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Crônicas e Artigos

Ano 5 - N° 221 - 7 de Agosto de 2011

JOSÉ REIS CHAVES
jreischaves@gmail.com
Belo Horizonte, MG (Brasil)
 

Nós somos deuses mais amados por Deus do que
Ele por nós
     


Para o Nazareno, Deus é Pai Dele e de todos nós. E é assim que oramos no Pai Nosso. E Deus é maior do que Jesus (João 14:28), que reclamou com seus discípulos, dizendo: “Por que me chamais bom? Ninguém é bom, senão um só, que é Deus” (Marcos 10:18).

E o Mestre dos mestres jamais ensinou que Ele era Deus, mas sempre que Ele era apenas Filho de Deus, e que nós também o somos. E Paulo afirma de modo categórico que Jesus não é mesmo Deus: “Há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1 Timóteo 2: 5).

Mas, se até nós somos chamados pela Bíblia de deuses (Salmo 82:6; e João 10:34), por que Jesus não poderia ser também Deus? Podemos dizer que há dois tipos de deuses: o absoluto, único, e que Jesus chamou de seu Pai e nosso Pai, e os inúmeros deuses relativos, que somos todos nós, inclusive Jesus. E Deus habita em nós (Romanos 8:8). E em Jesus a Divindade habitou plenamente (Colossenses 2:9), ou seja, o máximo possível que Deus pode habitar em um ser humano. Isso mesmo mostra que Jesus não é Deus absoluto, pois Deus habitou também Nele, como habita em nós. De fato, há um só Deus absoluto, o Pai, que os orientais denominam de Brâman, enquanto que, para eles, os orientais, os outros deuses são secundários (relativos), o que nos mostra que, na verdade, os orientais não são politeístas, como foi ensinado pelos teólogos ocidentais antigos, mas monoteístas. Os orientais destacam a magnitude de Brâman, dizendo até que Dele nada pode ser dito e que é o Único.

Como ficam os teólogos ocidentais diante disso, insistindo em que Jesus é Deus e que, também, o Espírito Santo o é? Quais teólogos seriam politeístas, os orientais ou os ocidentais? Que os teólogos ocidentais de hoje, corajosamente, reflitam sobre esse imbróglio que seus colegas do passado criaram, o que, ao longo dos séculos, lamentavelmente, vem prejudicando seriamente o cristianismo, mormente agora no Terceiro Milênio, quando a teologia não pode mais ir de encontro à ciência e à razão, ou seja, à verdade, pois chegou a hora de todos saberem o que é o conhecimento da verdade que nos libertará (João 8:32). 

Deixando de lado os pormenores teológicos sobre a adoração, dizemos que ela é uma ação de amor máximo à Divindade. Adoração deriva-se de duas palavras latinas: “ad”, preposição que significa “junto de”, e “oratione”, do ablativo latino, e que quer dizer “oração”. Adoração tem, pois, pela etimologia, o significado de “oração junto de”, no caso, de Deus. Porém tomemo-la simplesmente por amor. Mas a nossa capacidade de amar a Deus é finita, limitada. Ademais, por sermos imperfeitos, nós nunca fazemos o máximo que podemos fazer em nossas atividades, quaisquer que sejam elas. Daí amarmos mal a Deus.

E estamos diante de paradoxos. Como Deus nos ama também infinitamente, isto é, sem medida, Ele nos ama mais do que nós O amamos com nosso amor finito e imperfeito, quando nós é que deveríamos amar mais a Deus do que Ele nos ama.

Religião é também um meio de amar a Deus, a nós e aos nossos semelhantes. Então, é como se Deus tivesse também uma religião, pois Ele, Deus, se ama a si próprio, como Ele nos ama a nós seus semelhantes.

Mas, se o amor de Deus para conosco é também infinito, ou seja, sem medida, é como se Ele próprio estivesse sendo idólatra!


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita