ANGÉLICA
REIS
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Londrina, Paraná
(Brasil) |
O Espiritismo perante a
Ciência
Gabriel
Delanne
(Parte
16)
Damos continuidade nesta edição
ao
estudo do livro O
Espiritismo perante a
Ciência,
de Gabriel Delanne,
conforme
tradução da obra
francesa Le
Spiritisme devant la
science,
publicada originalmente
em Paris em 1885.
Questões preliminares
A. Os fenômenos
observados são
governados por uma
inteligência?
Segundo Crookes, sim.
Eis o que ele escreveu:
“Desde o princípio de
minhas investigações,
verifiquei que o poder
causador desses
fenômenos não era
simplesmente uma força
cega; uma
inteligência o dirigia
ou, pelo menos, lhe
estava associada. Assim,
os ruídos de que acabo
de falar foram repetidos
um determinado números
de vezes; tornaram-se
fortes ou fracos e, a
meu pedido, ressoaram em
diversos lugares. Por um
vocabulário de sinais,
previamente
convencionados, houve
resposta a perguntas
feitas e mensagens
apresentadas, com maior
ou menor exatidão”. (O Espiritismo perante a Ciência, Terceira Parte, Cap. II
- As teorias dos
incrédulos e o
testemunho dos fatos.)
B. O pensamento de que
são os Espíritos os
causadores dos fenômenos
partiu de quem?
De ninguém. Essa
concepção não é uma
invenção humana, porque,
sempre que se
manifestava uma
inteligência e se lhe
perguntava quem era, ela
constantemente respondia
ser a alma de uma pessoa
que habitara na Terra.
Pode, obviamente,
parecer ridículo
colocar-se alguém diante
de uma mesa e acreditar
que um dos seus finados
parentes venha conversar
por meio desse móvel. É
isto, porém, uma
verdade.
(Obra citada, Terceira Parte, Cap. II - As teorias dos
incrédulos e o
testemunho dos fatos.)
C. Como se explica, no
magnetismo, o fenômeno
da transmissão do
pensamento?
Segundo Delanne, a
transmissão do
pensamento é um fenômeno
que se opera do
magnetizador ao
magnetizado. Em certos
casos, o magnetizador
não tem necessidade de
enunciar mentalmente sua
vontade para se fazer
obedecer; basta-lhe
pensar e o sonâmbulo
executa a ordem que
recebeu, ou responde à
pergunta que se lhe fez.
Estabelece-se, pela ação
magnética, uma corrente
fluídica entre os dois
sistemas nervosos, de
sorte que as vibrações
emanadas do cérebro do
magnetizador
impressionam, de maneira
sensível, o do
magnetizado e lhe fazem
nascer no espírito as
mesmas ideias do
operador. Tal é, pelo
menos, a teoria
apresentada para esse
fato notável.
(Obra citada, Terceira Parte,
Cap. II - As teorias dos
incrédulos e o
testemunho dos fatos.)
Texto para leitura
400. Chevreul, o químico, não foi mais feliz em
suas tentativas. Ele
publicou uma brochura
intitulada La
baguette divinatoire et
les tables tournantes
– na qual expõe os
princípios seguintes: 1º
- Um pêndulo em ação,
suspenso ao lado de uma
parede, comunica seu
movimento de oscilação a
um segundo pêndulo
suspenso do outro lado
da parede. 2º - A
fricção produzida na
extremidade de uma barra
de ferro faz vibrar a
outra extremidade. 3º -
A resultante das forças
digitais de muitas
pessoas, que atuam
lateralmente, pode
vencer a inércia da
mesa. Como se vê, é
sempre a mesma teoria,
sob nomes diversos. Mas
existem fatos, como
mostrados por Crookes,
inexplicáveis por tais
ideias, do que é força
concluir que, não
admitindo a Ciência o
fluido magnético, é ela
incapaz de indicar a
força que produz esses
fatos extraordinários.
401. Existe uma segunda categoria de
observadores que veem no
movimento das mesas
efeitos magnéticos que
se exercem de maneira
desconhecida. Acha-se
entre estes Thury,
professor da Academia de
Genebra, e Gasparin, que
publicaram obras cheias
de observações curiosas.
Segundo Thury, os fatos
verificados são devidos
à influência de uma
força que ele chama
ectênica, exercida a
distância, e que pode
produzir, sob a
influência da vontade,
ruídos e deslocamentos
de objetos, e, por
consequência, manifestar
inteligência. Gasparin é
dessa opinião.
402. Deixemos a palavra aos fatos, porque, como
o diz Alfred Wallace,
“são eles coisas
teimosas”.
403. Declara Crookes, em seguimento às suas
notas sobre as pancadas:
“Questão importante se
impõe aqui à nossa
atenção: Esses
movimentos e esses
ruídos são governados
por uma inteligência?
Desde o princípio de
minhas investigações,
verifiquei que o poder
causador desses
fenômenos não era
simplesmente uma força
cega; uma
inteligência o dirigia
ou, pelo menos, lhe
estava associada. Assim,
os ruídos de que acabo
de falar foram repetidos
um determinado números
de vezes; tornaram-se
fortes ou fracos e, a
meu pedido, ressoaram em
diversos lugares. Por um
vocabulário de sinais,
previamente
convencionados, houve
resposta a perguntas
feitas e mensagens
apresentadas, com maior
ou menor exatidão.”
404. Até aqui os partidários da força ectênica
ou psíquica (é a mesma
coisa) podem em rigor
explicar esses
fenômenos. Podem dizer
que, quando se deseja
vivamente alguma coisa,
projeta-se uma espécie
de descarga nervosa que
produz os ruídos
desejados. Tal suposição
é, porém, dificilmente
admissível quando se
obtêm “gorjeios de
pássaros”.
405. Continuando suas notas sobre os fenômenos,
aduziu William Crookes:
“A inteligência que
governa esses fenômenos
é, algumas vezes,
manifestamente inferior
à do médium e, muitas
vezes, em oposição
direta com seus desejos.
Quando se tomava uma
determinação que podia
ser considerada como
pouco razoável, vi
darem-se instantes
mensagens, induzindo-nos
a refletir de novo. Essa
inteligência é, por
vezes, de tal caráter
que somos forçados a
crer que não emana de
nenhum dos presentes.”
406. A última frase do texto acima destrói a teoria de
Thury, porque, se a
força nervosa não é
dirigida pela vontade do
operador e dos
espectadores, é preciso
admitir uma inteligência
estranha, isto é, a
intervenção dos
Espíritos. Ora, é
incontestável que se a
mesa dá respostas sobre
assuntos desconhecidos
dos assistentes ou
contrários aos seus
pensamentos, não é deles
que partem as respostas.
Como é preciso, porém,
que elas sejam dadas por
alguém, atribuímo-las a
uma inteligência oculta
que vem manifestar-se.
407. Essa concepção não é uma invenção humana,
porque, sempre que se
manifestava uma
inteligência e se lhe
perguntava quem era, ela
constantemente respondia
ser a alma de uma pessoa
que habitara na Terra.
408. Pode parecer ridículo colocar-se alguém
diante de uma mesa e
acreditar que um dos
seus finados parentes
venha conversar por meio
desse móvel. É isto,
porém, uma verdade, e
entre os milhares de
fatos narrados pelos
mais honoráveis homens
de ciência citaremos a
seguinte carta de Alfred
Wallace, não só por ser
particularmente
probante, como porque o
autor está acima de
qualquer suspeita.
409. Eis a carta de Alfred Russel Wallace
dirigida ao editor do
Times: “Senhor.
Apontado por muitos de
vossos correspondentes
como um dos homens de
ciência que creem no
Espiritismo, seja-me
permitido estabelecer,
ligeiramente, as provas
sobre as quais se funda
minha crença. Comecei
minhas investigações há
cerca de oito anos, e
considero circunstância
feliz para mim que os
fenômenos maravilhosos
fossem, nessa época,
menos comuns e muito
menos acessíveis que
hoje; isto me levou a
experimentá-los em larga
escala, na minha casa e
em companhia de amigos,
nos quais podia confiar.
Tive, assim, a
satisfação de
demonstrar, com o
auxílio de grande
variedade de
experiências rigorosas,
a existência de ruídos e
movimentos que não
podem ser explicados por
nenhuma causa física
conhecida ou concebível.
Assim, familiarizado com
esses fenômenos, cuja
realidade não deixa a
menor dúvida, estive em
condições de compará-los
com as mais poderosas
manifestações de médiuns
de profissão e pude
reconhecer a identidade
de causa entre uns e
outros, em vista de
semelhanças não muito
numerosas, mas bastante
características.
Consegui igualmente
obter, graças a paciente
observação, provas
certas da realidade de
alguns fenômenos dos
mais curiosos, que me
pareceram e ainda me
parecem dos mais
concludentes. Os
pormenores dessas
experiências exigiriam
um volume, mas talvez me
fosse permitido
descrever sucintamente
uma delas, pelas notas
tomadas no momento, a
fim de mostrar, por um
exemplo, como é possível
evitar as fraudes de que
o observador paciente é
vítima, muitas vezes,
sem o suspeitar. Uma
senhora, que nunca vira
um desses fenômenos,
pediu-nos, a minha irmã
e a mim, que a
acompanhássemos a um
médium de profissão, bem
conhecido Lá fomos e
tivemos uma sessão
particular, em plena
claridade, por um dia de
verão. Depois de grande
número de movimentos e
pancadas, como de
hábito, nossa amiga
perguntou se o nome da
pessoa falecida, com
quem desejava
comunicar-se, podia ser
soletrado. Sendo
afirmativa a resposta, a
senhora apontou,
sucessivamente, as
letras de um alfabeto
impresso, enquanto eu
anotava as que
correspondiam às três
pancadas afirmativas.
Nem minha irmã nem eu
conhecíamos o nome que
nossa amiga desejava
saber, como ignorávamos
o de seus defuntos pais;
não pronunciara ela o
próprio nome e nunca
havia visto o médium
antes.”
410. Wallace descreveu, na sequência da carta, o
que se passou, alterando
apenas o nome da
família, por não ter
autorização para
publicá-lo, e no final,
após diversas
considerações sobre o
tema tratado, finalizou
nestes termos a missiva:
“Para concluir (aviso a
Bersot), posso dizer
que, apesar de ter
ouvido falar em grande
número de embustes,
nunca os descobri; e se
a maior parte dos
fenômenos
extraordinários são
burlas, só podem ser
produzidos por máquinas
ou aparelhos engenhosos,
e estes ainda não foram
descobertos. Não exagero
declarando que os
principais fatos estão
agora bem estabelecidos
e são tão fáceis de
estudar como qualquer
outro fenômeno
excepcional da natureza,
cuja lei ainda não se
conhece. São fatos de
grande importância estes
para a interpretação da
História, cheia de casos
semelhantes, assim como
para o estudo do
princípio da vida e da
inteligência sobre o
qual as ciências físicas
lançam fraca e incerta
luz. Creio firme,
convictamente, que cada
ramo da filosofia deve
ser permitido, até que
seja escrupulosamente
examinado e tratado como
constituindo parte
essencial dos fenômenos
da natureza humana. Seu
muito respeitador Alfred
R. Wallace.”
411. Certo número de
observadores, não
podendo negar os
fenômenos nem as
respostas inteligentes
dadas pela mesa, mas
recusando
categoricamente admitir
uma intervenção
espiritual, imaginaram
que os operadores emitem
certa quantidade de
fluido nervoso, o qual,
concentrado na mesa, lhe
comunica o movimento. “É
notório – diz um deles –
que as respostas das
mesas não passam do eco
das respostas mentais
dos assistentes”, e
Chevreul acrescenta: “É
fácil conceber
que uma pergunta
dirigida à mesa possa
despertar, na pessoa que
o faz, um movimento
cerebral, e este, que
não é mais do que o do
fluido nervoso, possa
propagar-se à mesa; daí
resulta que se o impulso
for proporcionado,
inteligente, a mesa o
repetirá.”
412. Observaremos ao eminente químico que o caso
citado por Wallace está
em oposição formal à sua
explicação. Supondo-se,
mesmo, que a senhora que
evocava o filho lhe
tivesse invocado
mentalmente o nome, é
impossível compreender
como foi esse nome
ditado em sentido
contrário, sem
hesitação, e, sobretudo,
como a ação não cessou,
quando a senhora
declarara, à terceira
letra, que era inútil
continuar, por não terem
significação as letras
apresentadas. Deve-se
convir que Chevreul não
é feliz com suas
explicações,
proximamente aparentadas
com as de Bersot.
413. A transmissão do pensamento é um fenômeno que se
opera do magnetizador ao
magnetizado. Em certos
casos, o magnetizador
não tem necessidade de
enunciar mentalmente sua
vontade para se fazer
obedecer; basta-lhe
pensar e o sonâmbulo
executa a ordem que
recebeu, ou responde à
pergunta que se lhe fez.
Aqui pode conceber-se o
que se passa.
414. Estabelece-se, pela ação magnética, uma
corrente fluídica entre
os dois sistemas
nervosos, de sorte que
as vibrações emanadas do
cérebro do magnetizador
impressionam, de maneira
sensível, o do
magnetizado e lhe fazem
nascer no espírito as
mesmas ideias do
operador. Tal é, pelo
menos, a teoria
apresentada para esse
fato notável.
415. Nas mesas girantes, porém, não são as
mesmas as condições. Se
supusermos muitas
pessoas em torno da
mesa, como o narra
Wallace, como se fará o
acordo entre os fluidos
e as vibrações de todos
esses cérebros? O da
senhora evocadora achava
o fenômeno impossível,
enquanto o de Wallace o
supunha possível: em
verdade, aquela suposta
explicação é
inaceitável. (Continua no próximo
número.)