filha, minha pobre
Marina esmorece... Tenho
lutado com todas as
minhas forças para
furtá-la ao suicídio,
mas agora me sinto
enfraquecida e
incapaz..." A infeliz,
então ajoelhada, ergueu
os olhos lacrimosos e
rogou: "Assistente,
perdoe-me a insistência
em falar-lhe de meu
infortúnio, mas sou
mãe... Minha
desventurada filha
pretende matar-se esta
noite, comprometendo-se,
ainda mais, com as
trevas da sua
consciência!..." Silas
aconselhou-lhe
retornasse de imediato
ao lar terreno e
explicou aos amigos que
Marina era uma
companheira da Mansão,
reencarnada havia quase
trinta anos, sob os
auspícios do instituto.
Tratava-se de um caso de
débito agravado, que
requeria máxima atenção
e o necessário auxílio.
Hilário estava
impressionado com o
número de mulheres em
trabalho de oração e
assistência naquelas
paragens, o que mereceu
de Silas o seguinte
comentário: "Raras
esposas e raras mães
demandam às regiões
felizes sem os doces
afetos que acalentam no
seio... O imenso amor
feminino é uma das
forças mais respeitáveis
na Criação divina". O
grupo dirigiu-se, em
seguida, à Crosta e logo
chegou a pequena moradia
constituída de três
peças desataviadas e
estreitas. Era a casa de
Marina, onde, num quarto
humilde, uma menina de
dois a três anos
choramingava, inquieta,
sendo possível ver nos
seus olhos esgazeados e
inconscientes o estigma
dos que foram marcados
por irremediável
sofrimento ao nascer.
(Capítulo 12, pp. 166 e
167)
79. Um suicídio
frustrado -
Marina, de joelhos,
beijava sofregamente a
filhinha, mostrando a
indefinível angústia dos
que se despedem para
sempre. Em seguida,
tomou de um copo em que
se encontrava o veneno.
Antes, porém, de levá-lo
à boca, eis que Silas
lhe disse em voz segura:
"Como podes pensar na
sombra da morte, sem a
luz da oração?" A
infeliz não lhe ouviu a
pergunta, mas a frase
invadiu-lhe a cabeça
qual rajada violenta;
seus olhos ganharam novo
brilho e o copo
tremeu-lhe nas mãos,
então indecisas. Silas
estendeu-lhe os braços,
envolvendo-a em fluidos
anestesiantes de carinho
e bondade. Dominada de
novos pensamentos,
Marina recolocou o
recipiente no lugar de
antes e, sob a vigorosa
influência do
Assistente, levantou-se
automaticamente,
estirando-se no leito,
em prece: "Deus meu, Pai
de Infinita Bondade,
compadece-te de mim e
perdoa-me o fracasso!
Não suporto mais... Sem
minha presença, meu
marido viverá mais
tranquilo no leprosário
e minha desventurada
filhinha encontrará
corações caridosos que
lhe dispensem amor...
Não tenho mais
recursos... Estou
doente..." Silas
administrou-lhe passes
magnéticos de prostração
e, induzindo-a a ligeiro
movimento do braço, fez
que ela mesma, num
impulso irrefletido,
batesse com força no
copo, derramando o
líquido letal.
Reconhecendo no próprio
gesto impensado a
manifestação de uma
força estranha a
entravar-lhe a
possibilidade da morte
deliberada, ela passou a
orar em silêncio, com
evidentes sinais de
temor e remorso, atitude
mental essa que lhe
acentuou a passividade e
da qual se valeu Silas
para conduzi-la ao sono
provocado. O Assistente
emitiu forte jacto de
energia fluídica sobre o
córtex encefálico dela,
e a moça, sem conseguir
explicar o torpor que
lhe invadia o campo
nervoso, deixou-se
adormecer pesadamente.
Silas informou, então,
que Marina viera da
Mansão para auxiliar
Jorge e Zilda, dos quais
se fizera devedora. No
século passado, ela se
interpusera entre os
dois, quando
recém-casados,
impelindo-os a
deploráveis leviandades
que lhes valeram
angustiosa demência na
erraticidade. Depois de
longos padecimentos,
permitiu o Senhor que
os três renascessem no
mesmo quadro social,
para o trabalho
regenerativo. Marina, a
primogênita do lar de
Luísa, recebera a
incumbência de tutelar
Zilda, a irmã menor, que
assim se desenvolveu ao
calor de seu fraternal
carinho, até que, no
caminho de ambas,
apareceu Jorge.
(Capítulo 12, pp. 168 e
169)
(Continua no próximo
número.)