Nos Bastidores da
Obsessão
Manoel Philomeno de
Miranda
(Parte
15)
Damos prosseguimento ao
estudo do livro Nos
Bastidores da Obsessão,
de Manoel Philomeno de
Miranda, obra
psicografada por Divaldo
P. Franco e publicada no
ano de 1970 pela Editora
da FEB.
Questões preliminares
A. Qual a utilidade das
vicissitudes e aflições
da vida?
As vicissitudes, a dor e
as aflições da vida são,
para muitos, uma forma
de resgate do seu
passado delituoso e, em
alguns casos, medidas
preventivas impeditivas
de danos maiores na
economia do progresso.
Situações existem em que
somente a doença pode
ensejar a oportunidade
de reflexão e
transformação das
ideias.
(Nos Bastidores da
Obsessão, cap. 12 e 13,
pp. 228 a 231.)
B. Onde dona Rosa Soares
adquiriu tanta paciência
com o marido?
A paciência de Dona Rosa
Soares em face dos
desmandos do Sr. Mateus
era, de fato, coisa
incomum. A explicação
disso veio dos
Espíritos. Ela foi-lhe
mãe descuidada em
existência próxima, no
passado. Acompanhando-o
da Espiritualidade, de
queda em queda,
acumpliciada com os
pesados débitos da
última existência,
apiedada, ela rogou a
oportunidade de ser-lhe
esposa, recebendo nos
braços como filhos os
inimigos de ambos, para
então, pelo exemplo da
paciência, da humildade
e da submissão,
ressarcir o crime da
irresponsabilidade junto
a ele e chamá-lo à
observância dos deveres
de que se descurara
acintosamente.
(Obra citada, cap. 13,
pp. 234 e 235.)
C. Que fato levou Mateus
Soares de novo ao
hospital?
Enquanto Mariana se
equilibrava com suas
atividades na Casa
espírita, Marta
continuava nas suas
aventuras quimbandistas,
o que levou sua mãe a
admoestá-la, certa
noite, quando ela
retornava ao lar. A
resposta da filha foi
imprevisível. Possessa e
desrespeitosa, agrediu
moralmente Dona Rosa com
palavras fortes e azedas
e, furiosa, tentou
agredi-la fisicamente.
Mateus Soares, acordado
subitamente, ouvindo a
balbúrdia que se fizera
na casa, levantou-se de
seu leito, colérico,
armado com uma acha
ameaçadora, mas, a
poucos passos, cambaleou
e tombou ao solo. A
ferida cirúrgica voltou
a sangrar e, por isso,
foi levado de novo ao
Pronto Socorro, onde
lutaria pela
sobrevivência, com
diagnóstico de embolia
cerebral.
(Obra citada, cap. 13,
pp. 235 a 242.)
Texto para leitura
73. A
bênção do resgate
- Ante a aflição de
alguém é comum querermos
saber qual seria a sua
causa, parecendo-nos
injustos os sofrimentos
de pessoas que se
enobrecem pelo trabalho
e que alçam voo às
regiões do amor. Todos
esses Espíritos, porém,
rogaram a oportunidade
do resgate no passado,
quando se acreditavam
capazes. Nem sempre,
contudo, quando o
solicitaram, possuíam as
necessárias resistências
para produzi-los. Vindo
as aflições somente
agora, quando amam e
servem, produzem e
ajudam, dispõem do largo
patrimônio do amor e da
resignação, do
conhecimento e da
esperança, para
diminuir-lhes o peso do
fardo. A prova chega
quando o aluno realizou
o curso, obviamente,
como consequência
natural para a
verificação da
aprendizagem. Noutros
casos, porém, a
enfermidade e a dor são
medidas preventivas
impeditivas de danos
maiores na economia do
progresso. O próprio
amor, após examinar os
recursos e as
possibilidades de
determinados pacientes
da alma,
impossibilita-os de
caírem em danos mais
graves, resolvendo que,
por enquanto, para a
melhora de suas
aquisições, só a doença
lhes ensejará a
oportunidade da reflexão
e da transformação das
ideias. Diante, pois,
dos sofredores, não nos
apressemos em revelações
aventureiras quanto às
suas causas.
Valorizemos, sim, a
bênção do resgate, a
lição viva para
aprendizagem valiosa e
submetamo-nos,
tranquilos, aos
impositivos da Lei.
Seguros de que tudo
obedece a Planificação
Superior, sejamos o
irmão da caridade, do
amor e da compaixão, e
envolvamos os sofredores
que nos buscam nos
tecidos de nossa prece e
dos sentimentos bons,
ajudando e passando. A
Lei a todos nos
alcançará... (Cap. 12,
págs. 228 e 229)
74. A
atmosfera psíquica do
Sr. Mateus
- Após quinze dias de
internamento no Hospital
do Pronto Socorro, o Sr.
Mateus foi levado para o
lar, com expressivos
sinais de breve
recuperação orgânica. Em
sua mente, porém,
impressionava a carga de
ódio que destilava.
Irreligioso,
temperamento rebelde,
ele sempre descurara dos
deveres espirituais para
consigo mesmo. Tendo
sido excelente artista
no passado, recebia
agora uma magra pensão
do Montepio a que se
vinculara, uma vez
considerado inapto para
prosseguir na profissão.
À medida que a
decrepitude das forças
se aproximava e temeroso
da morte, ele fazia-se
mais azedo, quase
insuportável. Açulado
pelos Espíritos afins,
ameaçara expulsar do
lar, quando necessitava
de dinheiro para suas
aventuras, a esposa
abnegada e as filhas. O
ambiente doméstico, com
sua presença, se fazia
pestilencial pelas
emanações fluídicas
abundantes que ali
campeavam desordenadas.
Com a mente viciada por
longos anos de
desequilíbrio, Mateus
sintonizava na faixa do
despautério moral e se
permitia o conúbio com
seus antigos comparsas,
apresentando-se
irredutível nos pontos
de vista, na conduta e
nas atitudes. José
Petitinga, inspirado por
Saturnino, lhe falou
então sobre os deveres
do perdão como normativa
da própria felicidade e
suas palavras parecem
produzir um efeito
favorável em Mateus.
(Cap. 13, págs. 231 a
234)
75. Revelações do
passado - A
paciência de Dona Rosa
Soares em face dos
desmandos do Sr. Mateus
era coisa incomum. A
explicação disso veio
dos Espíritos. Ela
foi-lhe mãe descuidada
em existência próxima,
no passado.
Acompanhando-o da
Espiritualidade, de
queda em queda,
acumpliciada com os
pesados débitos da
última existência,
depois de sua fuga para
a Bélgica, que redundou
em homicídio nefando,
ela, apiedada, rogou a
oportunidade de ser-lhe
esposa, recebendo nos
braços como filhos os
inimigos de ambos, para,
então, pelo exemplo da
paciência, da humildade
e da submissão,
ressarcir o crime da
irresponsabilidade junto
a ele e chamá-lo à
observância dos deveres
de que se descurara
acintosamente. Hoje, sua
folha de méritos era
apreciável. O martírio
maternal que tem
experimentado na atual
conjuntura consagrara-a
nesta vida,
reabilitando-a da
negligência de
equivalente compromisso
no passado... (Cap. 13,
págs. 234 e 235)
76. Lamentável
incidente -
Mariana estava se
revelando dedicada
cooperadora na Casa
espírita. Amália, fiel
cumpridora de seus
deveres de filha e irmã,
era excelente servidora,
ganhando fora do lar em
trabalho modesto e
honrado o pão com que
ajudava na manutenção
dos demais familiares.
Marta, contudo, embora
fosse a mais velha das
filhas, continuava nas
suas aventuras
quimbandistas, o que
levou sua mãe a
admoestá-la, certa
noite, quando retornava
ao lar. A resposta da
filha fora imprevisível.
Possessa e
desrespeitosa, agrediu
moralmente Dona Rosa com
palavras fortes e azedas
e, furiosa, tentou
agredi-la fisicamente, o
que não conseguiu,
graças à interferência
providencial de Amália e
Mariana, que lhe vieram
em auxílio. O Sr.
Mateus, acordado
subitamente, ouvindo a
balbúrdia que se fizera
na casa, levantou-se de
seu leito, colérico,
armado com uma acha
ameaçadora, mas, a
poucos passos, cambaleou
e tombou ao solo... A
ferida cirúrgica voltou
a sangrar e ele foi
levado, com urgência, ao
Pronto Socorro, onde
lutava pela
sobrevivência do corpo,
com diagnóstico de
embolia cerebral. O Sr.
Mateus passaria vários
meses no leito,
imobilizado por uma
paralisia parcial. (Cap.
13, págs. 235 a 238)
77. A
renovação de Marta
- Possessa pelo ódio
surdo, Marta
recolhera-se ao quarto,
dele recusando-se a
sair, mesmo sabendo do
que sucedera ao pai.
José Petitinga a visitou
e lhe disse da
importância de vivermos
em paz com nossos
familiares. Ela, porém,
reagiu negativamente às
palavras do notável
espiritista baiano, que,
no entanto, a chamou à
responsabilidade e lhe
mostrou a insuficiência
dos recursos espirituais
votados ao mal. "Tais
Espíritos, minha filha,
não são Guias: são cegos
arrastando cegos ao
abismo em que todos se
precipitarão", disse-lhe
Petitinga. Marta
replicou dizendo que
eles têm a força e
libertam as vítimas da
obsessão pelo uso dessa
força, ao contrário dos
espiritistas, que nada
podem. O benfeitor
baiano retrucou dizendo
que a violência não
liberta e a força não
convence. "A vitória do
poder da força é
ilusória, porque ela
mesma gera a força da
reação que a destrói",
asseverou Petitinga, que
fez uma longa digressão
sobre os métodos da luz,
comparados com os
métodos das trevas. "Uma
gota de luz vence a
treva; todavia, a
abundância da segunda
nada consegue em relação
à primeira... A
impiedade nada produz",
afirmou-lhe o apóstolo
do Espiritismo na Bahia.
E, após um longo
diálogo, viu-se que o
poder dos argumentos e a
força moral do velho
doutrinador acalmaram a
atormentada, que, após
uma oração feita por
Miranda e passes
ministrados por
Petitinga, agradeceu
emocionada,
comprometendo-se a
visitar o pai e a
meditar nas novas
diretrizes que se lhe
deparavam naquelas
dolorosas
circunstâncias. (Cap.
13, págs. 238 a 242)
Frases e apontamentos
importantes
CLVIII. (...) A obsessão
decorre sempre de uma
imperfeição moral, que
dá ascendência a um
Espírito mau. A uma
causa física, opõe-se
uma força física; a uma
causa moral preciso é se
contraponha uma força
moral. (Allan Kardec, em
"A Gênese", cap. XIV,
citado por Manoel P. de
Miranda, cap. 14, pág.
248)
CLIX. Em todos os casos
de obsessão, a prece é o
mais poderoso meio de
que se dispõe para
demover de seus
propósitos maléficos o
obsessor. (Kardec, em "A
Gênese", cap. XIV,
citado por Manoel P. de
Miranda, cap. 14, pág.
248)
CLX. Como qualquer outra
faculdade psicológica ou
função fisiológica, a
mediunidade requer
cuidados especiais,
atendimento a requisitos
próprios e condições
específicas que lhe
facultem a educação e o
desdobramento de
recursos, para atender
às finalidades a que se
destina. Nesse sentido,
"O Livro dos Médiuns",
de Allan Kardec, é,
ainda, o melhor roteiro
para médiuns e pessoas
que desejem conhecer as
faculdades medianímicas
do homem, como
conduzi-las e com elas
operar, os perigos da má
prática mediúnica,
etc.... (Manoel P. de
Miranda, cap. 14, pág.
248)
CLXI. O que ocorre
normalmente nesses
chamados
desenvolvimentos
instantâneos, em grupos,
mecânicos, pertence aos
capítulos da Sugestão,
do Animismo, dos
Condicionamentos
psicológicos e até mesmo
aos estados de nevrose.
Resguardem-se, no
cuidadoso estudo e na
carinhosa observação
vigilante, os que
desejam reais e
proveitosos resultados
da mediunidade e da sua
prática, sem
precipitação, sem
exigências,
melhorando-se moral e
espiritualmente, os
médiuns e os
experimentadores
honestos, a fim de se
credenciarem à
assistência dos Bons
Espíritos. (Manoel P. de
Miranda, cap. 14, pág.
248)
CLXII. O momento de
renovação ocorre como
instante de dor: o ar
que penetra no pulmão do
recém-nascido,
ensejando-lhe a vida
extra-uterina,
provoca-lhe, também, a
sensação da dor... Assim
também, o ar balsâmico
do Cristo, em lhe
penetrando a alma, rompe
a couraça da sombra que
a envolvia e a claridade
rutilante da vida nova
lhe produz,
compreensivelmente,
angústia passageira e
passageira apreensão.
(José Petitinga, falando
a Marta, cap. 14, pág.
249)
CLXIII. Uma atitude
honesta faz-se
acompanhar de fluidos
convincentes, que
envolvem, poderosos,
aqueles a quem nos
dirigimos. (...) Não há
força que tenha mais
força do que a força do
amor... (José Petitinga,
cap. 14, pág. 250)
CLXIV. É evidente que a
messe de luz muito
favorece a riqueza da
arca que a recebe. (...)
A palavra evangelizante
dirigida a ele atenderá,
também, aos sofredores
espirituais que
porventura se lhe
vinculem por esta ou
aquela razão. Numa casa
onde se acende a
claridade do Evangelho,
erguem-se defesas
poderosas, impedindo a
invasão das forças
desagregadoras da
erraticidade inferior.
Quando um grupo ora,
unido nos liames da
comunhão pela prece,
estabelecem-se
resistências capazes de
suportar as descargas da
agressão da maldade
originada num ou noutro
plano da vida. A prece e
a lição edificante
transformam-se em
potentes ondas de
energia vivificadora que
beneficia todos os que
delas participam. (José
Petitinga, falando a
Mariana, cap. 14, págs.
252 e 253)
CLXV. O Universo todo
são permutas. A ideia
que o homem plasma e
cultiva, exterioriza e
difunde, traduz o seu
estado, a sua altura
moral e espiritual. Ora,
sintonizados com a ideia
da Vida Excelsa,
plasmaremos imagens
superiores e viveremos
emoções vitalizantes que
nos esboçarão os
pródromos da paz
interior que, por fim,
nos dominará. (José
Petitinga, cap. 14, pág.
253)
CLXVI. Todo compromisso
que assumimos
espontaneamente merece
consideração. No
entanto, só um
compromisso nos parece
verdadeiro,
irreversível: o que
temos para nós próprio,
para com a nossa
evolução. Esse é
intransferível,
inderrogável. (José
Petitinga, cap. 14, pág.
254)
CLXVII. As Entidades que
se nos vinculam ou com
as quais nos imanamos
tornam-se comensais das
nossas emanações
psíquicas, nutrindo-se
das nossas forças, como
ocorre nas obsessões.
Aliás, em todo processo
em que há uma vinculação
constringente de um
desencarnado sobre um
encarnado, ou
vice-versa, deparamo-nos
com uma obsessão em
curso ou, quando menos,
com uma fascinação a
caminho do desastre
obsessivo. A expressão
"desfazer os vínculos"
deve ser substituída por
"modificar as
vinculações", porque em
verdade você não deseja
abandoná-los, mas
libertar-se do erro em
que eles se demoram,
para jornadear na busca
da harmonia que lhe faz
falta. (José Petitinga,
falando a Marta, cap.
14, pág. 254)
(Continua no próximo
número.)