Nem tudo é silêncio
Fábio Montenegro
Contempla o campo
agreste... Eis a tela
soturna
Do imenso chapadão a
perder-se de vista...
Mas se tudo é deserto e
tristeza na crista,
Sob a terra que dorme, a
semente se enfurna.
Da cova pequenina,
improvisada urna,
Anônima e largada à lama
que a contrista,
A árvore ao sol com
beleza imprevista,
Vencendo a expectação da
gleba taciturna...
Ausculta, assim também,
a solidão da lousa...
Nem fala que a revele ou
força que a
transporte...
Tudo aparente inércia ao
lodo em que se olvida!
Entanto, à plena sombra,
em que a cinza repousa,
Onde se junge o caos à
escuridão da morte,
Emerge, soberana, a
excelência da vida...
Nascido em Santos-SP em
26 de maio de 1891,
Fábio Montenegro
desencarnou na mesma
cidade em 21 de agosto
de 1920. Como poeta,
colaborou na imprensa
santista e paulistana,
tendo sido um dos
redatores da revista O
Verso, escrita toda em
versos, inclusive os
anúncios. O soneto acima
integra o livro
Antologia dos Imortais,
obra psicografada por
Francisco Cândido Xavier
e Waldo Vieira.
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